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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Ódio e violência contra o islã dilaceram região de Mianmar

Budistas queima uma mesquita no estado de Rakhine, Mianmar 

O mosteiro budista nos arredores desta cidade litorânea é o retrato da tranquilidade, com monges noviços sentados à sombra de uma árvore e o mestre deles, U Nyarna, cumprimentando um visitante numa sala de orações ensolarada.

Mas a mensagem de Nyarna destoa do preceito budista de não fazer mal a nenhum ser vivo. Sem ser provocado, ele lança uma diatribe contra os muçulmanos, descrevendo-os como invasores, hóspedes indesejados e "víboras que se escondem em nosso seio".

"De acordo com os ensinamentos budistas, não devemos matar", disse Nyarna. "Mas, quando nos sentimos ameaçados, não podemos ser santos."

A violência no Estado de Rakhine -onde choques já deixaram pelo menos 167 mortos e 100 mil pessoas, em sua maioria muçulmanas, deslocadas e sem casa- desencadeou um êxodo que foi condenado por alguns grupos de defesa dos direitos humanos como uma limpeza étnica.

É um sinal da intolerância profunda no oeste de Mianmar o fato de líderes religiosos budistas participarem da campanha para expulsar muçulmanos do país, que apenas recentemente iniciou uma transição democrática.

Depois dos ataques mortíferos dos últimos cinco meses, budistas estão reivindicando que muçulmanos que não consigam comprovar três gerações de residência legal no país -ou seja, grande parte dos quase 1 milhão de muçulmanos do Estado- sejam detidos em campos e enviados para qualquer país que se disponha a recebê-los. O ódio entre muçulmanos e budistas, refreado durante cinco décadas de governo militar, está irrestrito nos últimos meses.

Mesmo a maior voz progressista do país, Daw Aung San Suu Kyi, tem sido circunspecta em suas declarações sobre a violência. O presidente Obama priorizou o problema durante sua visita a Mianmar em novembro, e alguns países muçulmanos, incluindo a Indonésia e a Arábia Saudita, já expressaram preocupação.

Os muçulmanos que abandonaram suas casas no Estado de Rakhine estão vivendo em acampamentos que lembram favelas.

"Esse problema precisa ser resolvido urgentemente", falou o deputado muçulmano U Shwe Maung. "Sem comida ou abrigo, as pessoas vão morrer."

Líderes da maioria budista no Estado dizem que se sentem ameaçados pela população muçulmana crescente e os rituais islâmicos que consideram ofensivos, como o abate de animais.

"Temos muito medo da islamização", disse U Oo Hla Saw, secretário-geral do Partido de Desenvolvimento das Nacionalidades de Rakhine. "Essa é a terra de nossos ancestrais."

Nas explosões de violência em junho e outubro, camponeses se armaram com espadas, cassetetes e raios de bicicleta afiados que lançaram de catapultas caseiras. Nas áreas de maioria muçulmana, mosteiros budistas foram incendiados. Nas áreas de maioria budista, foram destruídas mesquitas.

O estopim da violência foi o estupro e o assassinato de uma moça budista, atribuído a muçulmanos.

O centro de Sittwe, antigo posto colonial britânico, hoje está vazio de muçulmanos, que antes trabalhavam aqui em grande número em ocupações manuais. "Tenho medo de voltar", falou Aye Tun Sein, que antes da violência era professora.

Muitos muçulmanos se dizem membros dos rohingya, um grupo étnico que não é oficialmente reconhecido em Mianmar. Pequenas comunidades muçulmanas coexistem com a maioria budista em todo o país, mas o ódio se dirige sobretudo contra os rohingya, em parte devido a seu grande número -pelo menos 800 mil, segundo as Nações Unidas. Mianmar tem 55 milhões de habitantes.

"Vivíamos lado a lado, mas nunca falávamos uns com os outros", contou Daw Htwe May, 51, moradora budista de Sittwe que perdeu sua casa na violência.

Em julho, o presidente Thein Sein disse a uma delegação da ONU em visita ao país que apenas muçulmanos que estão em Mianmar há pelo menos três gerações terão direito à cidadania. Os outros, disse ele, são "uma ameaça à paz da nação" e serão internados em campos e mandados para fora do país. A ONU rejeitou a ideia.

Diplomatas dizem que, desde então, o presidente recuou dessa posição e agora fala em reassentar as populações muçulmanas deslocadas dentro do país. Em Sittwe, budistas afirmam que não estão dispostos a fazer concessões. U Nyarna, o monge budista, declarou que muitos muçulmanos "não praticam a moral humana" e deveriam ser enviados a países muçulmanos, "para estar entre gente de sua própria laia".

3 comentários:

  1. nossa ,a chamada da materia nao tem nada a ver,muito tendencioso.

    quando vc le a materia ve que boa parte budista esta certa.

    ass:MQ

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  2. Os muçulmanos se referem aos demais como infieis, porque os budistas são obrigados a tolerarem na terra deles? O Budismo não chama ninguém de infiel.

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    Respostas
    1. Pra começo de conversa, você está a generalizar. Quando você fala infiéis você está a falar de todos muçulmanos. Quem chama os outros de infiéis são os jihadista, não todos muçulmanos. Em tempo, um erro não justifica um outro erro.

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