Peer Steinbrück |
O debate em torno da renda pessoal de Peer Steinbrück, o candidato do SPD para desafiar a chanceler Angela Merkel em 2013, provavelmente passará agora que ele a apresentou para todos, escrevem comentaristas alemães. Mas ele pode ter causado estragos mais duradouros à sua posição dentro de seu próprio partido.
Peer Steinbrück, escolhido pelo Partido Social Democrata (SPD) de oposição como adversário da chanceler Angela Merkel na próxima eleição geral, que será realizada no final do ano que vem, tentou na terça-feira (30) colocar um fim a semanas de críticas a respeito de sua considerável renda pessoal, obtida como palestrante nos últimos três anos.
Ele divulgou uma lista completa de todas as palestras que deu e detalhou os valores que recebeu, que totalizaram 1,25 milhão de euros entre 2009, quando deixou o Ministério das Finanças após a última eleição, e julho deste ano. Ele disse que tudo foi devidamente tributado e apontou que ao expor a informação, ele foi além das exigências de transparência impostas pelo Parlamento alemão, do qual ele é membro.
O debate em torno de sua renda pessoal eclipsou sua nomeação como candidato do SPD a chanceler, ao sujeitá-lo a críticas de ser devedor a um setor financeiro que recompensa ricamente suas palestras, e de estar distante demais dos eleitores típicos de seu partido de centro-esquerda, que tem raízes no movimento trabalhista.
As críticas feitas pelos parlamentares da coalizão de Merkel, composta por conservadores e liberais pró-negócios, provavelmente acabarão agora que Steinbrück fez uma divulgação plena e os desafiou a fazerem o mesmo.
Mas as queixas dentro de seu próprio partido provavelmente serão mais danosas, dizem alguns comentaristas da imprensa. Para que Steinbrück tenha alguma chance de vencer Merkel no ano que vem, ele terá de mobilizar todos os apoiadores do SPD. E as últimas semanas podem ter fincado uma cunha psicológica entre ele e a base do partido, cuja ala à esquerda já nutre dúvidas sobre se ele é o homem certo para representar uma agenda de justiça social.
O jornal de esquerda “Die Tageszeitung” escreve:
“Não há motivo para acusar Steinbrück de estar no bolso de alguém. Mas é fato que Steinbrück pressionou pela desregulamentação dos mercados enquanto foi ministro das Finanças. Se não fosse ministro das Finanças, ele certamente não teria recebido mais de um milhão de euros desse setor. Há uma ligação problemática entre seu cargo e seus interesses financeiros pessoais. É uma área cinzenta que não precisa estar ligada à corrupção ou influência direta. Mas a falta de clareza é danosa à democracia.”
“Esse é o motivo para regras precisas serem necessárias a respeito do que ex-ministros podem e não podem fazer. Está ficando cada vez mais claro o que Steinbrück carece como candidato a chanceler: um senso de como é a vida cotidiana das pessoas comuns neste país. Há Eu demais nele, e não Nós o suficiente, há muita distância de seu partido e uma autoconfiança estrondosa. Para que tenha alguma chance contra uma astuta Angela Merkel, os social-democratas terão que dar à sua própria clientela e aos seus simpatizantes um motivo muito bom para votarem neles. Isso será muito mais difícil com um candidato que, acima de tudo, deseja que seu próprio partido pare de pegar no seu pé.”
O jornal “Der Tagesspiegel” de Berlim escreve:
“Peer Steinbrück fez mal ao aceitar dinheiro para palestras comuns em instituições financeiras? Sim. Mas o fato de ter cobrado ou recebido altos valores não é exatamente o problema. É o momento. Steinbrück ganhou mais de um milhão de euros enquanto era membro ativo do Parlamento. Desde 2009, ele deu a impressão de que considerava seu primeiro mandato como parlamentar como sendo seu último, ao menos até o final de 2011. Ele pode ter considerado que era o momento certo e justificável para ganhar dinheiro em cima de sua carreira política à medida que chegava ao fim. Mas ela ainda não tinha acabado. E agora isso é um problema. Por que Steinbrück fez isso? Por que demonstrou falta de juízo?”
“Talvez seja preciso cavar mais fundo e olhar para o sistema político que temos hoje. Mais precisamente: a classe política de líderes políticos profissionais à qual Steinbrück pertence. Eles não são apenas membros do Parlamento, o que quase soa antiquado. Representar eleitorados ou no mínimo partidos não é sua ‘ocupação principal’. Isso é trabalho para políticos menos proeminentes, que são eleitos ao Parlamento por apenas um ou dois mandatos. A classe política vê a si mesmo como algo diferente. Eles são gestores do Estado. Outras regras se aplicam a eles.”
“O gestor público Steinbrück é um jogador experiente do jogo no qual a classe política lida com aliados e oponentes astutos –empresas, o setor financeiro, sindicatos, grupos de lobby. E comparado a esses representantes, sua própria remuneração pode parecer inadequada. Eles se veem como os assalariados pobres à mesa, dada a escala de suas tarefas. Então eles tentam transformar sua carreira política em ouro, se possível, como palestrantes contratatos ou como consultores de instituições financeiras...”
O jornal de negócios “Financial Times Deutschland” escreve:
“Ao apresentar a renda que recebeu de palestras, Peer Steinbrück tentou rebater as críticas feitas contra ele sobre o dinheiro que ganha paralelamente. Ele foi apenas moderadamente bem-sucedido –mas bem-sucedido o suficiente para assegurar que o debate agora possa voltar ao conteúdo das políticas.”
“A lista de honorários e palestras é impressionante, às vezes bizarra. Ela mostra que o político gosta de receber o que o mercado oferece para bons palestrantes. Isso pode significar 25 mil euros para uma visita à empresa de utilidade pública Bochum –o que coloca sob uma luz mais estranha a empresa de um município endividado do que Steinbrück.”
“Nós realmente não queremos mais saber de Peer Steinbrück sobre esse assunto. (...) Isso não nos diz mais sobre o candidato do que já sabemos. Steinbrück e o SPD podem se sentir à vontade agora para acusarem os conservadores e o Partido Democrata Livre de se esquivarem do assunto. Mas que isso seja o fim dele. É hora de as diferenças entre o governo e a oposição se tornarem evidentes em assuntos mais significativos do que esse.”
Quem na Alemanha cqair nesse papo dos aliados da Merkel é muito tapado, que moral tem alguém ligado á Merjel para falar em renda vinda de grupo A ou B logo á Merkel que é uma das principais se não a principal figura política da União Europeia que só existe para manter interesses de segundos e terceiros? Mais como a educação é superestimada, e todos os povos são sim manipulados, independente do grau de educação recebida, já se malandragem não se aprende em escolas... inúmeras pessoas vão cair nesse papinho lá, como cairiam em qualquer lugar do mundo. Diga-se de passagem aproveitando o assunto, onde está a tão falada inteligência do povo alemão q se diz nacionalista e cai em algo tão entreguista quanto a União Europeia em?
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