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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Regulação de armas nos EUA é negligente


Durante o governo de W., nós procuramos armas de destruição em massa no Iraque. Era o lugar errado; elas estão nos EUA. Normalmente as armas de destruição em massa sobre as quais eu escrevo são a dieta padrão americana; ocasionalmente eu falo sobre segurança alimentar, ou mudança climática, ou tópicos relacionados. Mas não importa a questão que se analise, o problema básico continua sendo a chamada liderança que não consegue fazer frente à agricultura em larga escala, à indústria de alimentos, à indústria energética, Wall Street, ou à Associação Nacional de Rifle.

Desde o 11 de setembro, 33 norte-americanos foram mortos por “terroristas”; cerca de 150 mil norte-americanos foram mortos por não-terroristas: ou seja, por assassinos comuns. O assassinato, assim como a principal causa de morte no país – doença cardíaca – pode ser prevenido, através de regulações, educação e intervenção médica.

Não sabemos porque Jared Loughner – você também esqueceu o nome dele antes de ele ressurgir no noticiário na última terça-feira (7)? - atirou em Gabby Giffords, mas sabemos que ele disse a seu psiquiatra que gostaria de ter tomado os antidepressivos que haviam prescrito para ele antes de ter atirado. Não sabemos porque James Holmes supostamente atirou numa multidão durante o filme “Batman”, mas sabemos que ele estava agindo de uma maneira estranha, e embora seu analista tenha dito à polícia que ele estava com problemas, ninguém foi ajudá-lo. Nós entendemos que o suicida Wade M. Page era um racista tão ignorante que não sabia diferenciar um sikh de um muçulmano.

Nos três casos, nenhum deles parecia ser capaz de distinguir o certo do errado. A solução mais fácil para isso é dificultar a compra de armas, especialmente por parte de pessoas perturbadas que parecem achar que fazem parte de alguma “solução” para uma série de “problemas” identificados por aqueles que semeiam a discórdia. (Lembra-se de Bill O'Reilly quase pedindo a morte do “assassino de bebês”, o obstetra George Tiller?).

Já temos leis e regulações para nos proteger dos assassinos, pelo menos quando os chamamos de terroristas. Nossa água e nosso enxaguante bucal são confiscados, tiramos os sapatos, somos bombardeados por raios-X e tratados como gado, fotografados e espiados. Se um muçulmano tivesse colidido com um pequeno avião num cinema, você duvida que haveria leis mais rígidas em relação ao uso de aviões particulares? E mesmo assim é possível comprar uma arma semiautomática online quase que tão facilmente quanto se compra um livro.

Sim, nenhuma lei impedirá um crime passional, mas os crimes passionais não matam pessoas às dezenas; nem facas ou rifles. Os opositores ao controle de armas, como de muitas medidas progressistas, espalham a dúvida: “o controle de arma talvez não tivesse prevenido Aurora”, dizem, ou, de forma insana: “se alguém naquele cinema tivesse uma arma, poderia ter tirado Holmes de lá.”

Declarações semelhantes que impedem o avanço: “como você sabe que a mudança climática é responsável por essa seca?” “Os alimentos processados não criam a epidemia de obesidade; comer demais e a falta de exercício é que criam.” “Nosso fornecimento de alimentos já é o mais seguro do mundo.” “A regulamentação financeira pode desacelerar e economia.”

É fácil dizer que sem prova de causa direta você não pode justificar uma regulação, mas quantas pessoas morreram enquanto as companhias de tabaco mentiam? É claro que a relação causa e efeito é complexa, mas isso não é motivo para ignorar as evidências mais óbvias.

E aqui que entra a liderança; se você ler as declarações do presidente Barack Obama depois de Aurora e Oak Creek, verá que as duas são praticamente idênticas, e também idênticas às de Mitt Romney.

Sim, todos nós estamos tristes; mas líderes de verdade lideram. Embora diga-se que o controle de armas é um assunto arriscado para a maioria dos políticos, nós não os elegemos por causa de seu julgamento e vontade? Do contrário, porque não governar por pesquisas e pelo Twitter?

Eu suponho que não seja necessário dizer, mas a regulação de armas nos EUA é negligente. Talvez não tão negligente quanto no Arizona, onde, diz o agente do FBI Dave Voth (citado em Fortune), “alguém comprar três armas é como alguém comprar um sanduíche”, mas negligente o suficiente para que tenhamos coletivamente 300 milhões de armas, mais do que há adultos no país. (Até mais do que carros, e você sabe como nós somos em relação aos carros.) E apesar das declarações equivocadas de Mitt Romney, a maioria das armas usadas nos assassinatos, até mesmo semiautomáticas, é comprada legalmente – inclusive as armas de Loughner, Holmes e Page. Nos EUA, há quase três (2,98) assassinatos armados a cada 100 mil pessoas. Na Inglaterra, por contraste, onde aconteceram 18 homicídios armados em 2009 (uma taxa perto do zero – na verdade 0,03 – por cada 100 mil pessoas), os civis não podem possuir pistolas nem revolveres. E há registros de aquisição, vendas e transferências de armas.

Nós experimentamos um controle pequeno ou ausente de armas. Isso não funciona. Vamos experimentar outra cosia: um verdadeiro controle de armas. Isso funcionará; afinal, foram oficiais da lei e cidadãos desarmados – não vigilantes – que prenderam Loughner, Holmes e Page. Então talvez tenhamos coragem de ir para uma melhor direção nas questões com as quais precisamos lidar: saúde. Dieta. Mudança climática. Nossas vidas dependem de todas elas.

Um comentário:

  1. Olá infor. vou dar umas palavrinhas. Oq o autor fala é numa mudança de hábitos, de costumes. Bem sabemos q mudar um costume é difícil, mas tende-se a fazê-lo caso o hábito se torne perigoso -- em números, se ele vir a destruir as vidas dos habitantes de uma comunidade, a comunidade tende a ter de mudá-los, no começo não gostando muito, mas depois os aceitando.

    Foi assim com o cigarro [agora achamos ele ruins], foi assim aq com as vacinas [nem vou citar a revolta da vacina], e tudo mais. O que o autor discute é isso: Devemos mudar alguns de nossos costumes para nosso próprio bem [no caso, do americano]? De resto, não podemos dizer nenhuma palavra, pq se trata de uma outra sociedade, de uma outra nação, de costumes diferentes dos nossos.

    Contudo a história provou que mesmo não gostando, quando um certo costume se prova prejudicial à uma comunidade, ela tende a abolí-lo para continuar existindo. Mas dizer q brevemente eles vao "apertar" a venda de armas, seria uma tolice imensa, pq afinal, são outras vidas, outros costumes.

    abraços!

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