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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Troca de guarda na China: militares na guerra do poder


Forças Armadas buscam influência política e têm lealdade disputada por atual e futuro líder

General Zhang Qinsheng (à direita)
Durante um banquete oferecido à liderança militar na China neste ano, um poderoso general se voltou numa fúria de bêbado contra o que acreditava ser um movimento para evitar que fosse promovido ao principal órgão de comando das Forças Armadas. O general Zhang Qinsheng demonstrou sua revolta na frente do presidente Hu Jintao, segundo quatro pessoas que presenciaram o evento. Ele chegou a empurrar alguns generais que faziam um brinde; Hu deixou o local em repúdio.

A afronta do general faz parte de uma série de episódios que alimentaram as preocupações entre os líderes do Partido Comunista a respeito do nível de controle que exercem sobre os militares, cada vez mais loquazes e ávidos por mais influência na política. Apenas alguns meses antes da primeira transição de liderança chinesana década, o partido pressiona com uma campanha contra a deslealdade e a corrupção, exigindo que os oficiais prestem contas sobre bens.

- Autoridades do partido perceberam que as Forças Armadas estão se metendo em questões políticas - disse um cientista político com contatos no alto escalão do partido.

Alguns generais e almirantes pediram ao governo que assegure o controle sobre o Mar do Sul da China, foco de disputas territoriais entre países do Sudeste Asiático e a China, onde o nacionalismo está em alta entre a população e os políticos. Em outra frente, líderes em Pequim ficaram alarmados com os laços entre generais e Bo Xilai, dirigente do Partido Comunista que caiu em desgraça.

A necessidade do partido de manter um comando estável sobre as Forças Armadas cada vez mais inquietas é uma das razões pelas quais Hu, o principal líder civil, deve manter sua posição como presidente da Comissão Militar Central até dois anos depois de deixar o título de chefe do partido no outono. O sucessor, Xi Jinping, assumiria os cargos de Hu como chefe do partido e chefe de Estado, mas teria que esperar para se tornar chefe militar.

Sucessor de Hu tem elo antigo com tropas
Alguns membros do partido argumentam que uma transferência escalonada pode levar a centros de poder rivais, dividindo a lealdade dos generais. Nenhuma decisão final foi tomada, mas, se Hu continuar, Xi pode se encontrar com espaço limitado para expandir sua base de poder, apesar de ter mais histórico militar que Hu.

Hu construiu uma rede de militares leais com base em promoções. Ao menos 45 oficiais foram promovidos à mais alta patente de general desde setembro de 2004, quando Hu se tornou chefe da comissão militar. Mais da metade das promoções ocorreram a partir de julho de 2010. Quatro dos 45 estão entre os dez generais que participam da comissão. Um oficial que teve ascensão rápida com o apoio de Hu foi o general Zhang, que pode estar na disputa por um assento na comissão apesar da explosão de raiva.
- As Forças Armadas funcionam da seguinte maneira: quem me promove vira meu padrinho - disse um membro da elite do partido.

Mas conversas com oficiais sugerem que alguns podem sentir uma afinidade maior por Xi do que por Hu, o filho de um comerciante de chá que lutou para conquistar respeito. Xi, de 59 anos, é o filho de um reverenciado líder de guerrilha comunista que cresceu em Pequim com famílias militares. Ele está chegando ao papel de líder com relações militares mais próximas do que qualquer outro desde Deng Xiaoping.

O primeiro emprego de Xi foi como assessor de Geng Biao, um companheiro de armas de seu pai que se tornou ministro da Defesa da China em 1981. Mais tarde esteve à frente de escritórios de comando político sobre unidades militares enquanto servia como líder civil nas províncias de Fujian e Zhejiang, próximas a Taiwan, que a China ainda considera como parte de seu país. E ele é casado com Peng Liyuan, uma cantora de uma banda do Exército. Mesmo antes de assumir o posto, Xi manteve encontros informais com generais.

Quando se trata de ideologia, Xi é um criptograma. Mas com a ascensão da China veio uma crescente assertividade na região, e Xi sentirá a pressão para seguir nesta direção. Existem sinais de que alguns generais acreditam ter a atenção de Xi. Ano passado, o general Liu Yazhou, comissário político da Universidade Nacional de Defesa, enviou um general notoriamente belicoso, Zhu Chenghu, a Cingapura para conduzir um estudo sobre o sistema autoritário flexível da pequena nação. O general Liu, que foi promovido à mais alta patente por Hu em julho, planejava apresentá-lo a Xi para defender um sistema de partido único mais liberal como caminho rumo ao fortalecimento do Estado.

Outra poderosa figura na rede de generais de Xi é Liu Yuan, filho de um alto oficial, que ficou sob pressão das autoridades do partido por suas conexões com Bo Xilai. Para proteger sua carreira, o general se distanciou de Bo e fez uma declaração de apoio a Hu, que o havia promovido. Este foi um dos muitos caminhos pelos quais Hu tentou encurralar oficiais de famílias de elite e estender sua influência pós-aposentadoria.

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