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domingo, 21 de novembro de 2010

Otan vê papel a longo prazo depois do fim do combate no Afeganistão

Chefes de Estado e de governo na reunião da cúpula da Otan, em Lisboa, Portugal
A Otan e o Afeganistão concordaram neste sábado (20) com o objetivo de uma transferência gradual da responsabilidade sobre a segurança do país para o governo afegão até o final de 2014, mas reconheceram que as forças aliadas continuarão no Afeganistão num papel de apoio bem além dessa data.

E se o Afeganistão não fizer progresso suficiente para administrar sua própria segurança, alertaram funcionários da Otan, 2014 não é um prazo definitivo para concluir as operações de combate.

“Nós ficaremos num papel de apoio depois da transição”, disse Anders Fogh Rasmussen, secretário-geral da Otan, numa coletiva de imprensa no sábado depois de se encontrar com o presidente Hamid Karzai do Afeganistão. “O presidente Karzai e eu assinamos um acordo para uma parceria de longo prazo entre a Otan e o Afeganistão que durará mais do que nossa missão de combate.”

Funcionários da Otan haviam dito anteriormente que era provável que dezenas de milhares de soldados de tropas de apoio continuariam no Afeganistão depois de 2014 para oferecer treinamento e outras garantias de segurança para Cabul. Mas as declarações de Rasmussen e outros funcionários no sábado foram mais decisivas.

Rasmussen disse que o objetivo do acordo assinado no sábado era passar a responsabilidade pela segurança para as forças afegãs no final de 2014, e que as tropas estrangeiras que servem à coalizão, conhecida como a Força Internacional de Assistência à Segurança (ou Isaf na sigla em inglês), cessem o combate até lá. Mas o prazo também é flexível, como observaram anteriormente alguns funcionários.

“Não vejo as tropas da Isaf num papel de combate depois de 2014, desde que, é claro, a situação de segurança nos permita passar para um papel mais de apoio”, disse ele.

Funcionários disseram que a retirada da Otan depende da capacidade das forças afegãs assumirem suas novas responsabilidades.

“2014 é uma meta, não uma garantia”, disse Mark Sedwill, alto representante civil da Otan em Cabul, no sábado. “Mas achamos que a meta é realista e que fizemos planos para atingi-la, mas é claro, se as circunstâncias forem propícias isso pode acontecer antes.”

Ele disse na semana passada que a falta de segurança em algumas áreas podem atrasar a data de retirada, e que o Afeganistão poderia enfrentar “tristes níveis de violência para os padrões ocidentais”.

Um funcionário sênior dos EUA disse que Washington não se comprometerá com nenhum prazo para o final das operações de combate, dada a necessidade de medir o progresso em campo à medida que o treinamento das forças afegãs se desenrola.

O funcionário, que falou aos repórteres sob condição de anonimato, disse que 1.500 treinadores já estão no local. Ele disse que todas as 34 províncias afegãs foram classificadas em diferentes categorias de segurança e estabilidade. Mas as decisões sobre quais províncias serão entregues primeiro para o controle afegão não foram tomadas ainda, disse o funcionário.

Mas, ele alertou, “ninguém deve interpretar que a guerra terminou depois de Lisboa”. “Ainda há muita batalha pela frente”, diz ele.

O longo compromisso da Otan vem num momento em que a opinião pública em toda a Europa está cada vez mais contra a guerra no Afeganistão, que começou em 2001 como uma retaliação aos ataques de 11 de setembro. Mas com a mudança de operações de combate para o treinamento da polícia e do Exército, os diplomatas europeus disseram esperar ganhar algum tempo com o público em vez de sair correndo do Afeganistão. Eles estão dispostos a enfatizar a construção da nação em vez do combate.

Muitas nações da Otan insistiram que retirarão todas as suas tropas em 2014, e o secretário de Exterior britânico, William Hague, disse no sábado que o país terminará seu papel de combate no Afeganistão em 2015.

“Não entenda mal, este é um compromisso absoluto e um prazo final para nós”, disse ele à agência de notícias The Press Association. “Isto continua sendo um desafio fenomenal. Há uma imensa quantidade de trabalho a se fazer no Afeganistão, e eu não gostaria que ninguém pensasse que podemos relaxar de forma nenhuma em relação ao Afeganistão.”

Apesar da tensão entre Karzai e a Otan ultimamente, o presidente afegão foi descrito como amigável e disposto a cooperar durante o encontro a portas fechadas com os líderes da Otan no sábado, vestido com um longo manto listrado de verde para saudar o presidente Barack Obama, com quem ele deveria ter uma reunião particular mais tarde.

Obama reconheceu que “podemos nem sempre entrar em acordo”, mas ele disse que a parceria foi importante, informou um diplomata ocidental que estava na sala. Obama também agradeceu à Otan e outros aliados –48 países estavam representados na reunião– por suas contribuições ao Afeganistão. “Não houve nenhum drama”, disse outro diplomata ocidental.

Ao mesmo tempo, Karzai está pressionando por um maior controle afegão. Como disse Rasmussen no sábado, “os afegãos precisam ser os mestres em sua própria casa”. Ele acrescentou: “O caminho que começa hoje é claro, em direção à liderança afegã e responsabilidade afegã.”

O general David H. Petraeus, comandante-chefe dos EUA e da Otan no Afeganistão, também fez uma apresentação a portas fechadas sobre sua estratégia militar para a transição, que incluirá mais operações militares agressivas do tipo que Karzai criticou algumas vezes, incluindo mais ataques de mísseis teleguiados e ataques noturnos.

Numa coletiva de imprensa depois da sessão, Karzai disse que ele encontrou compreensão para suas preocupações. “As realidades em campo foram substancialmente compreendidas e nossos parceiros concordaram com elas”, disse ele. “Espero que à medida que avançamos muitas das dificuldades desapareçam.”

Em sua apresentação, Petraeus disse: “Estamos começando a ver um retorno do nosso investimento” e “quebramos o ímpeto do Talibã”, de acordo com um funcionário sênior europeu que estava na sala. Mas o funcionário complementou: “Isso é verdade ou não? Não tenho certeza”. Ele completou: “Muitos de nós estamos começando a nos lembrar do Vietnã”, de avaliações militares confiantes que nem sempre eram acuradas.

Mais tarde no sábado, os líderes da Otan deram início a uma reunião de cúpula entre a Otan e a Rússia com o presidente russo Dmitry A. Medvedev. Depois de concordar na sexta-feira com um sistema de defesa antimísseis que protegerá gradualmente todos os membros da Otan, a aliança está ansiosa para conseguir o consentimento da Rússia para cooperar na defesa antimísseis, compartilhando informações de ambos os sistemas. Moscou já disse que está interessada na cooperação, mas tem muitas dúvidas sobre como funcionaria um sistema assim.

Obama deixou claro para os Estados do Báltico que não existe a possibilidade de compartilhar um sistema de defesa antimísseis com Moscou ou dar aos russos qualquer controle sobre o sistema da Otan. Mas Obama também pediu aos aliados da Otan, no jantar da aliança na sexta-feira, para apoiarem a ratificação do tratado New Start que ele negociou com Medvedev, e que os republicanos estão prendendo no Senado.

Obama também fez um apelo pela ratificação em seu programa de rádio semanal.

A Otan e Moscou devem assinar acordos para expandir as rotas de fornecimento da aliança até o Afeganistão passando pela Rússia, e estabeleceram um novo programa de treinamento antidrogas na Rússia para agentes do Afeganistão e outros países da Ásia Central. Eles também devem concordar com um programa para fornecer treinamento a tripulações de helicópteros afegãos e para comprar mais helicópteros russos para as forças afegãs, assim como um contrato para reparar equipamentos russos já existentes e usados pelos afegãos.

A chanceler Anglea Merkel da Alemanha chamou a abertura para a Rússia de “um novo capítulo histórico” nas relações com a Otan e o Ocidente. Ela disse que apoia a ratificação do New Start, “porque ele irá realmente terminar com a Guerra Fria.”

Quando à Rússia, ela disse: “Um ex-adversário militar é agora, claramente, um parceiro”, acrescentando: “É um ponto de virada no trabalho em conjunto que podemos claramente chamar de histórico. É claro que ainda há uma longa estrada pela frente, para construir a segurança com a Rússia, mas entrar nessa estrada tem uma importância extraordinária.”

Obama também encontrou tempo no sábado para plugar a versão europeia do Chevrolet Volt da GM, o Opel Ampera, que funciona principalmente com eletricidade. “É um carro bonito”, disse o presidente, e acrescentou: “Bem aqui está o futuro.”

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