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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Frente à China, os Estados Unidos empregam uma nova estratégia no Sudeste Asiático

Presidente dos EUA, Barack Obama (direita), é recebido pelo Primeiro Ministro japonês Naoto Kan (esquerda)
e sua esposa Nobuko no início do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), em Yokohama, no Japão
A administração Obama acaba de dar início à volta dos Estados Unidos ao Sudeste Asiático, esperando que uma nova ação em uma região de forte potencial de desenvolvimento contribua para equilibrar a inevitável ascensão da China.

O Sudeste Asiático foi ignorado por George Bush, que preferiu se concentrar na Índia, o velho rival pró-soviético dos Estados Unidos nos tempos da guerra fria, mas agora é visto pelos americanos como um dos contrapesos à China.

A recente viagem da secretária de Estado americana Hillary Clinton ao Vietnã, Camboja e Malásia, que precedeu a turnê asiática do presidente Barack Obama na semana passada, demonstrou sem rodeios o novo interesse dos Estados Unidos por essa parte do Extremo Oriente.

A Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) pode até ser um subconjunto vago reunindo países que às vezes se entregam a uma sólida inimizade e muitas vezes encontram grandes dificuldades para encontrar um terreno diplomático comum. Mas esse apêndice do continente asiático, com seus mais de 580 milhões de habitantes, apresenta um interesse estratégico considerável aos olhos dos americanos. A Asean é, na verdade, em parte uma região marítima, sobretudo o imenso arquipélago indonésio composto por 15 mil ilhas por onde Barack Obama acaba de passar.

Essa realidade geopolítica está no centro das preocupações americanas: antes de iniciar sua turnê, Obama lembrou que os Estados Unidos são uma potência marítima. Dessa forma ele deu a entender que Washington tem todos os motivos para se preocupar com as futuras capacidades da marinha chinesa, num momento em que Pequim se concentra sobre a modernização desta última com o objetivo assumido de se opor ao controle do Pacífico pelos americanos, a mais ou menos longo prazo.

A nova agressividade chinesa no mar do Sul da China, onde as ilhas Spratley e Parecel, arquipélagos desabitados mas alvos de um conflito territorial entre a China, o Vietnã, Taiwan, as Filipinas, a Malásia e o Brunei, também preocupa alguns países da Asean, que além disso são cada vez mais dependentes de suas relações econômicas com Pequim.

Os Estados Unidos contam com essa preocupação para avançar seus peões. Christian Caryl, da “Foreign Policy Magazine”, observou recentemente que “as reivindicações chinesas no mar do Sul da China foram elevadas a um nível de ‘interesse nacional primordial’ comparável ao Tibete e a Taiwan; isso provocou a fúria dos países da região”.

Robert D. Kaplan, autor de uma obra sobre o Oceano Índico e a importância que ele assume para o “futuro do poder americano”, reforçava a lógica de uma nova investida americana na Ásia ao escrever no “International Herald Tribune” que as “divisões artificiais” da Ásia herdadas da guerra fria não convêm mais: “Agora, o Oriente Médio, o Sul Asiático e o Sudeste Asiático fazem parte de um mesmo continuum. Em termos geopolíticos, a visita do presidente [americano] a quatro países [asiáticos] é centrada em um único desafio: a ascensão da China na terra e no mar”.

Um analista estrangeiro que mora em Jacarta acredita que, embora o comércio entre chineses e indonésios vá atingir este ano cerca de US$ 30 bilhões, a Indonésia precisa dos americanos. No mínimo para evitar uma dependência grande demais em relação à China, que lhe fornece usinas térmicas.

Alguns dias antes da chegada do chefe do Executivo americano, o “Jakarta Globe” insistia na rivalidade sino-americana na Indonésia. Ele lembrou que o presidente da Assembleia Popular da China, Wu Bangguo, acabara de fazer uma visita oficial a Jacarta, onde havia mencionado a perspectiva de investimentos chineses na Indonésia da ordem de US$ 50 bilhões até 2014.

Evan A. Laksmana, pesquisador no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais Indonésios (CSIS), tem uma visão mais sutil da resposta indonésia à “sedução” americana: “A Indonésia não se sentiria à vontade se ela tivesse de se pronunciar entre a China e os americanos (...) Mas é verdade que os países da Asean que possuem uma superfície marítima não têm vontade nenhuma de abraçar uma China que pode se mostrar muito arrogante”.

Jusuf Wanadi, membro da mesma instituição, afirmou em um editorial do “Jakarta Post” que “o presidente Obama entendeu que os Estados Unidos devem depender [na região] de aliados e de amigos. E a presença americana no Leste da Ásia é importante porque isso permite que a Indonésia conduza uma política externa independente”.

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