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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Síria se transforma em campo de batalha de forças estrangeiras contra rebeldes

O regime sírio dominou na quarta-feira (9) a localidade de Sheikh Omar, ao sul de Damasco, acertando um importante golpe nos rebeldes que tentaram disputar durante meses o controle do cinturão ao redor da capital.

O mais revelador dessa vitória, porém, não foi a tomada desse ponto crucial, entre duas vias que levam ao sul do país, e sim que quem expulsou os opositores armados foram milicianos da organização libanesa Hizbollah e de grupos xiitas iraquianos que lutam, sob a orientação da Guarda Revolucionária iraniana, para defender o regime de Bashar al-Assad de uma ofensiva rebelde cada vez mais frágil e esgotada.

A Síria se transformou em um campo de batalha de forças estrangeiras, em uma luta encarniçada motivada por interesses alheios e definida pela ancestral divisão entre sunitas e xiitas, que disputam a preponderância na região.

Por enquanto, morreram mais de 100 mil pessoas e outros 6 milhões abandonaram seus lares. O ditador Assad ganhou terreno, notavelmente reforçado nos últimos meses. Agora busca legitimidade diplomática no Ocidente, colaborando na destruição de seus arsenais químicos, uma disposição a que tanto a ONU como os EUA lhe agradeceram.

Os rebeldes acusaram recentemente o Irã de treinar milicianos xiitas procedentes sobretudo do Líbano e do Iraque, em Teerã, para depois enviá-los à Síria. A este país a Guarda Revolucionária iraniana enviou membros da força Quds, cuja missão é propagar a causa da revolução islâmica no exterior. Vários deles são vistos vestidos com trajes militares e falando farsi, dando instruções em vídeos supostamente gravados na Síria e divulgados pela Internet por redes de opositores que tentam demonstrar que o regime sírio luta não só por sua sobrevivência mas também pelos interesses do Irã.

Os Comitês de Coordenação Local, uma rede de observadores afiliados à oposição, informou na quarta-feira sobre uma nova ofensiva nos arredores de Damasco, na qual uma amálgama de soldados sírios e grupos estrangeiros xiitas tenta ganhar terreno dos opositores que se aproximaram da capital.

"Atacam as cidades com armamento pesado, encobertos pelos aviões do regime, em zonas que vêm sofrendo o bloqueio do regime há meses", disse essa organização em uma mensagem eletrônica. Entre os responsáveis pela ofensiva, estão a milícia libanesa Hizbollah e os combatentes iraquianos afiliados a diversas milícias como o grupo Al Nuyaba, experientes em ofensivas contra os sunitas e os EUA em seu país.

O Hizbollah, que recebe apoio e armamento do Irã, foi decisivo na captura da estratégica localidade de Al Qusair por Assad há quatro meses. Em princípio, enviou à Síria combatentes de forma discreta, para depois passar a enterrar em público os que envia como seus mártires. Já tem entre 2.000 e 4.000 milicianos lutando lá, com centenas de mortos em combate. Seu líder, Hasan Nasralah, chegou a prever em abril que os opositores "não serão capazes de derrubar o regime por métodos militares".

"O Hizbollah foi instrumental na operação de terror e destruição de Assad contra o povo sírio", opina Bayan Katib, porta-voz da Coalizão Nacional Síria, grupo político de oposição que se define como moderado. "Sua ingerência nos assuntos dos sírios aumenta as divisões sectárias, que não faziam parte do levantamento original da cidadania síria."

Segundo estima a inteligência ocidental, há 60 mil combatentes estrangeiros que lutam com Assad para lhe devolver o controle da Síria. O regime é controlado pelos alauítas, uma seita minoritária do xiismo, que enfrenta uma oposição de grande maioria sunita. O governo de Damasco defende que na oposição, onde têm cada vez mais destaque os jihadistas e os grupos ligados à Al Qaeda, há cerca de 70 mil estrangeiros de 80 países, embora outras estimativas os rebaixem para 30 mil. Os rebeldes são apoiados por dinheiro das monarquias sunitas do Golfo.

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