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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Rússia aumenta repressão em região que receberá jogos de inverno

A perseguição durou apenas alguns segundos e terminou com o som de um tiro. Shamil Abdulayev, que tinha 24 anos na época, tentou fugir de um grupo de homens que ele sabia que estavam empenhados em sequestrá-lo. Eles usavam máscaras de esqui e andavam num sedã Lada branco com vidros escuros.

"Meu filho foi ferido na perna, e testemunhas disseram que eles o atingiram na cabeça com a coronha do rifle, algemaram-no e o jogaram no carro", disse a mãe do rapaz, Patimat Abdulkadyrova, sobre o episódio neste verão. O carro foi embora, desaparecendo no trânsito da cidade, juntamente com Abdulayev.

Ainda falta quatro meses para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi, na Rússia, mas os moradores desta cidade, capital do Daguestão, dizem que estão sentindo os efeitos há meses. As autoridades russas, determinadas a impedir que as festividades sejam marcadas por um ataque terrorista, estão reprimindo a região efervescente do norte do Cáucaso – desconfortavelmente próxima da cidade olímpica – prendendo pessoas suspeitas de serem militantes e detendo-as sem acusações, dizem ativistas pelos direitos humanos.

As repúblicas da Tchetchênia e do Daguestão no norte do Cáucaso, que há tempos são reduto de uma insurgência islâmica e ataques terroristas, abrigam o conflito atual mais sangrento da Europa, concluiu o International Crisis Group num relatório recente. No ano passado, os combates mataram pelo menos 700 pessoas e feriram 525, disse o relatório. No primeiro semestre deste ano, pelo menos 242 pessoas morreram e 253 ficaram feridas.

O Emirado do Cáucaso, o principal grupo terrorista islâmico na região, divulgou um vídeo em julho convocando apoiadores para atacar as Olimpíadas, que o grupo disse que seriam realizadas "sobre os ossos" de muçulmanos mortos.

Por um tempo, a Rússia tentou anistias e o desenvolvimento econômico para combater a violência na região, inclusive uma ideia de construir resorts de esqui nas províncias montanhosas para coincidir com os Jogos Olímpicos. O Emirado do Cáucaso respondeu explodindo um teleférico.

Com a aproximação dos Jogos Olímpicos, "todas as medidas brandas estão sendo derrubadas", disse Varvara Pakhomenko, pesquisadora do International Crisis Group, numa entrevista. "Estamos vendo no Daguestão a explosão de casas de familiares de militantes, desaparecimentos forçados e torturas."

O desenvolvimento econômico nunca foi longe em Makhachkala, uma cidade abandonada que recebeu uma certa atenção na primavera por ter sido lar ocasional da família dos suspeitos do atentado à Maratona de Boston, Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev.

Ao longo da orla, generosamente chamada de Caspian Riviera, hotéis berrantes, com seus letreiros em neon em forma de palmeiras, ondas ou dançarinas, esperam pelos turistas que raramente aparecem.

Quando a brisa da manhã atinge o Cáspio, sacos plásticos e poeira dançam pelas ruas esburacadas da cidade mais perigosa da Rússia.

Policiais fazem guarda nos cruzamentos, vestidos com uma camuflagem urbana azul e branca.

Em setembro, o presidente Vladimir Putin disse que o Ministério do Interior deveria agir com mais força para melhorar a segurança antes das Olimpíadas, mas a repressão começou de verdade desde janeiro, dizem analistas e grupos de direitos humanos.

A região, não exatamente em guerra, mas que nunca atingiu a paz, está atolada no que lembra uma guerra suja ao estilo latino-americano, um conflito vicioso e baixo, repleto de abusos. Os sequestros têm sido um elemento marcante, embora não reconhecido, das táticas anti-insurgência da Rússia há anos.

O número de casos relatados de desaparecimentos forçados aumentou desde janeiro, quando um novo governador regional chegou no Daguestão e mudou o enfoque para a segurança antes das Olimpíadas, de acordo com a Memorial, uma organização russa de direitos humanos.

Até agora, este ano, 58 pessoas foram sequestradas por homens em carros sem identificação, 19 das quais desapareceram completamente, embora deixando pistas que apontam para os serviços de segurança , de acordo com o escritório do grupo em Makhachkala.

"O número de desaparecimentos está em constante crescimento", disse o pesquisador local do grupo, Serazhutdin Datsiyev. "Recebemos famílias inconsoláveis no nosso centro a cada semana."

Uma parte considerável do caos vem de brigas entre as famílias de agentes e funcionários de segurança e as famílias dos militantes, dizem os analistas da região.

O Kremlin reconheceu este problema e tem reprimido os funcionários locais acusados de usar sua posição para acirrar as brigas pessoais. Embora defensores dos direitos humanos tenham considerado esse passo como algo há muito tempo necessário, ele contribuiu para uma sensação geral de pandemônio antes dos Jogos Olímpicos.

Até agora, não está claro se o aumento relatado no número de sequestros de pessoas suspeitas de serem militantes ou a política declarada de prender os oficiais locais acusados de corrupção estão tendo muito efeito.

Ramazan J. Jafarov, o vice-premiê para segurança no governo regional do Daguestão, negou numa entrevista que a polícia secreta tenha detido suspeitos e chamou a atenção para a política federal de visar policiais e autoridades locais abusivas, como o ex-prefeito.

Moradores e defensores dos direitos humanos zombaram de suas negações. Depois que Abdulayev desapareceu na parte de trás de um Lada em junho, os médicos de um hospital disseram a parentes que o haviam liberado para a polícia depois de um tratamento, de acordo com sua mãe.

Mas, em termos oficiais, ele simplesmente desapareceu. "Estamos perguntando todos os dias há meses, procurando e procurando, e eles dizem: 'Nós não encontramos o seu filho'."

"Se Deus quiser", ela sussurra, com lágrimas se formando em seus olhos, "isso chegará a uma conclusão em breve."

3 comentários:

  1. Se mudar para a Rússia é bom....bom bom.....

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    1. Como no Brasil, por lá as cadeias estão cheias de anjinhos. Tudo coitadinhos que não fazem mal a ninguém até entrar em uma escola e assassinar covardemente centenas de crianças.

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  2. Esses analistas de "direitos humanos" da ONU estão tentando insinuar oque?

    A coisa está tensa no Cáucaso não é de hoje:

    http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1436605-5602,00-ATAQUE+SUICIDA+MATA+POLICIAIS+NO+DAGUESTAO.html

    http://www.cpadnews.com.br/integra.php?s=11&i=252


    De lá o governo sionista das sombras com base nos EUA e Israel exporta terroristas para todos os lados para depois legitimar suas invasões de "intervenção" para depois implementar sua democracia predatória capitalista, leis marciais e ataques de falsa bandeira como 911, ataque de Boston, etc., orquestrados pelos seus meninos lacaios da CIA, que além de financiarem e armarem os terroristas também atuam nesses ataques:

    http://www.whatdoesitmean.com/index1680.htm

    http://www.whatdoesitmean.com/index1709.htm


    Jonas - RECIFE

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