Candidato à Presidência dos EUA, Mitt Romney tropeça em gafes durante turnê internacional e alimenta dúvidas sobre sua capacidade de ser um líder global
Mitt Romney "ora" no Muro das Lamentações |
Na mesma medida, a franqueza do ex-governador de Massachusetts provocou reações no primeiro-ministro britânico, David Cameron (“Sediar os jogos no meio do nada é obviamente mais fácil”), e no prefeito de Londres, Boris Johnson (“Um tal de Mitt Romney perguntou se estamos prontos”). O candidato tropeçou onde não havia razão para tropeçar. “Tudo que ele deveria dizer é que estava se divertindo com os Jogos”, disse à ISTOÉ Benjamin Bates, professor de comunicação pública da Universidade de Ohio. “Romney transformou uma tarefa simples num erro, explicitando sua falta de experiência em relações internacionais.” A passagem conturbada por terras inglesas trouxe novamente à tona trechos polêmicos do livro da autoria de Romney “No Apology: The Case for American Greatness” (“Sem desculpas: o caso da grandeza americana”, numa tradução livre para o português), publicado em março de 2010. No livro, ele diz que “a Inglaterra é só uma pequena ilha” e “com algumas exceções, ela não faz produtos que o resto do mundo queira comprar”.
O próximo destino escolhido foi Israel. E as derrapadas continuaram. Numa tentativa exagerada de conseguir os votos dos judeus americanos e diminuir a vantagem do presidente Barack Obama entre eles, Romney ofendeu os palestinos. Primeiro, disse que Jerusalém deveria ser a capital de Israel, um assunto delicado para as negociações de paz, e prometeu que transferiria a embaixada americana de Tel-Aviv para lá. Em seguida, durante um café da manhã para a arrecadação de fundos para a campanha, o republicano sugeriu que a disparidade econômica entre israelenses e palestinos guarda relação direta com a cultura dos povos. Não só foi acusado de racismo, como de ignorância sobre a ocupação e o controle das fronteiras dos territórios palestinos por militares israelenses. “Esse comentário foi tão inconsequente que fez o mundo se perguntar se ele tem mesmo a habilidade necessária >> >> para ser o líder dos EUA”, afirmou à ISTOÉ Danny Hayes, professor de governo da Escola de Assuntos Públicos da Universidade Americana de Washington.
O encerramento da turnê na Polônia não foi menos embaraçoso. Logo na sua chegada, os atuais líderes da federação sindical polaca Solidariedade divulgaram um texto classificando Mitt Romney e o Partido Republicano como “hostis” aos sindicatos e aos direitos dos trabalhadores. Como se não fosse suficiente, os ânimos da equipe de campanha se acirraram quando o secretário de imprensa Rick Gorka respondeu com xingamentos e palavrões a jornalistas que perguntaram sobre as gafes do candidato e repercutiram as indignações da Palestina. Pior não poderia ficar.
O vexame internacional de Romney se torna ainda mais acentuado quando comparado ao sucesso que o então candidato Barack Obama fez na Europa, em 2008. Diante de uma plateia de 200 mil pessoas em Berlim, o atual presidente fez um discurso sobre esperança e saiu ovacionado. “Aquela viagem foi incomum na forma como Obama foi recebido”, diz Danny Hayes. Benjamin Bates, de Ohio, diz que a viagem de Romney só pode mesmo ser comparada à do ex-presidente americano Richard Nixon em 1958, quando ele encarou protestos violentos na América do Sul.
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