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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Estudo critica Pentágono por planos de mudar o foco para a Ásia

Soldados americanos aguardam decolagem de avião militar em Bishkek (Quirguistão) para o Afeganistão. Obama quer retirá-los do país e concentrá-los na Ásia

Uma revisão independente quanto aos planos do governo Obama de transferir recursos de segurança nacional do Atlântico para a Ásia criticou o Pentágono, dizendo que faltaram explicações sobre como ele transferiria as forças militares para a região e como o governo se concentraria mais nos desafios de segurança que estão surgindo do outro lado do Pacífico.

O estudo confidencial de 110 páginas, reforçado por um anexo secreto, também alerta que os planos para uma ênfase na Ásia-Pacífico não foram adaptados a orçamentos cada vez mais apertados.

Embora a avaliação não diga que a nova estratégia para a Ásia é um imperador sem roupas, ela recomenda que é preciso fazer muito mais para persuadir o congresso a apoiá-la e financiá-la.

O governo anunciou planos no início deste ano para deixar o Iraque e o Afeganistão e concentrar os recursos de segurança nacional na região da Ásia-Pacífico. Como parte de um escrutínio mais amplo do Congresso sobre a política nacional de segurança para a região, um trio bipartidário de senadores apoiou uma cláusula num projeto de lei de autorização de defesa para uma crítica independente da estratégia geral do presidente Barack Obama para a Ásia-Pacífico.

A revisão, realizada pelo Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, um instituto de política não partidária em Washington, descobriu que o Departamento de Defesa “não havia articulado adequadamente a estratégia por trás de seu planejamento de posicionamento de forças, nem alinhado a estratégia com recursos de uma forma que reflita as atuais realidades orçamentárias.”

O debate sobre o que o governo Obama quer que seja um realinhamento único da política externa será retomado na quarta-feira (1º), quando dois dos principais autores do estudo, David J. Berteau e Michael J. Green, aparecerão diante do subcomitê de Serviços Armados da Câmara. Dois funcionários do Pentágono, Robert Scher, vice-secretário assistente de planos, e David F. Helvey, vice-secretário assistente para o Leste da Ásia, também devem testemunhar. As audiências no Senado devem acontecer mais tarde.

Os senadores que pressionaram pela avaliação - Carl Levin, democrata de Michigan; Jim Webb, democrata da Virgínia, e John McCain, republicano do Arizona - divulgaram uma declaração na sexta-feira (27) observando a necessidade de casar objetivos estratégicos com as restrições orçamentárias.

“Isto é particularmente importante à medida que o apoio para financiar grandes iniciativas no exterior, no atual ambiente fiscal, dependerá em grande medida de uma articulação clara entre os imperativos estratégicos dos EUA e a maneira com a qual os investimentos os veem”, disseram os senadores. Eles enfatizaram que o Congresso precisa ser assegurado de que “o planejamento das forças e as propostas de realinhamento são realistas, viáveis e dentro do orçamento”.

Ao avaliar as propostas de reequilíbrio militar, o estudo observa que “a postura atual das forças norte-americanas está pendendo bastante para o nordeste da Ásia, para a Coreia e o Japão, onde se concentra apropriadamente em deter as ameaças de grandes conflitos na península coreana, fora do Japão, e no estreito de Taiwan.”

Entretanto, o estudo aponta que os riscos estão “crescendo mais rápido no sul e sudeste da Ásia”, como foi provado por ações potencialmente desestabilizadoras da China à medida que ela tenta estender sua soberania para o Mar do Sul da China e sobre territórios insulares na região.

“A principal prioridade da estratégia dos EUA na Ásia não é se preparar para um conflito com a China”, diz o estudo. “Em vez disso, é moldar o ambiente para que um conflito como este nunca seja necessário e talvez algum dia seja inconcebível.”

O estudo pede um ou mais submarinos de ataque em Guam; o envio de um segundo grupo anfíbio dos Fuzileiros Navais na região, o que reduziria o número no Atlântico em um; e o fortalecimento dos sistemas de defesa de mísseis.

Desde que a nova estratégia Ásia-Pacífico foi oficialmente anunciada em janeiro, o Pentágono enviou altos oficiais como emissários, o mais recente foi Ashton B. Carter, vice-secretário de defesa, que passou dez dias na região.

“Acho que o que nossos parceiros e aliados na região estão buscando é a confirmação de que os Estados Unidos estão falando sério sobre transferir boa parte de sua ênfase dos lugares em que estávamos - por necessidade - preocupados durante a última década, sobretudo o Iraque e Afeganistão, para a região da Ásia-Pacífico”, disse Carter à American Forces Press Service, a agência de notícias interna do Pentágono, enquanto voava para casa na semana passada.

Anteriormente, o secretário de defesa Leon E. Panetta disse a oficiais de segurança asiáticos em Cingapura que os Estados Unidos estavam comprometidos a melhorar sua presença militar na região apesar das restrições militares.

A Marinha, disse Panetta, remanejará suas forças de uma distribuição igualitária entre o Atlântico e o Pacífico para 60% no Pacífico. Essa transferência será amplificada por um aumento nos exercícios militares com aliados e parceiros na região, disse ele.

Numa carta de apresentação do estudo para o Congresso, que foi disponibilizada na sexta-feira, Panetta apontou que a mudança de foco para a Ásia dizia respeito a mais do que apenas poder militar.

“A estratégia dos Estados Unidos pede o reequilíbrio da defesa, recursos diplomáticos e econômicos em direção da região Ásia-Pacífico”, escreveu Panetta. “Essencial para esta estratégia são nossos esforços para fortalecer alianças e parcerias na Ásia-Pacífico para para promover uma visão comum de segurança para o futuro."

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