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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Ásia supera Europa em gasto militar pela primeira vez


A relação de forças entre as potências mundiais está mudando com uma velocidade vertiginosa. Durante séculos, a maior prosperidade econômica e o desenvolvimento tecnológico se traduziram em uma superioridade militar da Europa sobre a Ásia. Essa época se evaporou ao sol do poderoso crescimento asiático. O esperado adianto já não é um ponto indefinido no futuro: em 2011, pela primeira vez na história moderna, o gasto militar da Ásia superou o europeu.

É o apontam os dados publicados nesta semana pelo Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz (Sipri), em Estocolmo. O adianto histórico é, por enquanto, mínimo. Em 2011 a Ásia (sem incluir Rússia e Oriente Médio) investiu em gasto militar US$ 336 bilhões. A Europa (de Portugal até a Lituânia e da Islândia até a Turquia) gastou US$ 326 bilhões. Mas há uma década a Europa gastava a metade da Ásia.

O dado, naturalmente, corresponde, sobretudo, à impressionante ascensão da China e aos cortes europeus em defesa aplicados depois da eclosão da crise econômica.

A leitura geopolítica desses números exige, é claro, infinitas matizações. Se a Europa é um bloco bastante homogêneo e com certo grau de convergência de interesses, a Ásia é um continente enorme, muito heterogêneo, com potenciais rivais, atritos regionais e alianças variadas. Seu gasto militar é fragmentado e o atraso tecnológico e organizacional, em geral, ainda é acentuado com relação às forças armadas ocidentais. Mas o dado é um instantâneo significativo de para onde vai o mundo.

Não é por acaso que, em um documento publicado em janeiro passado, os EUA tenham consagrado oficialmente sua política do "pivô estratégico", a reorientação de seus esforços militares e diplomáticos para o Sudeste Asiático.

Apesar de pela primeira vez desde 1998 ter reduzido seu gasto em comparação com o ano anterior, a supremacia dos EUA é tal que seu investimento militar continua maior que o da Ásia e Europa juntos: US$ 711 bilhões, contra US$ 662 bilhões em 2011. Esses números representam a grosso modo a metade do PIB da Espanha. A China, segundo estimativas do Sipri, gastou US$ 143 bilhões (170% a mais que uma década atrás); a Rússia, terceiro investidor do mundo, US$ 71 bilhões.

A redução do gasto americano (-1,2%) se deve a dois fatores: orçamentos mais justos para reduzir o déficit federal; e a retirada do Iraque, que diminuiu os custos bélicos. Mesmo assim, representa 4,7% do PIB.

Na Europa, a maioria dos governos decidiu grandes cortes nas verbas da defesa, menos sensíveis socialmente que outros capítulos de gastos. No acumulado desde 2008, a Espanha cortou 18%, a Itália 16%, a Grécia 26%; as três principais potências, Reino Unido, França e Alemanha, também cortaram, embora menos. Em 2011 o retrocesso do continente foi de 1,9%. As políticas já implementadas farão que a tendência se acentue nos próximos anos, apesar da insatisfação expressa pelos aliados americanos e os altos comandos da Otan. A perda de músculo militar tem obviamente um preço na arena internacional; mas, em meio à duríssima crise, o dos cortes sociais é maior.

De maneira surpreendente, dado seu bom crescimento econômico, a América Latina também gastou menos que em 2010 em termos reais. O dado se deve à contração (menos 8%) do investimento decidido pelo governo do Brasil - principal potência militar da região; e às grandes dificuldades econômicas da Venezuela, que reduziu o orçamento militar em 7%.

A Rússia prosseguiu em seu constante aumento de gastos no setor. Um aumento de 9% com relação a 2010 e elevou o total para US$ 72 bilhões.

Ao todo, por causa das contenções na Europa, EUA e América Latina, o gasto militar mundial aumentou em 2011 apenas 0,3%, situando-se em US$ 1,738 trilhão, o que equivale aproximadamente ao PIB da Índia.

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