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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Oposição síria recebe suprimentos, mas união é elusiva


Exército Sírio Livre (ESL) defende suas posições em Homs 

As milícias antes populares da oposição síria estão se transformando em uma força de combate mais eficaz com a ajuda de uma rede cada vez mais sofisticada de ativistas aqui no sul da Turquia, que está contrabandeando suprimentos pela fronteira, incluindo armas, equipamentos de comunicação, hospitais de campo e até mesmo salários para os soldados que desertam.

A rede reflete um esforço para forjar um movimento de oposição ligando organizações militares, governamentais e humanitárias, que juntas possam não apenas derrotar as forças armadas vastamente superiores do presidente Bashar Assad, mas também substituir seu governo.

Apesar de ser cedo demais para se falar em um Estado dentro do Estado, a crescente sofisticação do esforço ressalta a natureza em evolução do conflito e como o controle sobre as áreas norte e noroeste do país está lentamente escapando do governo. A rede está surgindo em um momento de aumento das tensões com a Turquia e em meio a relatos de múltiplas deserções de altos oficiais do exército sírio, muitos deles agora ajudando a oposição. A Turquia se sentou na última terça-feira (26) com seus aliados na Otan para discutir uma resposta ao abate de um de seus aviões pela artilharia síria, enquanto a Turquia noticiou que um general e dois coronéis desertaram da Síria, elevando o total para mais de uma dúzia.

O empreendimento da oposição aqui constitui mais do que apenas transportar os suprimentos necessários. A meta maior, mas elusiva, é criar uma coesão e cooperação entre as milícias espalhadas que constituem o Exército Livre Sírio, assim como quaisquer governos civis locais que surgirem.

Atualmente há 10 conselhos militares dentro da Síria, disseram os ativistas, incorporando virtualmente toda cidade importante ou área rural em revolta, com a notável exceção de Homs, onde as diferenças faccionárias continuam atrapalhando a união. Os ativistas que trabalham com o Conselho Nacional Sírio, o principal grupo de exilados sírios, emitem pacotes mensais de pagamento, a partir de US$ 200 por soldado, com mais para os oficiais e uma pensão para as famílias daqueles que foram mortos.

O dinheiro, disseram os ativistas, ajuda a assegurar a disciplina entre os conselhos militares, necessária para o planejamento dos ataques mais coreografados contra as forças de Assad, em vez de atos aleatórios de sabotagem. "As operações militares precisam se tornar mais estratégicas", disse Hasan Kasem, 31, um ativista que fugiu de Aleppo, Síria, em fevereiro, quando foi convocado para o serviço militar.

O general Robert Mood, chefe norueguês dos observadores da ONU na Síria, disse ao Conselho de Segurança na semana passada que a resistência está se tornando cada vez mais eficaz, disse um diplomata que estava presente.

O general atribuiu isso a uma maior experiência, em vez de armas melhores ou maior coordenação, mas os ativistas da oposição discordam. Kasem descreveu como os líderes militares dividiram Aleppo e as áreas a oeste, na direção da fronteira turca, em cinco setores sob um conselho militar geral chamado Brigadas Livres do Norte. "O grupo mudou de um grupo militar voluntário para um corpo de fato, uma estrutura militar muito mais organizada", disse Kasem. "Eles tinham que se tornar um exército organizado, caso contrário se tornariam uma gangue."

O esforço da oposição agora também envolve o envio de armas que podem enfrentar tanques. "Ainda não é uma estratégia decisiva, é apenas uma tentativa de ajustar o equilíbrio militar", disse um membro do Conselho Nacional Sírio, falando sob a condição de anonimato porque o contrabando de armas é um assunto secreto.

Os governos ocidentais têm relutado em fornecer à oposição uma grande quantidade de armas sofisticadas, por temor de que caiam em mãos erradas. Aparentemente cientes dessa preocupação, os oficiais da oposição dizem que os recebedores são cuidadosamente avaliados. "Nós temos que verificar as pessoas", disse um oficial, que não estava autorizado a falar publicamente. "Você não quer fornecer equipamento para pessoas que não conhece."

Em Aleppo, cada setor envia um represente para uma sala de operações dirigida pelo conselho militar, disse Kasem. Mas os ativistas admitem um atrito entre os conselhos militares e os líderes civis tradicionais de famílias proeminentes, que assumiram quando o governo sírio evaporou, e que se ressentem de serem ofuscados.

Um conflito de gerações agrava o problema. Os líderes militares tendem a ser desertores jovens. A ideia é fazer com que os conselhos militares se concentrem em questões táticas, enquanto a estrutura de governo civil, os conselhos revolucionários, distribui a ajuda e mantém vivo o movimento de protesto pacífico.

Essenciais para essa tarefa são pessoas como Rami, um jovem ativista sírio com rabo de cavalo, que deu apenas seu primeiro nome. Até o início do ano passado, ele era um executivo financeiro bem-sucedido em uma empresa de mídia de Damasco. Agora ele mora em um apartamento despojado de dois quartos, onde seu esforço para sustentar o levante inclui encher duas bolsas de lona com câmeras de vídeo, telefones por satélite e aparelhos eletrônicos para converter antenas parabólicas de TV em transmissores.

"Quando você está assim tão perto, você sente que o espírito da revolução ainda está com você, que você ainda faz parte dela", disse Rami, com seu apartamento repleto de colchonetes com estampas florais, usados pelo fluxo constante de desertores do exército e ativistas. "Em Istambul ou qualquer outro lugar, você não é nada, você é uma pessoa preocupada com algo acontecendo em outro lugar."

Alguns dos esforços humanitários parecem casuais. Em uma casa próxima da fronteira, um grupo de homens, com seu capacho na entrada sendo um pequeno tapete cinza com o rosto de Assad, comanda um pequeno negócio de encomendas por correio, cuidando de uma série de pedidos de dentro da Síria: suprimentos médicos, pão fresco e fertilizante para fabricação de explosivos rudimentares.

Com inúmeros rebeldes feridos morrendo na lenta jornada até a Turquia para tratamento, há um esforço ambicioso para melhorar as instalações médicas. "Os feridos estão ficando cada vez piores", disse Monzer Yazji, 48, um especialista sírio-americano em clínica médica do Texas.

Yazji ajudou a fundar a União de Organizações de Ajuda Médica Sírias em janeiro passado, para canalizar os fundos de médicos sírios de todo o mundo. De um apartamento na cidade de fronteira próxima de Reyhanli, Turquia, ela patrocina uma série de projetos, incluindo um esforço para convencer médicos no exterior a bancarem um médico sírio, doarem medicamentos e um salário mínimo.

A organização trouxe 70 ativistas da Síria e os ensinou como transportar pacientes com ferimentos graves. Ela começou a enviar hospitais de campo pela fronteira –cerca de US$ 20 mil em equipamento médico em 20 caixas, o suficiente para encher uma pequena picape– para permitir aos médicos a realização de cirurgias rudimentares. Há projetos mais permanentes, como converter um casarão de dois andares, em uma cidade de fronteira síria sob controle rebelde, em um hospital com 30 leitos.

Os médicos sírios que vivem aqui reconheceram certa tensão com o governo turco com o tempo necessário para liberação de suprimentos de ajuda humanitária pela alfândega, assim como a recusa do governo em relaxar a proibição à atuação de médicos estrangeiros. Vários médicos sírios abriram suas próprias casas para pacientes com ferimentos sérios. Talal Abdullah, um ex-coordenador humanitário na área para o Conselho Nacional Sírio, disse que a certa altura ele lotou seu apartamento com 12 pacientes.

Também há desentendimento entre os sírios, com Abdullah, um dentista cristão de Hama, deixando seu posto no conselho porque disse que a Irmandade Muçulmana alienou os não membros. "O poder deles é que todo o dinheiro e toda a ajuda humanitária estão nas mãos deles, mas não sabemos de onde eles vêm", ele disse.

A posição do governo sírio é de que a insurreição é uma operação estrangeira que visa fragmentar a Síria. As autoridades americanas e autoridades de inteligência árabes disseram que uma pequena unidade da CIA está atuando aqui, selecionando quem recebe as melhores armas. Mas ela não entrou no país, disseram fontes.

 Pelo menos dois ativistas reconheceram saber a respeito de contatos com consultores americanos a respeito de táticas militares, mas não disseram nada mais além disso. Mood disse ao Conselho de Segurança que seus intérpretes foram capazes de identificar alguns poucos estrangeiros pelo sotaque, mas nenhuma presença significativa, disse o diplomata no Conselho.

A maioria dos ativistas destacou que os sírios estão simplesmente lutando por uma vida melhor. "A Síria será dividida sobre nossos corpos mortos", disse Manhal Bareesh, 32, filho de um proeminente renegado do Partido Baath na província de Idlib. "Toda vez que alguém morre, eu sinto que é um preço muito alto."

Um comentário:

  1. matéria muito boa a respeito o que REALMENTE esta aconteceno na Siria
    http://inacreditavel.com.br/wp/o-que-significa-realmente-o-conflito-na-siria/

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