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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Estados Unidos e a China caminham naturalmente para posição de rivalidade


Presidente da China, Hu Jintao, se encontra com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama

As relações entre os Estados Unidos e a China estão seguindo um curso que poderá um dia levar a uma guerra.

Neste mês, o secretário de Defesa Leon Panetta anunciou que, até 2020, 60% da Marinha dos Estados Unidos estará atuando no Oceano Pacífico. Em novembro do ano passado, na Austrália, o presidente Barack Obama anunciou a criação de uma base militar norte-americana naquele país, e lançou um ataque ideológico à China ao declarar que os Estados Unidos "continuarão a falar francamente a Pequim sobre a importância do respeito às normas internacionais e aos direitos humanos universais do povo chinês".

Os perigos inerentes às políticas norte-americanas, chinesas e regionais estão expostos em "The China Choice: Why America Should Share Power" ("A Opção China: Por que os Estados Unidos Deveriam Compartilhar Poder"), um livro importante que será lançado brevemente, de autoria do especialista australiano em questões internacionais Hugh White. Conforme ele diz, "Washington e Pequim já estão deslizando naturalmente para uma posição de rivalidade". Para evitar que isso ocorra, White defende vigorosamente um "concerto de poderes" na Ásia como sendo a melhor – e talvez a única forma – de prevenir este iminente confronto. De fato, a base econômica para tal acordo entre Estados Unidos e China já existe.

O perigo de que haja tal conflito não se deve a um desejo da China por liderança global. Fora da região do leste da Ásia, Pequim mantém uma política bastante cautelosa, centrada na vantagem comercial e sem componentes militares, em parte porque os líderes chineses perceberam que seriam necessárias várias décadas e um colossal investimento em forças navais para permitir que a China representasse um desafio global para os Estados Unidos, e que mesmo se fizessem isso seria quase certo que eles fracassassem.

No Extremo Oriente, as coisas são bem diferentes. Durante a maior parte da sua história, a China dominou a região. Quando se tornar a maior economia do planeta, ela certamente tentará restabelecer esse domínio. Embora a China não tenha como criar forças navais capazes de desafiar os Estados Unidos em oceanos distantes, seria muito surpreendente se no futuro Pequim não fosse capaz de estabelecer um poderio baseado em mísseis e na força aérea que fosse suficiente para negar à Marinha dos Estados Unidos acesso aos mares que circundam a China. Além do mais, a China está engajada em disputas territoriais com outros países da região referentes a certos arquipélagos. Essas disputas fizeram com que os sentimentos nacionalistas populares chineses se tornassem bastante intensos.

Com o fim do comunismo, o governo chinês tem apelado fortemente – e com sucesso – para o nacionalismo como base de apoio ideológico ao seu regime. O problema é que, caso irrompam conflitos devido a essas ilhas, Pequim poderá ver-se em uma posição na qual não poderá negociar e costurar acordos sem comprometer seriamente a sua legitimidade doméstica. Essa era basicamente a posição em que se viram as grandes potências europeias em 1914.

Em tais disputas, o nacionalismo chinês colide com outros nacionalismos – particularmente o do Vietnã, que envolve intensos ressentimentos históricos. A hostilidade do Vietnã e da maioria dos outros países da região em relação à China constitui-se ao mesmo tempo na maior vantagem e no maior perigo para os Estados Unidos. Isso significa que os vizinhos da China desejam que os Estados Unidos mantenham a sua presença militar na região. Conforme argumenta White, mesmo se os Estados Unidos se retirassem da área, seria altamente improvável que esses países viessem a se submeter docilmente à hegemonia chinesa.

Mas se os Estados Unidos se comprometessem a ingressar em uma aliança militar com esses países contra a China, Washington correria o risco de se envolver nas disputas territoriais da região. E caso houvesse um confronto militar entre o Vietnã e a China, Washington teria que escolher entre manter uma posição de neutralidade, fazendo assim com que a sua credibilidade como aliado fosse destruída, ou entrar em confronto com a China.

Nem os Estados Unidos nem a China "venceriam" a guerra resultante disso, mas os dois países sem dúvida infligiriam danos catastróficos mútuos e à economia mundial. Se o conflito descambasse para uma guerra nuclear, a civilização moderna seria devastada. Até mesmo um período prolongado de rivalidade militar e estratégica com uma China economicamente poderosa enfraqueceria tremendamente a posição global ocupada pelos Estados Unidos. De fato, a extensão geográfica exagerada da influência norte-americana já é evidente – por exemplo, na negligência de Washington em relação à derrocada dos Estados centro-americanos.

Para evitar isso, a ordem sugerida por White para o Extremo Oriente estabeleceria limites que tanto os Estados Unidos quanto a China concordariam em não ultrapassar – especialmente uma garantia de não recorrer à força sem que houvesse a permissão do outro, ou em uma ação clara de autodefesa. E o acordo mais sensível diria respeito a Taiwan. A China teria que renunciar ao uso da força contra Taiwan, mas em contrapartida é quase certo que Washington teria que aceitar publicamente a meta de reunificação entre Taiwan e a China.

Além do mais, a China teria que reconhecer a legitimidade da atual presença dos Estados Unidos no leste da Ásia, já que essa presença é desejada por outros países da região, e os Estados unidos por sua vez teriam que reconhecer a legitimidade da atual ordem política chinesa, já que ela provocou um grande avanço econômico e ampliou bastante as liberdades reais da população da China. Sob tal parceria, declarações como a do presidente Barack Obama apoiando a democratização da China teriam que ser abandonadas.

Conforme argumenta White, tal concerto de poder entre os Estados Unidos, a China e os países da região seria tão difícil de ser implementado que "não valeria a pena sequer cogitá-lo se as alternativas não fossem tão ruins". Mas, conforme o livro dele explica com uma clareza sinistra, as alternativas poderiam ser verdadeiramente catastróficas.

* Anatol Lieven é professor de estudos do Departamento de Estudos de Guerra do King's College, em Londres, e pesquisador da New America Foundation, em Washington.

4 comentários:

  1. Esses estuidosos criam argumentos estapafurdios para aparecerem, falam muita besteira, se os EUA teve o bom senso de evitar guerra com a Coreia do Norte, porque guerrearia com a China que é muito mais forte? Isso sem contar os inumeros negocios financeiros que existem entre ambos, sendo que a China com seu mega consumo de mais de 1 bilhões e 300 milhõe de habitantes, é o mercado cobiçado por todas empresas de grande porte do planeta. A China sozinha tem população bem maior que toda europa ocidental junta.

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  2. E daí que a China é mais forte que a Coréia do Norte! Os EUA só não invadiram a Coréia do Norte por causa das suas armas nucleares que estaria ao alcance da Coréia do Sul. Você acha que uma coalizão entre EUA, Coréia do Sul e Japão não derrotaria facilmente a Coréia do Norte. Digo no sentido da guerra convencional. Os EUA não precisa de muito para para mandar aquele país para a idade da pedra. Os bombardeiros americanos iriam deitar e rolar, assim como os caças japoneses e sul-coreanos, as Marinhas dos três países também. A China sempre se preparou para a confrontação com os EUA, agora mais ainda. É só dar uma olhada no link a seguir para verificar isso: http://codinomeinformante.blogspot.com.br/2011/09/estaria-china-preparando-um-ataque.html

    Ambos países sabem que uma guerra entre os dois traíra consequências imprevisíveis, mas isso não quer dizer que uma guerra nunca existirá entre esses países. Muitas das empresas americanas estão se retirando da China, porque os chineses não tem poder de compra para comprar os produtos americanos. Os americanos devem para os chineses, que deveria evitar a guerra nesse momento são os chineses, não os americanos.

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  3. O autor do artigo diz o seguinte: "os líderes chineses perceberam que seriam necessárias várias décadas e um colossal investimento em forças navais para permitir que a China representasse um desafio global para os Estados Unidos, e que mesmo se fizessem isso seria quase certo que eles fracassassem."
    Não sei como ele chegou a essa conclusão. Hoje em dia a china já detém a maior marinha do mundo, submarinos nucleares, aviões invisíveis, mísseis com tecnologia para derrubar os satélites americanos e para neutralizar seus porta-aviões. Tecnologia de ponta em guerra eletrônica e um efetivo militar sem comparação no mundo todo, sem falar nos mísseis balísticos nucleares capazes de cruzar o pacífico em direção aos EUA. Certamente uma guerra entre china e EUA levaria muita destruição ao solo americano, algo que o povo americano nunca experimentou em seu próprio solo de forma efetiva. Uma coisa é ver os soldados entrando em navios ou aviões para guerrar do outro lado do mundo, outra bem diferente seria ver as grandes cidades da costa oeste americana atacadas sem piedade. Isso faria o povo americano repensar qualquer guerra. De certo a força chinesa não demoraria mais muitas décadas e ainda a derrota não seria certa, como prevê o autor do artigo.

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    1. Você está equivocado, meu caro. A China nunca teve a maior Marinha do Mundo, tampouco a mais poderosa. Os EUA tem a maior Marinha do mundo. Todos os meios da Marinha Americana somados é equivalente aos números de 13 Marinhas posteriores. Já viu quantos porta-aviões os americanos tem, assim como número de submarinos, sejam eles de ataque ou lançadores de mísseis? A China não tem um porta-aviões se quer na ativa e só tem 4 SSBN. A China não tem nenhum caça furtivo, o único que tem é um protótipo. Do mesmo modo que a China tem mísseis anti-satélite, os americanos também os têm e a anos.

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