terça-feira, 31 de maio de 2011

Rússia está muito próxima de criar sua própria "Legião Estrangeira"

A Rússia está pronta para receber estrangeiros para servirem em suas Forças Armadas pela primeira vez. O Ministério da Defesa da Rússia tem uma proposta que visa a criação de uma Legião Estrangeira nos moldes da Legião Estrangeira Francesa, assim relata os meios noticiosos russos.

Segundo o plano, postado no site do Ministério da Defesa da Rússia nesta semana, os estrangeiros sem dupla nacionalidade seriam capazes de assinar um contratos de cinco anos. A cidadania russa seria concedida depois três de serviço.

Especialistas dizem que a mudança poderia abrir caminho para os cidadãos da CEI (Comunidade dos Estados Independentes) para obter caminho livre para a obtenção da cidadania russa, e assim combater os efeitos da crise demográfica da Rússia em seu atual sistema de recrutamento do exército. Atualmente, os estrangeiros só podem servir nas Forças Armadas da Rússia após a obtenção de um passaporte russo.

Dmitry Rogozin, representante russo na Otan, em Bruxelas, disse no microblog Twitter que “os estrangeiros são capazes de servir no Exército Russo”.

Rogozin saudou a notícia ao jornal Notícias de Moscou dizendo: “Deve haver uma legião estrangeira no exército e um recrutamento de estrangeiros com base em contrato.”

Mirando os russos étinicos

Há cerca de 25 milhões de russos étinicos nos ex-satélites da URSS e a Rússia sempre se interessou em recebê-los de volta, disse Rogozin, e acrescentou que esse plano era uma maneira para atrair esses russos étnicos.

“Eu acredito que os russos étinicos que residem fora da Rússia querem voltar e eles ficariam muito felizes em exercer funções no Exército”, disse Rogozin.

Dando a oportunidade para os estrangeiros também poderia se abrir o caminho para o recrutamento de soldados da Ossétia do Sul e da Abkházia, uma vez que os homens dessas duas regiões lutaram ao lado do Exército Russo na guerra de 2008 contra a Geórgia.

Alexander Golts, especialista militar e um ativista do movimento de oposição Solidarnost, disse que a medida era provável, uma vez que visa preencher a lacuna no serviço militar, devido à diminuição da população da Rússia.

“A Rússia está enfrentando uma lacuna demográfica no momento, e é duvidoso que seremos capazes de sustentar um exército de 1 milhão de homens no futuro”, disse Golts ao Notícias de Moscou.

Segunda Guerra Mundial: A verdadeira história da "Lend Lease Act"

A “Lend-Lease” é uma lei quase desconhecida, mas foi um marco importante durante a Segunda Guerra Mundial. Enquanto o Exército Vermelho lutava contra os alemães, mediante essa leia os Estados Unidos e a Grã-Bretanha entregaram armas, alimentos, aviões e veículos para os soviéticos. Esse apoio foi importante, mas a valentia dos soviéticos foi muito mais.


Países ocidentais terão em seus arsenais 80 mil mísseis de cruzeiro até 2020

Acima o míssil de cruzeiro TAURUS KEPD 350, considerado um dos mais modernos mísseis de sua categoria
Especialistas militares russos afirmam que os países ocidentais disporão de cerca de 80 mil mísseis de cruzeiro até 2020, afirmou o chefe adjunto do Estado Maior das Forças Armadas Russas, Igor Sheremet.

“Segundo previsões, para o ano de 2020 os países ocidentais aumentariam o número de mísseis de cruzeiro para 80 mil unidades, incluindo 2000 com ogivas nucleares”, disse Sheremet a emissora Eco Moscou.

Segundo o general, é evidente que estas armas não se utilizarão unicamente para realizar os exercícios militares ou intimidar o inimigo, mas sim para “impor golpes demolidores”.

Como objeto de conjurar essas ameaças, a Rússia optou por criar o sistema de Defesa Aeroespacial, indicou Sheremet e agregou que este sistema “aglutinará os meios capazes de detectar e repelir o ataque na fase mais rápida e colocará em ação o arsenal de represália”.

O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, anunciou a criação do Sistema de Defesa Aeroespacial em 2010. Se prevê que esse sistema estará operacional até o final deste ano.

Venezuela recebe o primeiro lote de tanques T-72B1

A Venezuela recebeu o primeiro lote de 35 tanques de batalha T-72B1 provenientes da Rússia.

Um total de 35 tanques russos T-72B1 chegou à Venezuela a bordo do navio “Sluisgratch” e foram descarregados no Porto Cabello no último 25 de maio sob intenso esquema de segurança foram transportados ao Forte Paramacay, na cidade de Valência.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou em setembro de 2009 a compra de 92 tanques do tipo T-72, sistemas de artilharia BM-30 ‘Smerch’ e sistemas anti-aéreos. O montante do valor contrato chegou a US$ 2,2 bilhões.

Segundo fontes, a Venezuela recebeu nas últimas semanas ao menos sete navios cargueiros com material bélico.

A versão T-72B1 foi projetada no meio da década de 80 e seu armamento inclui um canhão 2A46M/ D-81TM de 125mm, uma metralhadora coaxial PKT em 7.62x54mmR e uma metralhadora antiaérea NSVT em calibre 12.7x108mm.

Junto com os tanques de batalha, chegaram à Venezuela 16 veículos blindados de combate de infantaria BMP-3, 32 veículos de transporte de pessoal com capacidade anfíbia BTR-80A, 24 laçadores de foguetes moveis 9K51 BMP-21 Grad, 4 4 veículos blindados de observância para unidades de artilharia e 13 ‘tanques-destróier’ 2S23 Nona-SVK.

Também fora fornecido ao país sul-americano 24 morteiros pesados 2S12 "Sani", canhões anti-aéreos de 23mm ZU-23-2, caminhões táticos 4x4 Ural 43206 para transporte de pessoal, posto de comando/comunicações e apoio logístico.

T-72B1 venezuelano em testes na Rússia:

Mladic é o frio rosto da limpeza étnica

O general que ordenou os piores crimes de guerra cometidos na Europa depois da Segunda Guerra Mundial contou com a proteção da Sérvia e de seus leais

Ratko Mladic
No auge de sua carreira como militar na guerra dos Bálcãs, o general sérvio-bósnio Ratko Mladic supostamente cometeu genocídio. Foi em 1995, e suas vítimas, cerca de 8 mil homens muçulmanos refugiados na localidade bósnia de Srebrenica, caíram atingidos por tiros nas costas.

Em sua segunda vida como fugitivo da justiça internacional, os EUA chegaram a oferecer US$ 5 milhões em 2002 pela pista que levasse a seu esconderijo. Uma trajetória tortuosa para o filho de um líder militar dos sérvios da Bósnia assassinado em 1945. Mas, se a vocação de Mladic estava de certo modo marcada pelo destino paterno, sua trágica marca demorará a se apagar da memória coletiva da Bósnia Herzegovina. Ali, as viúvas ainda não enterraram todos os seus mortos.

Mladic nasceu na Bósnia em 1942, na cidade de Bozinovici, e se criou na Iugoslávia do marechal Tito. Aos 20 anos entrou na academia militar de Belgrado, onde se graduou como o número 1 de sua turma. Licenciado com o grau de segundo-tenente, foi o oficial mais jovem de sua época. Dotado para o comando e muito esperto, em 1989 obteve a chefia do Departamento de Educação do Terceiro Distrito Militar em Skopje, capital da Macedônia.

Em 1991, no início das guerras dos Bálcãs, já era subcomandante do exército iugoslavo. Como tal, comandou as tropas que lutaram contra as forças croatas na cidade de Knin. Situada no oeste da Croácia, a maioria de sua população era sérvia e foi a capital da autoproclamada República Sérvia de Krajina.

Prestes a ser promovido a general, em maio de 1992, Mladic ordenou o sítio de Sarajevo. Tão antiga quanto a própria guerra, a estratégia do cerco se prolongou por 43 meses, causou 12 mil mortos e 50 mil feridos (85% deles civis). Foi o mais sangrento na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. As balas dos franco-atiradores, os atentados em mercados de rua, as bombas lançadas no recinto urbano - e as que ficaram espalhadas, mutilando crianças que brincavam na rua - se sucederam sem trégua na capital bósnia. Com as estrelas de general recém-obtidas, Mladic seria nomeado em 1992 chefe do Estado-Maior do exército sérvio da Bósnia.

Casado com Bosa Mladic, tinha dois filhos, Darko e Ana, e dois netos. Ana Mladic se suicidou em 1994 com a pistola favorita de seu pai, que ele ganhou na academia militar. Embora os relatos sobre sua morte não estejam claros, supõe-se que não conseguiu suportar a pressão da trajetória do pai, considerado um criminoso de guerra pela justiça internacional.

Um ano depois de perder sua filha, Mladic cometeria, supostamente, a pior chacina registrada na Europa desde 1945. Especialista em debilitar o rival, seus homens bombardearam durante cinco dias Srebrenica, localidade sob custódia dos capacetes-azuis holandeses e repleta de refugiados civis. Uma vez dentro da cidade, intimidou e chantageou os soldados holandeses (vários dos quais foram capturados como reféns). O que se seguiu compõe uma das imagens mais perturbadoras da guerra balcânica. Um sorridente Mladic separou os homens entre 12 e 77 anos como "suspeitos de crimes de guerra". Dois dias depois foram assassinados a tiros. Vários vídeos da matança, que foi negada por Belgrado durante anos, apareceram em 2005 e chegaram ao Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPIY).
Mladic estava então havia quase uma década licenciado do exército e viveu na Sérvia sem se esconder até 2001. A queda em desgraça do ex-presidente Slobodan Milosevic, seu principal defensor, o obrigou a refugiar-se em Montenegro.

A partir de então foi protegido por seus leais. Até 2002 recebeu sua pensão de ex-militar e, segundo Carla del Ponte, ex-promotora-chefe do tribunal, o governo sérvio ainda protegia seu esconderijo em 2004.

Em 2009 Belgrado mudou de posição e ofereceu US$ 1 milhão por sua detenção. Paradoxalmente, são desse ano as fitas de vídeo em que ele aparece dançando e bebendo em família. Também é visto em férias de inverno. A gravação causou embaraço no governo sérvio, mas confirmou o ânimo desafiador do velho militar.

Há dez anos, quando ainda não temia ninguém, Mladic esteve no estádio de futebol em Belgrado e assistiu a uma partida entre Iugoslávia e China. Protegido por oito guarda-costas, em sua terra ainda o saudavam como um herói.

Em maio do ano passado o TPIY recebeu seus diários de guerra. Sem ser uma confissão em regra, porque Mladic cuidou muito para não se autoinculpar, compõem uma prova essencial para vários processos abertos. Incluindo o de seu chefe político, o sérvio-bósnio Radovan Karadzic. Em junho os Mladic quiseram declará-lo morto para receber a pensão de viuvez. Ontem ele finalmente apareceu. Continuava vivo na Sérvia.

Obama conclui reforma na equipe de segurança nacional dos EUA

O presidente Barack Obama nomeou nesta segunda-feira (30) o general Martin Dempsey (dir.), que comandou uma divisão armada no Iraque, como principal comandante militar dos Estados Unidos
Ao anunciar na segunda-feira que indicaria o general Martin E. Dempsey para chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o presidente Barack Obama concluiu uma ampla reformulação de sua equipe de segurança nacional, no momento em que o governo está entrando em um novo debate sobre o retorno para casa das tropas americanas no Afeganistão.

Dempsey, que se confirmado pelo Senado assumiria o posto do almirante Mike Mullen como mais alto oficial militar do país, nunca se posicionou publicamente sobre quantas tropas seriam retiradas a partir de julho ou a data estabelecida pelo presidente para começar a reduzir a presença militar americana no Afeganistão.

Mas ele entrará em um debate que está fervendo dentro do governo há dois anos. De um lado estão aqueles que querem manter o nível atual das tropas pelo máximo de tempo possível e manter uma estratégia de contra-insurreição, que enfatiza a libertação de regiões-chave de combatentes do Taleban e ajudar o governo afegão a construir instituições estáveis. Do outro lado estão aqueles que querem se concentrar no contraterrorismo, usando menos tropas para executar ataques concentrados contra as forças da Al Qaeda e do Taleban.

Obama não deu dica de para qual lado está inclinado, dizendo apenas que espera que Dempsey, atualmente o chefe do Exército, apresente a ele todas as opções sobre como começar a trazer as tropas americanas de volta para casa.

“Eu espero de você, e do restante do Estado-Maior, aquilo que mais prezo em meus assessores, seu conselho honesto e direto, e todas as opções disponíveis, especialmente no que se refere à nossa mais solene obrigação, a de proteger as vidas de nossos bravos homens e mulheres de uniforme”, disse Obama ao general em uma cerimônia no Jardim das Rosas da Casa Branca.

Como chefe do Estado-Maior, Dempsey será o mais alto assessor militar do presidente, trabalhando ao lado de Leon E. Panetta, o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), que poderá ser nomeado secretário de Defesa quando Robert M. Gates se aposentar no final de junho, e do general David H. Petraeus, um forte defensor da estratégia de contra-insurreição e o comandante encarregado de executá-la, que assumirá o posto de Panetta na CIA.

O presidente escolheu Dempsey em vez do general James Cartwright, que era visto como defensor da abordagem mais limitada de contraterrorismo defendida pelo vice-presidente Joe Biden e por vários outros assessores do governo. Ao escolher Dempsey, Obama de certo modo cedeu às preferências de Mullen, cujo mandato expirará em 30 de setembro, e Gates, que segundo colegas ficou descontente quando Cartwright aconselhou a Casa Branca durante o debate sobre o aumento de tropas em 2009, o deixando de fora da conversa.

O debate sobre a escala e o ritmo de qualquer retirada de tropas se desenvolverá tendo como fundo considerações de política doméstica e exterior. Muitos democratas no Congresso, e até mesmo alguns poucos republicanos, já estão começando a pedir por uma retirada mais rápida, após a morte de Osama Bin Laden neste mês e as crescentes pressões fiscais sobre o governo. Esses pedidos poderiam fortalecer a mão de assessores como Biden, que defendem uma missão menor e mais focada.

Além disso, as autoridades americanas começaram a apoiar seus pares afegãos nas negociações com o Taleban afegão, parte do esforço para acelerar uma reconciliação política. Esses esforços ainda não deram frutos, mas oficiais militares disseram esperar que morte de Bin Laden forçasse o Taleban a reconsiderar sua posição.

Obama citou o debate na segunda-feira, quando notou que Dempsey entendia que “os ganhos na segurança e o progresso político precisam caminhar de mãos dadas”.

O presidente também anunciou a nomeação do almirante James A. Winnefeld Jr. como vice chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, substituindo Cartwright, que está se aposentando.

Winnefeld atualmente é o mais alto oficial do Comando do Norte, baseado em Colorado Springs, Colorado, um quartel-general criado após os ataques de 11 de Setembro de 2001 e cuja responsabilidade é a defesa do território americano.

O almirante estava no comando do porta-aviões Enterprise, que estava voltando para casa, após um envio ao Oriente Médio, quando soube dos ataques terroristas de 11 de Setembro em Washington e Nova York. Winnefeld, sem aguardar ordens do Pentágono, ordenou que o porta-aviões desse meia volta para ficar em posição de ataque, caso uma ação fosse ordenada, o que ocorreu em questão de semanas.

De modo semelhante, em abril de 2004, a 1ª Divisão Blindada de Dempsey estava concluindo seu serviço de 12 meses em Bagdá quando ele recebeu uma nova e última missão, permanecer 90 dias adicionais para reprimir a rebelião xiita que inflamava a região centro-sul do Iraque.

Mas um quarto de seus 30 mil soldados e mais da metade de seus 8 mil tanques, blindados e peças de artilharia já tinham deixado o Iraque. Dempsey chamou de volta suas tropas e blindados e os enviou para combater as milícias xiitas.

“Eu reuni todos os meus comandantes e lhes disse que iríamos demonstrar que uma força pesada pode ser ágil, colocando pesado e ágil na mesma sentença, um lugar onde nunca estiveram antes”, disse Dempsey em uma entrevista na época.

Ele montou uma contraofensiva que combinou ataques ferozes, negociações políticas e uma rápida injeção de dinheiro de reconstrução nos bairros danificados para derrotar as milícias xiitas e compensar a influência delas.

O presidente nomeou outro veterano da guerra no Iraque, o general Ray Odierno, para substituir Dempsey como chefe do Exército. Odierno já tinha servido três vezes no comando de combate no Iraque antes de ser nomeado mais alto oficial do Comando das Forças Conjuntas das forças armadas.

Apesar de Petraeus ter recebido o crédito por reverter a situação de uma missão que estava fracassando no Iraque, foi Odierno, na época o segundo em comando, que esteve encarregado dos combates diários durante o aumento das tropas.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Orçamento militar americano poderá cair US$ 1 tri em 10 anos

Rejeição popular às guerras e luta contra o deficit levam a cortes

A rejeição popular às guerras do Afeganistão e do Iraque, a pressão contra o deficit federal e até a morte de Osama bin Laden. Tudo isso empurra os EUA para algo não visto há mais de uma década: um corte sério dos gastos militares.

O presidente Barack Obama já pediu uma diminuição de US$ 400 bilhões até 2023, mas propostas em circulação e as projeções gerais estimam que o orçamento da Defesa pode cair até US$ 1 trilhão em dez anos.

Hoje, cerca de um quarto de tudo o que o governo gasta vai para Defesa. Mas em um país que se acostumou desde o fim da Guerra Fria a gastar mais do que todo o resto do mundo combinado nessa área, a tarefa é uma briga de foice.

A começar dentro do Pentágono. Com gastos básicos cotados neste ano em US$ 549 bilhões, o secretário da Defesa, Robert Gates, já pediu para 2012 outro aumento: US$ 553 bilhões. Em 2011, se somados o que é pedido separadamente para as guerras (US$ 159 bilhões), defesa nacional (US$ 44 bilhões), gastos com veteranos (US$ 122 bilhões) e outros itens, o total ultrapassa US$ 1 trilhão.

Gates ordenou nova revisão dos custos na semana passada, mas não especificou quanto e onde cortar. Ele alertou que, "se vamos reduzir o tamanho das forças americanas, as pessoas precisam fazer escolhas conscientes sobre as implicações para a segurança do país." Ainda assim, segundo analistas, nunca desde a virada do século a conjuntura foi tão favorável ao corte no orçamento da Defesa.

"As forças que estão puxando o corte são bastante poderosas e externas ao Pentágono", disse à Folha Gordon Adams, pesquisador em Defesa da American University, em Washington.

"A primeira é a pressão contra o deficit, que está no centro da política americana hoje, e, em seguida, vem a diminuição da preocupação com as guerras."

O deficit público dos Estados Unidos está estimado em US$ 1,6 trilhão neste ano -a dívida já atingiu o teto permitido pelo Congresso, de US$ 14,3 trilhões.

Adams afirma que está ocorrendo uma reprodução das forças em ação entre 1985 e 1998, quando os gastos com defesa caíram muito.

"A queda então foi puxada por questões fiscais e o declínio da preocupação com combates após o fim da Guerra Fria", diz.

"Já estamos vendo sinais disso. O que foi destinado para o ano fiscal atual tinha US$ 20 bilhões a menos do que o secretário da Defesa pediu." Para ele, o problema do Pentágono é que, como dobraram os gastos nos últimos dez anos, perderam toda a disciplina.

Sítio nuclear soviético sob proteção dos americanos

Em vermelho, a posição exata do Sítio de Testes Nucleares de Semipalatinsk (Semipalatinsk-21)
Duas décadas depois da queda da União Soviética, e de dezenas de milhares de soldados terem abandonado seus postos neste sítio remoto no nordeste do Cazaquistão, as pegadas de outra grande potência -os EUA- estão cada vez mais visíveis.

O Departamento de Defesa dos EUA vem pagando por aeronaves não tripuladas e detectores de movimentos para localizar intrusos e evitar o furto do que os soviéticos deixaram para trás em áreas de terra e no labirinto de túneis que usavam para realizar testes atômicos: entre outras coisas, plutônio e urânio altamente enriquecidos que poderiam ser usados na fabricação de um artefato nuclear improvisado.

A Rússia está, com alguma hesitação, compartilhando materiais de arquivo sobre testes feitos na era soviética, e os EUA estão pagando para retirar materiais que poderiam ser usados na produção de armas ou para armazenar os materiais em segurança. O Cazaquistão está fornecendo a mão de obra, mas, pelo fato de não ser uma potência nuclear, suas autoridades são proibidas de saber exatamente o que é que estão protegendo.

"As pessoas me perguntam se estamos fazendo a coisa certa ao fechar o acesso aos túneis", disse Kairat K. Kadyrzhanov, diretor-geral do Centro Nuclear Nacional do Cazaquistão. "E eu digo que não sei o que há ali e não tenho o direito de saber."

Em 1948, na corrida para romper o monopólio americano sobre as armas nucleares, a União Soviética escolheu essa área para testar suas próprias armas. Com a queda da União Soviética, entre 20 mil e 30 mil soldados se retiraram de suas posições, deixando 500 soldados cazaques vigiando o sítio, contou Kadyrzhanov.

Desde então, o sítio de testes -ou os materiais físseis deixados no local- vem sendo motivo de preocupação para os EUA. Em 2003, autoridades cazaques contaram a um repórter da revista "Science" sobre a chamada Operação Marmota, na qual a terra contaminada por plutônio foi pavimentada com uma camada de dois metros de espessura de concreto reforçado com aço.

Telegramas divulgados pelo WikiLeaks, no ano passado, descrevem um esforço urgente para "impedir que materiais residuais nucleares caiam em mãos de terroristas", como disse um alto funcionário da Defesa em 2009.

Segundo o Instituto de Segurança de Radiação e Ecologia do Cazaquistão, depois de serem proibidos os testes sobre a superfície, os soviéticos detonaram 295 artefatos em 181 túneis sob os Montes Degelen. Cada explosão consumiu entre 1% e 30% do material físsil do artefato, deixando o combustível remanescente misturado com escombros e rochas derretidas no subsolo.

Depois da posse de Obama, os americanos pediram que o ritmo dos trabalhos fosse multiplicado por cinco, segundo Kadyrzhanov. De acordo com ele, a Rússia, que durante anos se recusou a compartilhar documentos soviéticos sobre o sítio, vem cooperando mais. "O perigo de a Rússia ocultar algo se reduziu", disse.

Com o colapso soviético, as atividades no sítio terminaram de modo tão repentino que um artefato nuclear que tinha sido colocado em um túnel, sendo preparado para um teste, ficou no local, sem ser explodido, até 1995, quando técnicos conseguiram destruí-lo sem criar uma reação nuclear, de acordo com o Centro Nuclear Nacional.

Enquanto isso, o sítio enorme estava desprotegido, e ladrões vasculhavam os túneis em busca de cabos de cobre que pudessem ser vendidos a comerciantes chineses.

Inicialmente, o problema parecia ser administrável. Em 1999, o senador Richard Lugar, republicano do Indiana, anunciou que o esforço financiado pelos EUA estava fechando definitivamente o último dos túneis. Mas ladrões locais usaram máquinas de terraplanagem e explosivos para reabrir os túneis. Em 2004, segundo o Centro Nuclear Nacional, 110 dos 181 túneis selados já tinham sido reabertos.

O esforço que teve início depois disso foi mais caro, mais urgente e mais sigiloso, em parte porque, depois do 11 de setembro de 2001, temia-se que materiais radioativos pudessem ser utilizados para a fabricação de bombas sujas. Em 2009, as autoridades americanas intensificaram a pressão sobre suas parceiras cazaques para que terminassem de selar os túneis no prazo de dois anos.

Kadyrzhanov disse que as cavidades estão sendo preenchidas com concreto que absorve resíduos de plutônio, de modo que "é mais fácil produzir plutônio a partir do zero em uma usina nuclear" do que extrair o material.

Se, disse Kadyrzhanov, algum político irresponsável tornar-se presidente do Cazaquistão e disser "'quero extrair plutônio daqui', ele teria um trabalho muito árduo pela frente. Estamos fechando o sítio de tal maneira que será praticamente impossível para gerações futuras extraírem o plutônio."

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A hegemonia americana sobre tecnologia "stealth" está ameaçada por Rússia e China

Na foto, o PAK-FA T-50 levanta vôo pela primeira vez na data de 29 de janeiro de 2010
Os americanos parecem que se deram conta de uma vez por todas que sua superioridade aérea está correndo um sério perigo, isso se deve ao fato de Rússia e China terem dominado a chamada tecnologia “stealth” (baixa assinatura ao radar). No último 24 de maio, altos oficiais das Forças Armadas Americanos expressaram junto ao Congresso americano seu temor em relação aos caças de 5ª geração da Rússia e China.

“É um fator desalentador (em referência aos avanços russos e chineses)”, expressou o tenente-general, Herbert Carlisle, junto ao Comitê de Serviços Armados do Senado norte-americano. Carlisle integra o Departamento de Operações, Planos e Requerimentos.

O relatório de Carlisle, fazia referência ao desenvolvimento dos caças multifuncionais de 5ª geração que Rússia e China está desenvolvendo. Nunca é demais lembrar que o caça russo leva a nomenclatura de Sukhoi PAK-FA T-50 e o caça chinês é conhecido como Chengdu J-XX.

“Creio que no momento estamos adiantados com relação aos demais, mas me parece que nossa vantagem durará menos tempo do que o previsto”, disse Carlisle.

Carlisle adiantou que os EUA trabalham na tecnologia furtiva desde o final dos anos 70, quando a Força Aérea Americana, tempo esse que fora desenvolvido o caça F-117 Nighthawk, agora retirado do serviço ativo.

No entanto, Carlisle advertiu que tanto Rússia, como China, serão capazes de desenvolver esses caças da noite para o dia. Mas parece que Carlisle se esquece que a Rússia vem trabalhando na tecnologia furtiva anos a fio e que se hoje existe caças furtivos, isso se deve aos trabalhos do físico soviético Petr Ufimtsev. Por falar em soviéticos, existe um post nesse mesmo blog, de nome “Rússia Invisível: A caçada ao invisível”, que exibi um documentário em russo, com tradução para o inglês, que fala um pouco da tecnologia furtiva russa. Os estudos e experiências soviéticas remontam os estudos e experiências americanos. O documentário traz uma entrevista com Petr Ufimtsev, nada mais, nada menos que o pai das aeronaves furtivas americanas (F-117 Nighthawk e B-2 Spirit).

“É muito difícil desenvolver estas coisas”, afirmou Carlisle ao recordar das dificuldades que os EUA tiveram para materializar os projetos das aeronaves furtivas B-2 Spirit, F-22 Raptor e F-35 Joint Strike Fighter.

Site sul-africano afirma que Uganda esta adquirindo caças russos

Uganda esta adquirindo alguns caças juntos à Rússia, supostamente caças multi-funcionais Su-30, assim informa o site sul-africano Defenceweb.co.za. De acordo com o site, a aquisição custaria US$ 740 milhões para Uganda. As informações foram dadas pelo porta-voz das Forças Armadas Ugandesas, o tenente-coronel Felix Kulayigye.

“O poderio da Força Aérea forma parte de nossa política de defesa de integridade territorial e dos recursos. Mas está política não é destinada a nossos vizinhos”, disse Kulayigye. “Nossa política é defensiva, não é agressiva”, acrescentou.

Uganda planeja começar o refinamento de petróleo na zona do Lago Alberto, na fronteira com a República Democrática do Congo, e está adquirindo armas para garantir sua segurança.

Segundo o jornal “East Africa”, do Quênia, os recursos par aaquisião dos caças foram “tomados” do Banco Central de Uganda sem autorização do parlamento. No entanto, más tarde, o Legislaivo aprovou a aquisição dos caças.

“Todo país deve estar bem preparado para poder defender seus interesses estratégicos”, declarou o ministro de Informação de Uganda, Kabakumba Matsiko.

Segundo o site Defenceweb.co.za, Uganda está preocupada com a instabilidade no Sudão do Sul e com a fronteira com a República Democrática do Congo.

Em abril de 2010, agências de notícias e jornais da Rússia informaram que a estatal russa Rosoboronexport, que é responsável pela exportação de material bélico, firmou um contrato de fornecimento de seis caças Su-30MK2 para Uganda. Ademais, Kulayigye refutou a notícia. Segundo Kulayigye, os custos de aquisição de seis Su-30MK2 são demasiadamente caros para o seu país. No entanto, afirmou que seu país enviou seis MiG-21 para serem modernizados.

Quando é válido matar em uma guerra?

Quase um mês depois que comandos americanos mataram Osama bin Laden, parece muito provável que o líder líbio Muammar Gaddafi se encontre agora na mira da comunidade internacional, e que eventualmente tenha o mesmo destino.

Nem os EUA nem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) têm como política oficial assassinar chefes de Estado. Funcionários insistiram publicamente que Gaddafi não é considerado um alvo. Entretanto, aviões da Otan atacaram uma casa em Trípoli onde Gaddafi e sua esposa se hospedaram este mês, e mataram um filho dele de 29 anos e três netos menores de 12, segundo Moussa Ibrahim, porta-voz do governo líbio. Ibrahim acrescentou que pelo menos para os funcionários líbios o objetivo da Otan era muito claro: assassinato.

Desde meados de março a Otan aplicou a resolução da ONU destinada a proteger a oposição líbia da cólera de Gaddafi, mediante bombardeios constantes e o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea nos céus líbios. Somente na semana passada Luis Moreno-Ocampo, promotor do Tribunal Penal Internacional, anunciou que pedirá ordens de apreensão contra Gaddafi e vários de seus colaboradores mais próximos, incluindo um de seus filhos e um cunhado, pela acusação de atacar civis. Gaddafi desafiou esta e outras resoluções da comunidade internacional e continua fugitivo dentro da Líbia.

Gaddafi não é Bin Laden, mas poderia ter a mesma sorte. A versão oficial é que Bin Laden "resistiu" durante a operação militar dos EUA no Paquistão, e portanto foi executado. Quer dizer, a morte do líder da Al Qaeda foi apresentada como um ato de guerra.

Poderia ocorrer o mesmo com Gaddafi? Foi o que perguntei em uma entrevista ao secretário-geral da Otan, o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen.

"O objetivo de nossa operação é proteger civis contra ataques", ele me disse. "Mas é difícil imaginar que os ataques contra civis possam ser detidos enquanto Gaddafi se mantiver no poder. Por isso a clara mensagem é que acabou o tempo de Gaddafi."

Depois lhe perguntei se Gaddafi e sua família eram alvos militares específicos.

"Não, não atacamos indivíduos", respondeu Rasmussen. "Temos como objetivo instalações militares que podem ser usadas para atacar civis. Por essa razão atacamos tanques, veículos de guerra, lançadores de foguetes, depósitos de munição e centros de controle. Portanto, estamos atacando unidades militares, e não indivíduos."

Durante minha conversa com Rasmussen, ele também expressou sua opinião de que a Primavera Árabe, que já transformou a Tunísia, o Egito e o Iêmen, poderia se estender a outras regiões do planeta. A Primavera Árabe poderia se transformar na primavera cubana, ou mesmo na primavera venezuelana?

"Estou muito entusiasmado com o que estamos vendo na África do Norte e no Oriente Médio. É um forte chamado à democracia e à liberdade. Demonstra que a força maior no mundo é o desejo humano de liberdade", ele comentou. "Por isso não me surpreenderia se as rebeliões que vimos no norte da África e no Oriente Médio se estendam a outras partes do mundo onde há regimes que ainda creem que podem conseguir seus objetivos reprimindo a população."

Terminei a entrevista com o líder da organização militar mais poderosa do mundo com uma pergunta filosófica: Quando é legítimo iniciar uma guerra e matar?

"A guerra deve ser absolutamente a última opção - quando tudo falhou para encontrar a solução para os conflitos", disse-me. "No entanto, creio que algumas vezes é preciso estar preparado para uma operação militar que busque a paz. E se esse for o caso essa operação militar deveria se basear nos princípios da Carta da ONU."

Em outras palavras, para Rasmussen há guerras que devem ser combatidas - e a da Líbia é uma delas. E se esse for o caso a única opção para Gaddafi é resistir. Mas nestes tempos de guerra resistir é morrer.

Democracia na Síria pode mudar todo o Oriente Médio

Protestos em Duma, cidade próxima a Capital da Síria, Damasco
Há uma história circulando entre os usuários libaneses do Facebook, sobre um ativista pró-democracia sírio que outro dia foi parado em um posto de controle do exército sírio. Dizem que ele tinha um notebook e um pendrive no assento do passageiro ao seu lado. O soldado sírio os examinou e então perguntou ao motorista: “Você tem um Facebook?” “Não”, disse o homem, então o soldado o deixou passar.

É para se ter pena daquele soldado sírio à procura de um Facebook no assento do passageiro, mas esse é o tipo de regime. A Síria realmente não sabe o que a atingiu –como o Estado policial mais rígido na região poderia perder o controle sobre sua população, armada apenas com câmeras de celular e, sim, acesso ao Facebook e YouTube.

É possível ver como aconteceu apenas com um exemplo: vários dissidentes sírios se uniram e criaram do nada a “SNN” –Shaam News Network– um site de notícias que está postando as fotos de celular e os feeds do Twitter que vêm dos protestos por toda a Síria. Muitas emissoras de TV de todo o mundo, todas proibidas de entrar na Síria, estão usando as imagens divulgadas pela “SNN”. Minha aposta é que a “SNN” custa não mais do que apenas alguns poucos milhares de dólares e é o site obrigatório para se buscar vídeos do levante sírio. Desse modo, um regime que controlava todas as notícias, agora não consegue mais.

Eu não vejo como o presidente da Síria, Bashar Assad, pode durar –não devido ao Facebook, que seu regime adoraria poder confiscar, se pudesse encontrar esse raio de coisa– mas por causa de algo escondido a plena vista: muitas, muitas pessoas sírias que perderam o medo. Apenas na sexta-feira, o regime matou pelo menos mais 26 pessoas de sua própria população em protestos por todo o país.

Esta agora é uma luta até a morte –e é o maior espetáculo na terra, por um simples motivo: a Líbia implode, a Tunísia implode, o Egito implode, o Iêmen implode, o Bahrein implode –mas a Síria explode. O surgimento da democracia em todos esses outros países árabes mudaria seus governos e teria implicações regionais a longo prazo. Mas a democracia ou o colapso na Síria mudaria todo o Oriente Médio da noite para o dia.

Um colapso ou democratização do regime sírio teria ramificações imensas para o Líbano, um país que a Síria controla desde meados dos anos 70; para Israel, que conta com a Síria para manutenção da paz nas Colinas de Golã desde 1967; para o Irã, já que a Síria é a principal plataforma do Irã para exportação da revolução para o mundo árabe; para a milícia xiita libanesa Hizbollah, que recebe foguetes do Irã via Síria; para a Turquia, que faz fronteira com a Síria e compartilha muitas de suas comunidades étnicas, particularmente os curdos, alauitas e sunitas; para o Iraque, que sofreu com o fato de a Síria servir como entrada para homens-bomba jihadistas; e para o Hamas, cujo líder se encontra em Damasco.

Como a Síria é um país chave, há uma tendência entre seus vizinhos de esperar que o regime de Assad possa ser enfraquecido –e portanto moderado– mas não quebrado. Poucos ousariam confiar no povo sírio para desenvolvimento de uma ordem social estável a partir das cinzas da ditadura Assad. Esses temores podem ser apropriados, mas nenhum de nós vota. Apenas os sírios, e eles estão votando com seus pés e com suas vidas pela oportunidade de viverem como cidadãos, com direitos e obrigações iguais, e não peões de um regime mafioso.

Mais do que em qualquer outro país árabe hoje, os manifestantes pró-democracia na Síria sabem que quando saem para exigir pacificamente liberdade, eles estão enfrentando um regime que não hesita em matá-los. Os libaneses ficaram surpresos com sua simples coragem.

“Nós temos uma obrigação de solidariedade com pessoas em apuros, que estão lutando por sua liberdade e sua dignidade com meios não-violentos”, disse Michel Hajji Georgiou, um escritor do jornal “L’Orient Le Jour” de Beirute e um dos responsáveis pela Revolução do Cedro ocorrida aqui, em 2005. “Não é possível uma democracia estável no Líbano se não houver democracia na Síria.”

É claro, a pergunta de um milhão de dólares que paira sobre a rebelião síria, e todas as rebeliões árabes, é: as pessoas realmente podem se unir e redigir um contrato social para viverem juntas como cidadãos iguais –e não como seitas rivais– assim que a mão de ferro dos regimes é removida?

A resposta não é clara, mas quando se vê tantas pessoas desafiando pacificamente esses regimes, como na Síria, isso diz que algo muito profundo deseja vir à tona. Diz que apesar de nenhum árabe ser um cidadão atualmente, com direitos plenos e obrigações, como disse Hanin Ghaddar, editora do “NOWlebanon.com”, um site que acompanha as revoluções, “eles querem ser”, e essa é a razão de ser dos levantes.

Ghaddar acrescentou que ela voltou recentemente de Nova York, onde se deparou com manifestações rivais no Central Park, entre pessoas insistindo que charretes puxadas por cavalos eram ok, e ativistas de direitos dos animais, argumentando que essas charretes de rua colocavam em risco os cavalos. “Eu pensei: ‘Oh, meu Deus! Eu quero viver em um país onde eu tenha o luxo de me preocupar com o direito dos animais’’”, não com direitos humanos. “Nós ainda estamos longe desse luxo.”

Memorando interno da Otan revela medidas para conter ameaças de ciberataques

Um memorando interno da Organização do Tratado do Atlântico Norte obtido por “Der Spiegel” demonstra como a aliança militar está preocupada com as ameaças do ciberespaço e como ela pretende enfrentá-las “de frente”. O documento também adverte os membros da Otan que, para que as suas defesas comuns sejam robustas e seguras, cada um terá que fortalecer as suas defesas nacionais contra esse tipo de ataque.

A Otan está aumentando cada vez mais as pressões sobre os seus membros para que estes fortaleçam as suas defesas no ciberespaço e tomem medidas mais agressivas contra os chamados “ciberatacantes” que atuam na Internet, segundo um memorando interno do secretário geral da organização, Anders Fogh Rasmussen, que foi obtido por “Der Spiegel”.

O documento, intitulado “Conceito sobre Ciberdefesa da Otan”, adverte que a “escala e a sofisticação dos ciberataques contra as próprias redes da Otan e contra as infraestrutura críticas dos seus aliados estão aumentando sem parar” e observa que a ameaça evoluiu de “ações preponderantemente de espionagem e de exploração... para ataques de efeitos generalizadas”.

O documento enfatiza que é não apenas “vital garantir que o acesso ao ciberespaço seja confiável e seguro”, mas também que a Otan “esteja preparada para antecipar, prevenir e defender” contra qualquer ameaça externa nessa área – e ainda que a organização confronte essa ameaça “de frente”.

“O crescimento exponencial do volume e da sofisticação das atividades maliciosas no ciberespaço, bem como a velocidade com que isso tem acontecido, evidenciam a necessidade de enfatizar mais a prevenção em vez de a reação”, declarou Rasmussen no documento. Para atingir esse objetivo, ele acrescentou que a Otan e os seus aliados precisam “criar e, se necessário, desenvolver uma rede robusta de capacidade de defesa profunda no ciberespaço a fim de atrasar o avanço dos atacantes, proporcionar detecção antecipada por meio da vigilância e instrumentos de alerta avançados e conter danos potenciais”.

O documento revela muita coisa sobre como a aliança militar encara a atual ameaça e como ela responderia. Embora o texto admita que terrorista, criminosos e “hackers renegados” poderiam lançar ataques, ele diz que “os Estados continuam sendo as fontes mais capazes de ciberataques”. Segundo o documento, se um dos países membros da aliança fosse alvo de uma ataque desse tipo, o Conselho do Atlântico do Norte teria que tomar uma decisão coletiva a respeito de como responder.

Um compromisso de longo prazo
A seguir o memorando expõe uma lista de medidas planejadas para melhorar “as capacidades da Otan de detecção, avaliação, prevenção, defesa e recuperação em caso de um ciberataque”. Entre as medidas propostas estão o desenvolvimento de “defesas mais sofisticadas” e a centralização da “governança da defesa no ciberespaço para todos os comandos e agências da Otan sob uma única autoridade, a Autoridade de Gerenciamento de Ciberdefesa”. Rasmussen deverá apresentar os detalhes desse “plano de ação” em junho.

O memorando da Otan também reconhece que a eficácia um sistema amplo de ciberdefesa ao qual vários Estados membros tivessem acesso dependeria da eficiência do seu elo mais fraco. Por esse motivo, ele encoraja os membros da aliança a “alcançarem um patamar mínimo de ciberdefesa a fim de reduzir as vulnerabilidades a infraestruturas nacionais críticas, fortalecendo desta maneira a resistência a ataques e reduzindo os riscos para toda a aliança”. Para isso, acrescenta o texto, será necessário “um compromisso de longo prazo”.

O documento indica que a aliança pretende contar com “capacidade operacional integral” para responder às ameaças do ciberespaço até 2012.

Na Alemanha, o Conselho de Segurança Nacional do Ciberespaço fez recentemente a sua primeira reunião para coordenar os trabalhos do seu recém-criado Centro de Resposta Nacional no Ciberespaço.

O amado, além de eficiente, soldado canino

Fuzileiros navais americanos faziam patrulha a pé em Marja, no Afeganistão, um reduto do Taleban, quando mataram a tiros uma ameaça letal: um cachorro local que atacou seu cão labrador.

Se o labrador tivesse se ferido, os marines teriam perdido sua melhor arma de detecção de bombas escondidas à beira de estradas, e eles teriam chamado um helicóptero para fazer a retirada do ferido. Um ataque ao labrador era um ataque a um guerreiro companheiro. Como disse nesse dia o capitão Manuel Zepeda, comandante da companhia F do segundo batalhão da sexta unidade de Marines, "consideramos o cachorro um marine a mais".

O cão que participou do ataque lançado por comandos Seals da Marinha americana contra a mansão de Osama bin Laden no último 2 de maio -e cuja identidade não foi revelada- vem gerando uma onda de interesse pelos cães militares, que estão sendo usados pelos Estados Unidos pelo menos desde a Primeira Guerra Mundial e cada vez mais empregados no Afeganistão.

As tropas americanas podem estar se preparando para deixar o Afeganistão no verão americano, mas mais cachorros serão enviados. Até o final do ano, a expectativa é que haja quase 650 cães farejadores de bombas no Afeganistão. As Forças Armadas americanas têm cerca de 2.700 cachorros que prestam serviço militar ativo. Antes dos ataques de 11 de Setembro, havia 1.800.

Os cães militares são usados para proteção, perseguição, rastreamento e operações de busca e resgate, mas também, com frequência cada vez maior, para farejar as bombas de produção caseira que causam a maioria das baixas americanas no Afeganistão. Até agora, não existe nenhuma tecnologia que os supere.

As raças preferidas nas Forças Armadas são o pastor alemão e o pastor belga, ou Malinois, mas os fuzileiros navais no Afeganistão usam labradores puros-sangues devido ao faro apurado e ao temperamento não agressivo e ansioso por agradar. Hoje, os cães acompanham patrulhas terrestres de marines na província de Helmand, no sul do Afeganistão, andando livremente 90 m ou mais à frente das patrulhas e fazendo as vezes de detectores de bombas. Trata-se do trabalho crucial de um cão altamente treinado (e cujo treinamento pode custar até US$ 40 mil por animal), mas, às vezes, ao término de um dia de calor sufocante, um labrador não passa de um labrador.

Durante uma patrulha em Helmand na primavera passada, o labrador Tango liderava um grupinho de fuzileiros navais que estava entrando em um vilarejo. De repente, ele se abaixou, abanando o rabo -sinal de que tinha detectado explosivos por perto. Os soldados ficaram imóveis. Não foi encontrada bomba alguma. Poucas das histórias tocantes sobre marines em combate e seus cães tiveram impacto emocional tão grande quanto a do soldado Colton W. Rusk, 20, metralhador e treinador de cães que foi morto em dezembro por disparos de franco-atiradores em Helmand. Enquanto estava em serviço no Afeganistão, Rusk enviou a seus pais fotos e notícias do seu amado cão farejador de bombas, Eli. Oficiais dos marines contaram a seus pais que, quando Rusk foi baleado, Eli o cobriu com seu corpo, tentando protegê-lo.

Eli, que tinha três anos, foi o primeiro nome da lista de sobreviventes que constou do obituário de Rusk. Em fevereiro, ele foi adotado pelos pais do soldado, Darrell e Kathy Rusk. "Ele é um grande consolo", disse Kathy Rusk, que vive em Orange Grove, no Texas. Ela contou que, quando ela e seu marido trouxeram Eli, "o primeiro lugar que ele procurou foi o quarto de Colton. Ele farejou por todo lado e, então, pulou sobre a cama de nosso filho."

Até agora, 20 labradores de um total de 350 na ativa foram mortos em ação desde que os marines iniciaram o programa canino, em 2007. A maioria morreu em explosões de bombas improvisadas. No Comando de Operações Especiais, de onde saiu o cachorro que participou da missão contra Bin Laden, cerca de 34 animais foram mortos em ação entre 2006 e 2009, disse o major Wes Ticer. Os cães, às vezes enviados para cumprir até quatro turnos de serviço, se aposentam das Forças Armadas quando chegam aos oito ou nove anos de idade.

Em meados de maio, Rebecca Frankel, vice-editora executiva do site ForeignPolicy.com, postou no site um ensaio intitulado "War Dogs" (cães de guerra), com fotos de cães saltando de helicópteros, mergulhando de paraquedas e descansando com marines. O ensaio ganhou vida viral e já foi visto 6,5 milhões de vezes -um recorde para o site.

Conexão Repórter: A Era do Medo - Cabrini revela detalhes da morte de Osama bin Laden

Uma caçada que durou 10 anos. E o anúncio da morte do homem mais procurado do mundo. Percorre o planeta, como se uma década de busca incessante fosse reduzida a uma simples operação. Bin laden é cercado em uma mansão no Paquistão. Houve troca de tiros e Osama é atingido na cabeça. Marcas de sangue na cama, no carpete. Armários revirados. Assim ficou a casa em que ele estava em Abbottabad, uma cidade pequena nos arredores da capital do Paquistão, Islamabad. Nos Estados Unidos e no resto do mundo comemoração. E a prova do ato bárbaro que se transformou em heroismo está, segundo os Estados Unidos, no fundo do mar da Península Árabe. Bin Laden faz hoje parte da história, mas sua criação, a Al Qaeda, segue firmemente estabelecida em vários pontos do planeta. Hoje, um de seus principais redutos fica em um país obscuro no nordeste do continente africano.

Osama nasceu na Arábia Saudita em 1957. Perdeu o pai aos treze anos de idade. Mohammed Bin Laden, um magnata da construção civil, teve mais de cinquenta filhos. Apesar desse número exorbitante, não teve problema em sustentá-los já que a família era bilionária. E foi com essa fortuna que Bin Laden ajudou a financiar a Al Qaeda e o terrorismo.

Há um ano nossa equipe esteve na Somália. Lá a célula da Al Qaeda se chama Al Shabab e domina boa parte do país, confrontando o frágil governo local. E mantêm bases de treinamento, impondo em suas posições de influência uma política tribal das mais radicais que se tem noticia. Entre exercícios de ataque e atentados terroristas, execuções bárbaras impostas por tribunais clandestinos. Em uma nação onde refugiados se amontoam clamando pela vida, deficientes mentais são acorrentados e meninas obrigadas a prática da mutilação genital.

Afeganistão, 1996. A ascensão do grupo radical Taliban, fortemente apoiado pela Al Qaeda, marca o inicio do poder de Osama Bin Laden que se armou com a ajuda americana anos antes, quando juntos, Talibãn, Bin Laden e Estados Unidos, expulsaram os soviéticos do Afeganistão em 1988. No dia 11 de setembro de 2001 o mundo viu o mais inacreditável ataque terrorista já planejado na história. E conheceu o nome do homem que estava por trás da morte de quase três mil pessoas. A partir daí começam uma sequência de ataques com a assinatura de Osama. Com frequência, o terrorista aparece em vídeos dizendo que os americanos e aliados nunca mais conheceriam a paz. Depois do onze de setembro, começa o que o presidente americano George W. Bush chama de guerra contra o terror. Primeiro, o Afeganistão é invadido. Depois, o Iraque. E oferecem vinte e cinco milhões de dólares pela cabeça do terrorista.

Dez anos depois a potência americana assiste atenta o momento histórico. Uma sequência de fotos registram o momento em que o presidente Obama e autoridades americanas acompanham ao vivo a caçada ao inimigo número. Terminada a operação o discurso vem em forma de desabafo. A revanche é transformada em sensação de dever cumprido.

Iraque planeja comprar caças de ataque leve L-159 junto à República Tcheca

Aero L-159 Alca
O primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, comentou ontem a noite que seu país planeja comprar em um futuro próximo caças de ataque leve L-159 de fabricação tcheca.

Al-Maliki fez essa declaração depois de uma reunião que teve em Bagdá com o primeiro-ministro tcheco, Petr Necas, que chegou à capital Bagdá na segunda-feira.

A visita, a primeira que acontece depois da queda do regime de Saddam Hussein, se concentra nas relações econômicas e políticas de ambos os países.

Necas viajou à Bagdá junto com o ministro da Defesa, Alexander Vondra, o ministro da Indústria e do Comércio, Martin Kocourek, o ex-vice-presidente do governo, Mirek Topolanek, assim como representantes da chancelaria e empresas tchecos.

Prega planeja vender para o Iraque 23 caças multi-funcionais de ataque leve Aero L 159 ALCA (Advanced Light Combat Aircraft), fabricados pela empresa tcheca Aero Vodochody.
Outra empresa tcheca, a Zetor, vendeu no passado 100 tratores para o país árabe.

Paquistão pede que a China construa base naval no país

Instalação no porto de Gwadar seria a primeira para missões no exterior

País oriental nega ter fins hegemônicos, mas deverá atrair suspeitas sobre as suas intenções militares a longo prazo

O Paquistão pediu que a China construa uma base no porto de Gwadar, no sudoeste do país, e que a Marinha de guerra chinesa comece a manter uma presença regular na área. O plano deverá causar alarme tanto na Índia quanto nos EUA.

"Solicitamos aos irmãos chineses que construam uma base naval em Gwadar", disse o ministro da Defesa paquistanês, Chaudhary Ahmed Mukhtar, ao "Financial Times". Ele diz que o pedido foi feito à China na visita do premiê Yusuf Raza Gilani ao país, na semana passada.

Por enquanto, Pequim evita ações que possam alienar os EUA e os países vizinhos da China, como Índia, Malásia e Indonésia. Um funcionário chinês ligado à defesa negou que o país tenha "ambições hegemônicas". Mas Christopher Yung, pesquisador sênior na Universidade de Defesa Nacional de Washington, afirmou em um estudo publicado recentemente que "a natureza e grau de acesso chinês a bases fora de sua região servirão como maior indicador e alerta" da possível intenção de Pequim de se tornar uma potência militar mundial.

Um representante do Pentágono admitiu haver "questões e preocupações quanto a esse desdobramento e às intenções chinesas".

"Mas é por isso que acreditamos que seja importante ter um relacionamento saudável, estável e contínuo entre as forças dos dois países."

Um funcionário paquistanês ligado às discussões entre a China e o Paquistão disse que "a base é algo que esperamos que permita a embarcações chinesas visitar nosso país regularmente no futuro, e também utilizar o local para reparo e manutenção de uma frota [na região do Oceano Índico]".

Missões
Esse tipo de presença representaria a primeira base estrangeira da Marinha chinesa destinada a futuras missões fora dos mares do país. Por isso, provavelmente, reforçará as preocupações internacionais quanto às ambições militares de Pequim em longo prazo.

"Isso certamente mudará o jogo em termos de relacionamentos de defesa e segurança da China", disse Rahul Roy-Chaudhury, especialista em segurança do sul da Ásia no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.

Segundo ele, "a construção de uma base em Gwadar ofereceria aos navios de guerra e possivelmente aos submarinos chineses direitos "permanentes" de presença, bem como a possibilidade de patrulhas e exercícios regulares no mar da Arábia".

Com isso, continua, a China aumentaria sua capacidade de "proteger o número cada vez maior de petroleiros de bandeira chinesa que navegam pela região, para levar petróleo extraído na região do golfo Pérsico para atender às crescentes necessidades chinesas de energia".

A base atenderia às necessidades da China e seria menos agressiva do que uma base chinesa em solo estrangeiro. Mas sua construção poderia alienar a Índia, porque surge como parte de um estreitamento dos laços entre chineses e paquistaneses.

Kim Jong-il é convidado a se inspirar no modelo chinês

Em outubro de 2010, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il, visitou o comando das forças militares chinesas que atuaram durante a Guerra da Coreia
Em Mudanjiang, no nordeste chinês, achavam que o trem blindado que vinha da Coreia do Norte estava transportando Kim Jong-un, herdeiro designado do regime de Pyongyang. Nada disso: era o próprio Kim Jong-il, e somente ele, que chegava à China. Ele visitou uma fábrica de automóveis em Changchun, capital da província do Jilin. Depois reapareceu em Yangzhou, perto de Nanquim, no domingo (22). Cada viagem do Líder supremo à China é um enigma, sobre as quais a mídia sul-coreana fornece as primeiras informações. E Pequim muitas vezes se mantém em silêncio.

Desta vez, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, em Tóquio para uma cúpula entre China, Japão e Coreia do Sul, confirmou no domingo a seu colega sul-coreano que a China havia convidado Kim “para fornecer ao Norte a oportunidade de entender o desenvolvimento econômico chinês e de aplicá-lo em seu próprio desenvolvimento”. Wen fez um apelo pela retomada das negociações a seis sobre a questão nuclear na Coreia do Norte, suspensas desde dezembro de 2008.

O aumento das tensões após o torpedeamento de um navio sul-coreano pela Coreia do Norte em março de 2010 (negado por esta última), e depois o bombardeio pela artilharia norte-coreana de uma ilha pertencente à Coreia do Sul, agravaram o isolamento de Pyongyang e colocou Pequim em uma situação complicada. A dimensão da crise alimentar na Coreia do Norte também é fonte de preocupações.

Então por que essa terceira viagem de Kim Jong-il, 69, à China, em pouco mais de um ano? Pequim primeiramente enfrentou, ao lado de seu aliado histórico, as hostilidades dos Estados Unidos e de seus vizinhos sul-coreanos e japoneses. “Mas a China percebeu muito rápido que o modo guerra fria não correspondia a seus interesses, nem às orientações diplomáticas assumidas desde a reforma e a abertura”, explica ao “Le Monde” Zhang Liangui, especialista em estratégia internacional da Escola Central do Partido Comunista chinês. Ademais, suas relações com os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão voltaram a se estreitar a partir de janeiro.

Cooperação econômica
No entanto, a estratégia do compromisso econômico usada por Pequim continua sendo uma realidade. A China está remodelando o território que acompanha a fronteira. Treze cidades – entre elas Mudanjiang – estão se estabelecendo como zona de cooperação econômica com a Coreia do Norte. Há estradas e ferrovias sendo construídas em toda parte. Dandong, porta comercial entre a China e a Coreia do Norte, ganhou uma espetacular cidade nova. Em janeiro, a construção de uma nova ponte sobre o rio Yalu, financiada pelos chineses, será inaugurada no dia 28 de maio. Nessas cidades chinesas, milhares de trabalhadores norte-coreanos teriam sido recrutados nos últimos meses para o setor de confecção.

Os esforços norte-coreanos de liberalização econômica duraram pouco no passado. Para Zhang Liangui, Pyongyang não tem nenhuma intenção de desenvolver sua economia. “Tudo que está sendo feito só visa obter divisas estrangeiras e atenuar as consequências das sanções”, diz. Mas a determinação chinesa está lá. “Está na hora de a China fazer mais para ajudar o povo norte-coreano a se libertar das correntes da pobreza”, dizia um editorial do jornal chinês nacionalista “Global Times”, no dia 21 de maio.

Quem era a misteriosa guerrilheira que acompanhou Che Guevara

Imagem clássica de Che Guevara "El Guerrillero Heroico"
tirada por Alberto Korda em 1960
Em 31 de agosto de 1967, na confluência do rio Masicuri com o rio Grande, na Bolívia, um pelotão de militares aguardava, escondido atrás de arbustos, que um grupo de guerrilheiros cubanos atravessasse as correntezas. Eram 17h20, e eles já esperavam há dez horas, cozinhando no calor, com mosquitos lhes comendo vivos. Com a ajuda de um camponês, prepararam uma armadilha para o pelotão de combatentes revolucionários que se aprontava para cruzar o rio.

O “grupo de Joaquín” atravessou o rio em fila indiana, com a água até a metade do corpo, e em alguns trechos, até o queixo. De repente, do meio das águas emergiu o belíssimo corpo de uma mulher magra, com camiseta de manga curta colada ao corpo, uma mecha de cabelos sobre o rosto. Era uma imagem quase irreal para esse grupo de militares que perseguiam Che Guevara pela floresta boliviana. Era ela, sim, a guerrilheira da qual falavam os jornais, a única mulher que fez parte da expedição revolucionária. O capitão Vargas Salinas dá ordem para atirarem e o tiroteio começa, as metralhadoras cuspindo chumbo sobre os corpos que, sobre a água, pareciam pinos de boliche.

Uma bala atravessou o corpo de Tânia, que levou a mão ao peito, à altura do coração e caiu sobre as águas. A correnteza arrastou seu corpo, com a mochila às costas; levou também seus segredos, a infinidade de segredos de uma mulher que teve três nomes, três identidades, que foi sonhadora, mestra do disfarce, artista da mentira, guerrilheira, espiã. Uma mulher cuja vida foi praguejada de mitos e lendas que o prestigioso historiador boliviano Gustavo Rodrigues Ostria se propôs a desvendar.

O reconhecido especialista na guerrilha de Guevara levou três anos para escrever “Tamara, Laura, Tânia – Um mistério na guerrilha de Che” (editado pela RBA), um livro baseado em várias entrevistas com protagonistas daquela época, em informes da Stasi, do exército boliviano, da CIA. A ambiciosa reconstrução, amplamente documentada, desmonta mitos e lendas, e não vacila em derrubar teses sustentadas por autores como John Lee Anderson, Paco Taibo II ou Friedl Zapata.

Sem ir mais longe, a própria cena da morte da guerrilheira foi narrada de maneira diferente. A revolução cubana construiu um mito, de uma versão feminina de Che, da corajosa guerrilheira que tentou disparar sua metralhadora quando os tiros começaram a soar tiros sobre as águas do rio Masicuri. Rodríguez Ostria nega: “ela não disparou nenhum tiro”, disse o autor boliviano em conversa telefônica desde Santiago do Chile, onde está realizando um trabalho de investigação para seu próximo livro. “Na guerrilha, era combatente apenas quem tinha fuzil. Ela tinha uma pistola. Recebia tarefas que não a expunham aos perigos da guerrilha.”

Rosriguez Ostria, autor de uma dúzia de livros, ex-reitor da Universidade Maior de San Simón e ex-vice-ministro de Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, refutou também a lenda da suposta relação entre Guevara e Tânia. “Não foi amante de Che. Apenas conviveram um mês na guerrilha”. Foi entre março e abril de 1967. E sua relação, de fato, foi marcada pela reprovação do comandante ao fato de Tânia ter abandonado suas funções de espionagem para se incorporar à guerrilha. Construir uma relação entre dois mitos tão parecidos é uma tentação difícil de superar. Mas não foi assim, segundo sustenta o historiador. “Havia uma razão quase ética para isso: Guevara sabia que ela era companheira de Ulises Estrada. Entre os revolucionários, havia códigos em relação às mulheres dos outros. Che havia se exposto demais, sua liderança moral havia se carcomido.”

A lendária guerrilheira nasceu como Tamara Bunke em 19 de novembro de 1937, em Buenos Aires. Filha de um alemão e de uma russa, ambos comunistas, voltou à pátria paterna em julho de 1952, onde já aos 15 anos entrou para Juventude Livre da Alemanha (JLA). Pertenceu à temível Stasi, o todo-poderoso serviço secreto da Alemanha comunista, e depois de trabalhar para a representação cubana em Berlim, abandonou intempestivamente o serviço secreto para conhecer em primeira mão a experiência socialista da ilha. Rodríguez Ostria, depois de analisar informes de segurança da Alemanha Oriental, desmontou a tese, sustentada por escritores como o uruguaio José Friedl Zapata, de que ela viajou para Havana como espiã da RDA.

Sim, foi espiã, mas para o regime cubano. Sua plena integração à revolução e à sociedade cubanas fez com que ela fosse enviada a La Paz, com a autorização de Ernesto Che Guevara. Lá, ela se transformou em Laura Gutiérrez Bauer, uma mulher discreta e conservadora cuja missão consistia em se infiltrar o máximo que pudesse na sociedade boliviana. Para cumprir a missão ela até mesmo se casou com um engenheiro boliviano para conseguir a nacionalidade, uma coisa que Havana havia exigido dela. E isso porque o amor de sua vida estava na ilha, seu “negrito”, Ulisses Estrada. “Teve que entregar seu corpo por causa de suas ideias”, diz o historiador boliviano, “mas não foi uma Mata Hari.”

Foi uma espiã dormente. Ou seja, não tinha outra missão exceto se integrar e esperar alguma ordem para se colocar em ação. A vida aborrecida da capital boliviana e dos círculos pelos quais andava começou a cansá-la. Quando Che Guevara decidiu desembarcar no país andino com suas tropas guerrilheiras, Laura viu a oportunidade de sua vida, de transformar-se no que sempre quisera ser: Tânia, a guerrilheira corajosa.

“Foi uma mulher que vivia uma rivalidade entre a Laura Gutierrez que devia representar, a Tamara que foi e a Tânia que queria ser.”

Rodrigues Ostria se mostra particularmente satisfeito com a informação que conseguiu nas entrevistas com Paco, o único sobrevivente da emboscada em que Tânia morreu; e com a entrevista com o oficial Barbery, o número 2 do pelotão que a matou. Ele sustenta que Tânia, na verdade, fez mais trabalhos de enfermeira e secretária do que de guerrilheira. Che não queria mulheres na linha de frente.

Mas Tânia se empenhou em estar ali, e morreu metralhada, cruzando um rio. Foi a única mulher num exército de revolucionários barbados. Inevitavelmente, transformou-se em mito.

Índia e Paquistão nutrem uma obsessão mútua

Desconfiança força Islamabad a manter exército de 500 mil homens e arsenal nuclear, às custas da educação e do desenvolvimento

Menina paquistanesa come melão em mercado de Abbottabad, Paquistão, cidade onde Osama bin Laden foi capturado e morto por forças dos Estados Unidos
A descoberta de Osama bin Laden no Paquistão deu um novo argumento à Índia, que acusa seu vizinho de estar por trás dos terroristas que periodicamente praticam atentados em seu território. O posterior vazamento por Nova Déli de uma lista de suspeitos, que entregou a Islamabad em março, adicionou lenha à fogueira. Os paquistaneses não perdem o sono por causa dessa inimizade, e sim pela falta de eletricidade e a inflação. Mas sua política externa e de segurança se baseia na obsessão pela Índia.

"A Índia se regozija com nossos problemas. Cada vez que o Paquistão se encontra em situação de fragilidade ou comete um erro, sua política é aproveitar-se", afirma Mosharraf Zaidi, consultor internacional e participante de um esforço de diplomacia paralelo com o país vizinho. Zaidi dá como exemplo que, depois da operação americana que matou Bin Laden, a porta-voz das Relações Exteriores indiana "tuitou todos os artigos que destacavam os problemas do Paquistão". Em sua opinião, isso "aumenta a desconfiança recíproca e dificulta a aproximação".

Os dois países tentavam retomar o processo de paz interrompido pela Índia depois dos atentados de Mumbai em 2008, que deixaram 166 mortos e pistas que apontavam para o Paquistão. A descoberta de Bin Laden frustrou a tentativa. O chefe do exército indiano disse a um jornalista que os comandos indianos também eram capazes de levar a cabo uma ação semelhante. Um indignado responsável paquistanês replicou que "a reação não levaria horas, mas minutos".

Ayesha Siddiqa, autora de vários livros sobre as forças armadas, concorda em que as relações serão mais problemáticas em curto prazo, mas não demonstra tanta desconfiança da Índia. "Seu ministro das Relações Exteriores teve uma reunião com a imprensa na qual advertiu que não se fantasiasse com a possibilidade de uma ação semelhante. A imprensa indiana está dominada pelos falcões, mas o governo é mais responsável. Espero que não se aproveite da situação", declara.

No entanto, na última sexta-feira a mídia desse país publicou a lista de 50 suspeitos de terrorismo que Nova Déli entregou a Islamabad em março passado para sua extradição. Entre os nomes estão, além do cérebro do atentado de Mumbai, cinco comandantes do exército paquistanês, dois deles na ativa. Embora a acusação não seja nova, o momento representa uma afronta para os militares que se encontram no ponto de mira por causa de sua atuação no caso Bin Laden.

"As relações entre a Índia e o Paquistão são uma aberração que desafia a afinidade cultural", afirma Siddiqa. Para a autora, assim como para muitos paquistaneses, é um país muito semelhante ao seu. "No nível individual não nos sentimos estrangeiros. No entanto, no nível oficial existem muitas dificuldades", explica. Na realidade são poucos os paquistaneses que cruzam a fronteira (menos ainda os indianos), na sua maioria membros de famílias divididas.

A desconfiança recíproca parte do trauma da divisão. A Caxemira está na origem de duas das três guerras que os dois países travaram desde então, em 1947 e 1965 (outra, em 1971, foi por causa do Paquistão Oriental, que se transformou em Bangladesh). Embora reconheça que "adiciona lenha à fogueira", para Siddiqa essa disputa da região entre os dois países "não é mais a causa, senão o efeito de como nos sentimos em relação ao outro".

"Todos os governos democráticos quiseram investir em melhores relações com a Índia", explica Zaidi. E não avançar nesse terreno está custando muito caro ao Paquistão, porque significa manter um exército de 500 mil homens e um arsenal nuclear, às custas da educação e do desenvolvimento das infraestruturas. Do mesmo modo, toda vez que esses esforços avançam, um incidente (Kargil em 1999, Mumbai em 2008) os descarrila. "A violência entre Índia e Paquistão reduz o espaço para negociar", admite Zaidi.

Para Siddiqa, não há dúvida de que o exército é um empecilho a essa aproximação. Sua doutrina se fundamenta na inimizade com a Índia: desde o enorme gasto com defesa (que, incluindo as armas nucleares, beira os 40% do orçamento nacional) até sua busca por profundidade estratégica no Afeganistão.

"Kayani não está interessado em avançar", diz, referindo-se ao chefe do estado-maior, general Ashfak Pervez Kayani, "porque não suporta a Índia." Os militares, como o resto dos paquistaneses, cresceram com essa narrativa. "Desde a escola nossos planos de estudos transmitem a imagem da Índia como inimigo", acrescenta.

"Os meninos indianos também não crescem com a ideia de que o Paquistão é um anjo", objeta Zaidi, por sua vez. "Nem a mídia indiana pinta uma imagem positiva do Paquistão. Os sentimentos são mútuos."

Além disso, na medida em que a comunidade internacional aumenta sua simpatia pela Índia, perde o interesse pelo Paquistão.