terça-feira, 24 de maio de 2011

Kim Jong-il é convidado a se inspirar no modelo chinês

Em outubro de 2010, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il, visitou o comando das forças militares chinesas que atuaram durante a Guerra da Coreia
Em Mudanjiang, no nordeste chinês, achavam que o trem blindado que vinha da Coreia do Norte estava transportando Kim Jong-un, herdeiro designado do regime de Pyongyang. Nada disso: era o próprio Kim Jong-il, e somente ele, que chegava à China. Ele visitou uma fábrica de automóveis em Changchun, capital da província do Jilin. Depois reapareceu em Yangzhou, perto de Nanquim, no domingo (22). Cada viagem do Líder supremo à China é um enigma, sobre as quais a mídia sul-coreana fornece as primeiras informações. E Pequim muitas vezes se mantém em silêncio.

Desta vez, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, em Tóquio para uma cúpula entre China, Japão e Coreia do Sul, confirmou no domingo a seu colega sul-coreano que a China havia convidado Kim “para fornecer ao Norte a oportunidade de entender o desenvolvimento econômico chinês e de aplicá-lo em seu próprio desenvolvimento”. Wen fez um apelo pela retomada das negociações a seis sobre a questão nuclear na Coreia do Norte, suspensas desde dezembro de 2008.

O aumento das tensões após o torpedeamento de um navio sul-coreano pela Coreia do Norte em março de 2010 (negado por esta última), e depois o bombardeio pela artilharia norte-coreana de uma ilha pertencente à Coreia do Sul, agravaram o isolamento de Pyongyang e colocou Pequim em uma situação complicada. A dimensão da crise alimentar na Coreia do Norte também é fonte de preocupações.

Então por que essa terceira viagem de Kim Jong-il, 69, à China, em pouco mais de um ano? Pequim primeiramente enfrentou, ao lado de seu aliado histórico, as hostilidades dos Estados Unidos e de seus vizinhos sul-coreanos e japoneses. “Mas a China percebeu muito rápido que o modo guerra fria não correspondia a seus interesses, nem às orientações diplomáticas assumidas desde a reforma e a abertura”, explica ao “Le Monde” Zhang Liangui, especialista em estratégia internacional da Escola Central do Partido Comunista chinês. Ademais, suas relações com os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão voltaram a se estreitar a partir de janeiro.

Cooperação econômica
No entanto, a estratégia do compromisso econômico usada por Pequim continua sendo uma realidade. A China está remodelando o território que acompanha a fronteira. Treze cidades – entre elas Mudanjiang – estão se estabelecendo como zona de cooperação econômica com a Coreia do Norte. Há estradas e ferrovias sendo construídas em toda parte. Dandong, porta comercial entre a China e a Coreia do Norte, ganhou uma espetacular cidade nova. Em janeiro, a construção de uma nova ponte sobre o rio Yalu, financiada pelos chineses, será inaugurada no dia 28 de maio. Nessas cidades chinesas, milhares de trabalhadores norte-coreanos teriam sido recrutados nos últimos meses para o setor de confecção.

Os esforços norte-coreanos de liberalização econômica duraram pouco no passado. Para Zhang Liangui, Pyongyang não tem nenhuma intenção de desenvolver sua economia. “Tudo que está sendo feito só visa obter divisas estrangeiras e atenuar as consequências das sanções”, diz. Mas a determinação chinesa está lá. “Está na hora de a China fazer mais para ajudar o povo norte-coreano a se libertar das correntes da pobreza”, dizia um editorial do jornal chinês nacionalista “Global Times”, no dia 21 de maio.

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