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terça-feira, 5 de agosto de 2014

'A paz europeia está em risco', diz ministro alemão

Frank-Walter Steinmeier
O abate de um avião levando 298 pessoas convenceu os líderes da UE (União Europeia) sobre a necessidade de novas sanções, mais duras, contra Moscou, apontou o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier. Em entrevista, o político observa que a indústria alemã também apoia medidas contra a Rússia.

Spiegel: A UE quer aumentar as sanções contra Moscou passo a passo. O que lhe dá esperança de que a continuidade de uma política que fracassou em proporcionar os resultados desejados ao longo dos últimos meses agora levará ao sucesso?
Steinmeier: Não há garantias na diplomacia, e isso se aplica especialmente a situações de crise. O fato de não termos obtido uma desescalada sustentada não significa, entretanto, que um curso diferente de ação seria mais bem-sucedido. Eu não sei se a Rússia deseja ser nossa parceira ou nossa adversária. Nós ainda veremos. O que é certo é que ela permanecerá vizinha da Europa, e você precisa poder conversar com seus vizinhos. Esse é o motivo para nosso curso ser acertado. Nós aumentaremos a pressão, mas, ao mesmo tempo, estaremos preparados para negociar uma desescalada do conflito com a Rússia. Após a tragédia do MH17, as mortes de quase 300 pessoas inocentes e não envolvidas no conflito, e após as ações indignas dos separatistas saqueadores no local da queda do avião, nós todos estamos convencidos de que novas medidas substanciais são a resposta correta para a prontidão insuficiente por parte da Rússia em fechar suas fronteiras com a Ucrânia e exercer sua influência sobre os separatistas.

Spiegel: Em termos práticos, o imperativo de unidade europeia significa que sanções só podem ser endurecidas por unanimidade. Essa ainda é a estratégia certa, dado o conflito militar em andamento e a tragédia do MH17?
Steinmeier: Nós já estamos além disso. Nós, os ministros das Relações Exteriores da UE, traçamos o curso e demonstramos grande unidade em nossa decisão de aumentar a pressão. Na sexta-feira, as listas de sanções foram expandidas para incluir empresas e instituições estatais pela primeira vez. Em poucos dias, nós também teremos a base formal para sanções contra políticos e apoiadores. Medidas econômicas também estão na mesa. Nós queremos distribuir o fardo igualmente com regras direcionadas, que podem ser endurecidas ou reduzidas de acordo com as ações da Rússia. Nós esperamos tomar decisões a respeito delas nos próximos dias.

Spiegel: Por que o governo alemão não quer endurecer as sanções por conta própria?
Steinmeier: Nós só podemos enviar uma mensagem clara necessária para Moscou se todos os 28 países membros trabalharem em unidade. E quando se trata de acordos de armas, é preciso ser notado que a Alemanha saiu à frente meses atrás.

Spiegel: A indústria alemã está pedindo ao governo para agir com moderação em relação às sanções?
Steinmeier: Não há dúvida quanto à primazia da política. Eckhard Cordes, o chefe do Comitê para Relações Econômicas com o Leste Europeu (organização que representa os interesses comerciais alemães na Rússia), disse, recentemente, que a indústria apoia nossa posição 100%. É claro, nós também conversamos com a indústria e levamos suas preocupações a sério ao tomarmos decisões.

Spiegel: Berlim está satisfeita com seu papel como ponte final para Vladimir Putin porque isso também pode ser usado como motivo para a Alemanha ser mais reservada do que muitos países do Leste Europeu no debate na UE sobre aumento das sanções?
Steinmeier: Aqueles que foram forçados a viver sob o jugo da União Soviética têm uma visão diferente da Rússia do que nossos parceiros europeus ocidentais ao longo da costa do Atlântico. Nós estamos em uma posição intermediária, com nossa história de ter sido um país dividido, e abordamos esse papel com responsabilidade. Nós sempre mantivemos contatos com Moscou e ainda mantemos, porque precisamos deles. Eu nunca me cansarei de repetir que a paz europeia está em risco. Este conflito pode ter consequências imprevisíveis para todos na Europa.

Spiegel: Há um ponto no qual sanções mais duras da UE possam levar o lado russo a reagir militarmente?
Steinmeier: O que esperamos da liderança russa não é novo nem excessivo. Nós queremos respeitar a soberania da Ucrânia e não minar sua integridade territorial. O que precisamos é de controles eficazes na fronteira da Ucrânia visando impedir a infiltração de combatentes e armas, assim como um cessar-fogo duradouro que possibilite as negociações para uma solução política. Eu estou certo que se o apoio externo na forma de dinheiro, combatentes e armas for interrompido, então a resistência dos separatistas ruirá. Eu tenho ainda mais certeza de que as pessoas no leste da Ucrânia reconhecem que esses bandidos armados não representam seus interesses.

Spiegel: Por que os americanos impuseram sanções mais duras do que os europeus?
Steinmeier: O presidente Obama tem mais liberdade quando se trata das decisões que toma, por causa de uma cultura legal diferente. Para nós, não basta chegarmos a um acordo entre os 28 Estados. Nossas decisões precisam passar por revisões legais que podem ir parar até no Tribunal Europeu de Justiça. Acrescente a isso o fato de que os laços políticos, econômicos e sociais entre a Europa e nossos vizinhos russos são bem maiores.

Um comentário:

  1. Uma entrevista ponderada, calculada e muito bem discriminada.
    Mas não é exagero falarem que foi a Russia que derrubou o avião na Ucrânia?
    A Europa não é maioria, mas então porque eles mesmos não tomam a iniciativa de reportar-se a Russia com mais compreensão, sem chegar a humilhação.
    Não seria de bom grado, procurarem a Russia sentar-se na mesa sem arrogância e nem impor nada que prejudique suas relações.
    A Russia quer a Europa, mas para isso a Europa tem que saber querer a Russia por sua própria conta, sem interferência dos EUA, isso a Russia jamais irá aceitar.
    O dólar é a moeda que gira no mundo, pertence aos EUA, mas forçar a barra que continuemos a negociar somente em dólar ai é demais..
    O desespero bateu na mesa dos EUA, mas o que temos com isso, porque invadem países e mais países, gastando sua moeda que já é fraca no momento.
    O que eu penso de tudp isso é que os EUA, não querem perder sua liderança no mundo, mas precisam saber muito bem que nessa vida tudo passa, tudo se transforma, nada é eterno.
    Creio eu, que sua vez de administrar o mundo com mão de ferro, para administrar sua supremacia já está passando, estão aparecendo novos atores.
    Agora, incitar muitas guerras para garantir a suprema supremacia, não é o melhor caminho para se viver bem com nossos vizinhos, sendo assim, um dia acabará ficando só, olhando de um lado para outro, sem poder contar com ninguém.
    O melhor caminho para os EUA será aceitar a nova realidade que está vindo, e procurar viver bem com todos, sem chegar ao cumulo de querer destruir todos ao redor do mundo.

    ASSIM É DEMAIS.

    A IMPRESSÃO QUE TENHO, É QUE A EUROPA OBEDECE OS EUA CEGAMENTE;

    ISSO COM TODA CERTEZA ACABARÁ MUITO MAL,

    E ESSE MAL SERÁ UMA GRANDE GUERRA NUCLEAR.

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