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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Enigmático, Putin tem incomodado líderes dos EUA por 15 anos

Bill Clinton o achava frio e preocupante, mas previu que ele seria um líder duro e capaz. George W. Bush queria torná-lo um amigo e parceiro na guerra contra o terror, mas ficou cada vez mais desiludido com o tempo.

Barack Obama tentou desviar construindo uma relação com o protegido dele no Kremlin, uma abordagem que funcionou por um tempo mas foi se deteriorando ao ponto de as relações entre a Rússia e os Estados Unidos estarem agora em seu pior ponto desde o fim da Guerra Fria.

Por 15 anos, Vladimir V. Putin confundiu os presidentes dos EUA enquanto estes tentavam entendê-lo, fazendo juízos equivocados dele muitas vezes.

Ele frustrou as suposições deles e recusou as iniciativas de amizade. Ele argumentou com eles, repreendeu-os, iludiu-os, acusou-os, deixou-os esperando, tentando adivinhar, traiu-os e se sentiu traído por eles.

Cada um dos três presidentes tentou à sua própria maneira forjar um novo relacionamento histórico, embora evasivo, com a Rússia, apenas para descobrir que seus esforços haviam sido sabotados pelo duro mestre de artes marciais e ex-coronel da KGB.

Eles o viam através de suas próprias lentes, acreditando que ele enxergava os interesses da Rússia da mesma forma que eles achavam que deveria. E subestimaram seu profundo sentimento de rancor.

Ao ponto em que se ainda houvesse alguma ilusão em Washington, e é difícil imaginar que elas existissem neste ponto, elas seriam final e irrevogavelmente destruídas pela tomada da Crimeia por Putin e pela troca de sanções que se seguiu.

À medida que as forças russas agora se reúnem em massa na fronteira ucraniana, o debate deixou de ser sobre como trabalhar com Putin para como combatê-lo.

"Ele se declarou", disse Tom Donilon, ex-conselheiro nacional de segurança de Obama. "É com essa pessoa que temos de lidar. Desejar que isso passe não é uma política."

Olhando para trás, conselheiros dos três ex-presidentes oferecem visões mais ou menos similares: seus chefes não eram ingênuos em relação a Putin e o enxergavam como ele era, mas sentiam que não havia muita chance a não ser estabelecer uma relação melhor.

Pode ser que algumas de suas políticas estragaram essa chance, alimentando o descontentamento de Putin, quer tenha sido a expansão da Otan, a guerra do Iraque ou da Líbia, mas no fim, dizem, eles estavam lidando com um líder russo essencialmente contrário ao Ocidente.

"Sei que tem havido algumas críticas, o reset foi uma má ideia?", disse Donilon, usando o termo do governo Obama para a política em relação à Rússia. "Não, o reset não foi uma má ideia. O reset resultou em conquistas imediatas que estavam nos interesses dos Estados Unidos."

Alguns especialistas disseram que Obama e seus dois predecessores viram o que queriam ver.

"O Ocidente se concentrou na noção de que Putin é um realista pragmático que coopera conosco sempre que há interesses comuns suficientes", disse James M. Goldgeier, reitor de estudos internacionais na Universidade Americana.

"Deixamos esta compreensão suplantar o objetivo que ele havia declarado de revistar um acordo pós-Guerra Fria no qual Moscou perdeu o controle sobre um território significativo e observou enquanto o Ocidente expandia seu domínio."

Depois de 15 anos, ninguém em Washington ainda pensa em Putin como um parceiro. "Ele vai dormir à noite pensando em Pedro, o Grande, e acorda pensando em Stalin", disse o deputado Mike Rogers, republicano de Michigan, presidente do comitê de inteligência da Câmara, no programa "Meet the Press" da NBC no domingo. "Precisamos entender quem ele é e o que ele quer. Pode não casar com o que acreditamos do século 21."

Desilusão de Bush
Clinton foi o primeiro presidente a encontrar Putin, embora seus mandatos não tenham se justaposto por muito tempo. Ele passou a maior parte do tempo de sua presidência construindo uma forte relação com o presidente Boris N. Yeltsin, antecessor de Putin, e deu o benefício da dúvida para o sucessor escolhido a dedo que se tornou primeiro-ministro da Rússia em 1999 e presidente no Ano Novo.

"Voltei do encontro acreditando que Yeltsin havia escolhido um sucessor que tinha as habilidades e a capacidade para o trabalho duro necessário para administrar a turbulenta vida política e econômica da Rússia melhor do que Yeltsin podia no momento, dado seus problemas de saúde", escreveu Clinton em suas memórias.

Quando a seleção de Putin foi ratificada numa eleição em março de 2000, Clinton ligou para parabenizá-lo e, como escreveu mais tarde, "desligou o telefone achando que ele era forte o suficiente para manter a Rússia unida."

Clinton tinha suas preocupações, entretanto, particularmente à medida que Putin fazia uma guerra brutal na república separatista da Tchetchênia e reprimia a mídia independente. Ele pediu a Yeltsin, em particular, para vigiar seu sucessor. Clinton também se sentiu ignorado por Putin, que parecia pouco interessado em interagir com um presidente norte-americano que deixava o cargo.

Bush chegou ao poder cético em relação a Putin, chamando em privado de "um cara frio", mas simpatizou com ele durante o primeiro encontro na Eslovênia em junho de 2001, depois do qual ele fez o comentário hoje notório sobre olhar para a alma da Rússia.

Putin conseguiu a simpatia do religioso Bush ao contar uma história sobre um crucifixo que sua mãe lhe havia dado e que foi a única coisa que sobreviveu a um incêndio em sua casa no interior.

Nem todos se convenceram. O vice-presidente de Bush, Dick Cheney, disse a algumas pessoas privadamente na época que quando via Putin, pensava: "KGB, KGB, KGB" Mas Bush estava determinado a apagar a divisão histórica e cortejou a simpatia de Putin durante as visitas do líder russo a Camp David e ao rancho dos Bush no Texas.

Putin gostava de se vangloriar de ter sido o primeiro líder estrangeiro a telefonar para Bush depois dos ataques de 11 de setembro de 2011, e ele permitiu que as tropas norte-americanas se estabelecessem na Ásia Central numa base de operações contra o Afeganistão.

Mas Putin nunca sentiu que Bush retribuiu e a relação se desgastou por conta da guerra do iraque e da repressão cada vez maior do Kremlin contra as discordâncias internas no país. No segundo mandato de Bush, os dois divergiram sobre a democracia russa, o que chegou a um pico durante uma reunião irritada na Eslováquia em 2005.

"Parecia um debate de colegial", Bush reclamou mais tarde para o primeiro-ministro britânico Tony Blair, de acordo com notas sobre a conversa. Putin ficou jogando os argumentos de Bush contra ele. "Sentei lá por uma hora e 45 minutos e aquilo não acabava", disse Bush.

"Em determinado momento, o intérprete me deixou tão irritado que eu quase saltei sobre a mesa e bati no cara. Ele tinha um tom zombeteiro, fazendo acusações contra os Estados Unidos."

Ele ficou ainda mais frustrado com Putin um ano mais tarde. "Ele não está bem informado", disse Bush ao primeiro-ministro da Dinamarca, que visitava os EUA em 2006. "É como argumentar com um aluno de oitavo ano que não sabe os fatos."

Ele disse a outro líder visitante algumas semanas depois que estava perdendo a esperança de fazer Putin voltar atrás. "Acho que Putin não é mais um democrata", disse ele. "Ele é um czar. Acho que o perdemos."

"Assassino frio como pedra"
Mas Bush relutou em desistir, mesmo que as pessoas ao seu redor não vissem mais a oportunidade que ele enxergava. Seu novo secretário de defesa, Robert M. Gates, voltou da primeira reunião com Putin e disse aos colegas que, diferentemente de Bush, ele tinha "olhado nos olhos de Putin e, como esperava, viu um assassino frio como uma pedra."

Na primavera de 2008, Bush colocou a Ucrânia e a Geórgia no caminho de se filiarem à Otan, o que dividiu a aliança e enfureceu Putin. Em agosto daquele ano, os dois líderes estavam em Pequim para as Olimpíadas de versão quando chegou a Bush a notícia de que tropas russas estavam marchando para a Geórgia.

Temendo que a Crimeia fosse a próxima, Bush conseguiu impedir a Rússia de engolir toda a Geórgia. Mas logo após o colapso do Lehman Bros. e da crise financeira global, ele não impôs o tipo de sanções que Obama está aplicando agora.

"Nós e os europeus jogamos o relacionamento no vaso sanitário no final de 2008", lembrou Stephen J. Hadley, conselheiro de segurança nacional de Bush, na semana passada. "Queríamos enviar a mensagem de que estrategicamente isso não era aceitável. Agora, em retrospectiva, provavelmente deveríamos ter colocado mais sanções econômicas."

Se Bush não tomou as ações mais punitivas possíveis, seu sucessor logo tornou o ponto irrelevante. Ao assumir o governo meses depois, Obama decidiu acabar com qualquer isolamento da Rússia por causa da Geórgia, em favor de reconstruir as relações.

Diferentemente de seus antecessores, ele tentaria forjar uma relação não ficando amigo de Putin, mas contornando-o.

Cumprindo ostensivamente o limite constitucional de dois mandatos da Rússia, Putin deixou a presidência e instalou seu auxiliar, Dmitry A. Medvedev, em seu lugar, enquanto assumiu o cargo de primeiro-ministro. Então Obama decidiu tratar Medvedev como se ele de fato fosse o líder.

Um telegrama diplomático obtido pela WikiLeaks mais tarde capturou a estratégia ao resumir prioridades similares dos franceses: "cultivar relações com o presidente russo Dmitri Medvedev, na esperança de que ele possa se tornar um líder independente de Vladimir Putin."

Antes de sua primeira viagem a Moscou, Obama rejeitou Putin como alguém que tinha "um pé no modo antigo de fazer as coisas" e inflou Medvedev como o líder da nova geração. O encontro inaugural de Obama com Putin alguns dias mais tarde teve uma crítica clássica do russo sobre as formas como os Estados Unidos haviam tratado mal Moscou.

Entre os céticos quanto à estratégia de Obama estavam Gates, que continuou como secretário de defesa, e Hillary Rodham Clinton, a nova secretária de estado. Como Gates, Clinton tinha uma suspeita profunda de Putin.

Em particular, ela imitava em tom de zombaria o seu jeito masculino, de sentar com as pernas abertas durante as reuniões. Mas mesmo que não acreditassem no sucesso da política, ela e Gates concordaram que vali a pena tentar e ela, de brincadeira, presenteou o secretário de estado russo com um botão de "reset", lembrado amplamente por sua equivocada tradução russa.

A jogada "Reset" de Obama
Durante algum tempo, a aposta de Obama em Medvedev pareceu funcionar. Eles reavivaram o acordo civil nuclear de Bush, assinaram um tratado de armas nucleares, selaram um acordo permitindo que as tropas dos EUA voassem pelo espaço aéreo russo a caminho do Afeganistão e colaboraram em sanções contra o Irã. Mas Putin não podia ser ignorado e, em 2012, voltou à presidência, colocando Medvedev de lado e deixando claro que ele não deixaria Obama passar por cima dele.

Putin ignorou os esforços de Obama para iniciar negociações de armas nucleares e deu asilo a Edward J. Snowden, o informante de segurança nacional. Obama cancelou uma viagem a Moscou, deixando claro que não tinha uma ligação pessoal com Putin. O líder russo tinha um "um tipo de postura" parecida com "aquele garoto entediado no fundo da sala de aula", observou Obama.

No final, Obama não viu como a revolução pró-ocidente na Ucrânia que derrubou um aliado de Moscou no mês passado seria vista pelos olhos de Putin, disseram vários especialistas em Rússia. "Sem a mínima correspondência ou confiança entre Obama e Putin, é quase impossível usar telefonemas de alto escalão para resolver problemas", disse Andrew Weiss, ex-conselheiro de Clinton para a Rússia e hoje vice-presidente do Carnegie Endowment para a Paz Internacional. "Em vez disso, parece que estamos apenas fazendo pose e falando para que o outro não ouça."

Enquanto Obama tenta descobrir o que fazer para acabar com a crise na Ucrânia, ele procurou outros líderes que ainda têm um relacionamento com Putin, entre eles a chanceler alemã Angela Merkel. Ela disse em privado para Obama que depois de falar com Putin ela achou que ele estava "em outro mundo".

O secretário de Estado John Kerry mais tarde disse publicamente que o discurso de Putin sobre a Crimeia não "corresponde à realidade".

Isso acendeu um debate em Washington: será que Putin mudou ao longo dos últimos 15 anos e ficou de certa forma confuso, ou ele simplesmente vê o mundo em termo totalmente diferentes em relação ao Ocidente, termos que tornam difícil se não impossível encontrar um ponto comum?

"Ele não está delirando, mas está habitando uma Rússia do passado - uma versão do passado que ele criou", disse Fiona Hill, alta funcionária de inteligência na Rússia durante a presidência de Bush e coautora do livro "Mr. Putin: Operative in the Kremlim".

"Seu presente é definido por isso e não há uma visão coerente de futuro. Aonde exatamente ele vai depois de reafirmar e reconquistar a influência sobre territórios e pessoas? E depois?"

Esta é a questão que este presidente, e provavelmente o próximo, vai se fazer por algum tempo ainda.

2 comentários:

  1. Matéria parcial e tendenciosa.Parece ser escrita por algum "ativo"dos empregados dos magnatas da midia.Não é segredo pra ninguém o fato de muitos jornalistas e "formadores de opinião"serem recrutados pelos serviços secretos para emitirem mentiras e desinformação.Como infantilizar um lider de uma nação poderosa que tem uma longa lista de grandes lideres?Como o "menino enfadado"tem sido a pedra no sapato de uma panela de paises a propaganda ocidental tem como objetivo cravar no inconsciente coletivo uma ameaça irreal.É o famoso bandido e mocinho.A Rússia é uma nação soberana e não segue os ditames ,sejam culturais,ideológicos ou politicos de nenhuma nação estrangeira.Um dos grandes trunfos dos ocidentais é a dominação dos meios de informação que determina o que é certo ou errado,bom ou mau.Sou da tese de que Oriente e Ocidente são como "agua e azeite" são dois pólos distintos e as únicas "democracias"do Oriente são possessões americanas que são sustentadas e protegidas pelos EUA.O que a midia teria a falar das monarquias àrabes.Um general egipcio(golpista) pode matar milhares de terroristas desarmados,enquanto o exército de um pais soberano não pode combater civis armados na Siria.E assim caminha a humanidade.
    Paulo Pereira

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  2. Yanks deve acorda para fato que anos 90 passarao mundo uni polar e fantasia , afinal desda segunda guerra mundial Yanks e anglos pensavao que seriao as unicas naocoes que mandariao no mundo , com grande frustracao notarao que os Russos nao entrariao no show deles .e como Franca tomarao o caminho da Indepedecia Industrial . impendido a soberania total dos produtos Anglo eYank no mundo

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