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quarta-feira, 16 de maio de 2012

Partido Comunista Chinês estuda adiar congresso devido à instabilidade política


Bo Xilai, líder do Partido Comunista chinês em Chongqing, foi demitido do cargo em março

A realização dos congressos do Partido Comunista Chinês (PCCh) é sempre um período delicado na China, e o deste ano se apresenta como um dos mais importantes das últimas décadas. O conclave quinquenal dará entrada a uma nova geração de líderes, encabeçada pelo atual vice-presidente, Xi Jinping, e o vice-primeiro-ministro Li Keqiang, que terão de dirigir um governo que deverá abordar, segundo os especialistas, importantes reformas: desde questionar seu papel nas empresas estatais à liberalização da propriedade do solo e a resposta à crescente demanda por liberdades políticas, em um país cuja sociedade está cada vez mais informada e reclama um papel mais ativo nas decisões governamentais.

A mudança ocorre quando a China já é a segunda potência econômica do mundo e seu peso político a transformou em um fator imprescindível na hora de enfrentar qualquer das grandes questões internacionais, seja a crise nuclear norte-coreana ou o Irã.

Os líderes chineses gostariam que 2012 fosse um ano tranquilo para poder alcançar com a discrição, o silêncio e o sigilo habituais o equilíbrio entre as diversas facções de poder dentro do partido e chegar ao conclave no final do ano com as cartas bem distribuídas. Mas em março eclodiu o maior escândalo que o país viveu desde as lutas internas no PCCh durante as manifestações de Tiananmen em 1989, que desembocaram na expulsão do Birô Político (órgão integrado por 25 membros) de Bo Xilai, ex-secretário do partido no município de Chongqing e o líder da ala mais esquerdista e conservadora.

A demissão de Bo, que aspirava a entrar na cúpula dirigente no congresso, ocorreu em meio a suspeitas de corrupção, de que espionou o presidente chinês, Hu Jintao, e ao mesmo tempo de que sua mulher, Gu Kailai, era acusada do homicídio de um cidadão britânico com o qual, segundo diversas informações, havia se enfrentado depois que este pediu uma porcentagem maior para ajudá-la a evadir uma grande soma de dinheiro da China.

Em pleno escândalo político, Pequim teve de enfrentar uma crise diplomática com os EUA, devido à fuga do ativista cego Chen Guangcheng de sua prisão domiciliar, que voltou a deixar claras as tensões que marcam as relações entre os dois países.

"A situação política na China agora é febril devido aos problemas colocados pelos casos Bo e Chen e à necessidade de o partido demonstrar união diante do congresso. O tema de Bo é claramente a pior divisão pública na direção do PCCh desde 1989. Os líderes ainda devem estar refletindo como administrar a situação, levando em conta que Bo Xilai parece ter sido popular inclusive longe de Chongqing", afirma Roderick MacFarquhar, professor da Universidade Harvard especializado em China.

Para Pequim, a prioridade é acalmar as águas o quanto antes e continuar negociando com as diferentes alas do partido, com vistas ao congresso. Segundo algumas informações, está considerando adiar a realização do conclave, previsto para setembro ou outubro, para alguma data entre novembro e janeiro do próximo ano. Isso daria mais tempo para definir o tamanho do comitê permanente do Birô Político - atualmente de nove membros -, distribuir seus assentos e sobretudo reduziria o prazo entre a nomeação dos líderes e a posse em seus cargos no governo em março de 2013, durante a sessão anual da Assembleia Popular Nacional.

O primeiro-ministro, Wen Jiabao, insiste desde 2011 que a China tem de realizar reformas políticas de forma "urgente" se quiser aprofundar as conquistas obtidas nas últimas três décadas e evitar o caos. "A reforma atingiu uma fase crítica. Sem o êxito da reforma política não é possível levar a cabo reformas econômicas. As conquistas que alcançamos poderiam se perder", disse em março passado.

MacFarquhar defende a necessidade de transformação. Mas Pequim dará esse passo? "A China precisa se desenvolver politicamente, mas se este é um momento chave (de mudança) ou não é algo que só pode ser decidido por seus líderes", afirma.

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