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quarta-feira, 2 de março de 2011

Suíça: Um país neutro, mas armado até os dentes!

Recrutas suíços
No dia 13 de fevereiro, os suíços expressaram sua negativa a entregar suas armas, para que essas sejam guardadas em arsenais especiais.

Em um referendo convocado para tal efeito, a maioria dos cidadãos da Suíça votaram a favor do direito dos cidadãos do país terem em casa fuzis automáticos e outras armas que recebem durante o serviço militar.

Os idealizadores do referendo, argumentam que na República Alpina, há uma taxa demasiada alta de suicídios, esses cometidos com as armas do Exército, recebidas durante o serviço militar.

Já que o povo tem o poder, também deveria ter armas


Os dados oficiais do referendo ainda não se fizeram público, mas já está claro que 19 dos 26 cantões (estados) decidiram optar pela a atua política de armamento, o que representa 55 a 57% da população.

As opiniões se dividiram de uma maneira curiosa: A campanha que era à favor de “depor as armas”, em sua maioria eram organizações do orgulho feminino, meio médico, ecologistas e social-democratas, foi rechaçada nos estados de fala alemã e italiana e apoiada pelas províncias francófonas.

Na cosmopolita Genebra, 60% do eleitorado votou contra a atual política de armamento, mas o resultado foi inútil. O governo suíço, aliás, de manifesta contra a iniciativa, considerando que as leis existentes podem ser muito bem prevenir o uso indevido dos fuzis de assalto SIG SG-550, SG-551, SG-552 em suas mais variadas versões, e as espingardas de ar comprimido (algumas dessas armas são as mais seguras do mundo).

O mais curioso de tudo é que ninguém na Suíça sabe ao certo quantas armas estão armazenadas nas casas dos habitantes do país: não há um cadastro nacional e só o referendo apenas, se o resultado tivesse sido positivo, teria permitido a criação desse registo e da proibição da venda de fuzis e espingardas de ar.

Segundo o ministério da Defesa suíço, dois milhões de armas circulam no país, o equivalente a uma para pouco mais de três habitantes. No total, 240.000 armas não estão registradas. Muitas dessas armas são pistolas e espingardas de caça esportiva, dentre outros tipos de armas.

Nem se quer nos Estados Unidos algo assim seria possível

A Suíça é um dos poucos países da Europa, onde o serviço militar segue sendo obrigatório para os jovens de 18 a 20 anos. Durante os períodos de serviço ativo (cerca de 4 a 5 meses) e de reserva, as armas são guardas em casa. Todos os suíços permanecem na reserva até os 42 anos e cada um tem que fazer um treinamento a cada dois anos, durante 3 semanas. Ao chegar aos 42 anos, o cidadão suíço pode adquirir sua arma por um preço irrisório e é isso o que faz a maioria.

Sendo assim, de acordo com as estatísticas disponíveis, quase todos os homens que ingressaram no serviço militar dispõe de armas, isso significa que nenhum país da Europa, tampouco no mundo, poderia se comparar a Suíça em número de pessoas armadas. Nem se quer os EUA resiste a comparação com a Confederação Suíça nesse sentido: é possível que os norte-americanos disponham de uma quantidade maior de armas, cerca de 120 milhões de armas, para 300 milhões de habitantes. No entanto, na Suíça quase um terço da população tem em casa fuzis de assalto automáticos. Algo parecido não existe nos EUA.

Os suíços, não obstante, têm um conceito muito próprio do direito de guardar armas em casa que difere consideravelmente da visão dos americanos, do seu direito pessoal e, como diz o ditado: “Concedido por Deus” para preservar sua segurança.

O primordial para os guardiões para tesouro do mundo, fabricante de relógios e queijos não é a segurança pessoal, mas sim da nação. O lema nacional da Suíça é “Unus pro omnibus, omnes pro uno”, o que significa em português “Um por todos, todos por um” . Portanto, um fuzil de assalto em casa para o suíço é parte do sistema coletivo de segurança do país. Algo muito parecido idealizou Leon Trótski, que sonhava em criar uma população militarizada de campesinos-soldados.

O legado de Guilherme Tell

Os defensores da manutenção de armas em casa, garantem que esta prática é apenas uma parte da cultura nacional da Suíça e da antiga tradição enraizada na época do lendário Guilherme Tell, e, portanto, nada será permito destruí-la. Guilherme Tell é tão venerado na Suíça, que de tempos e tempos, os suíços voltam a buscar rastros da existência real do grandioso arqueiro, que em 1307, supostamente matou o governador austríaco, Hermann Gessler, por ter obrigado Guilherme Tell a disparar seu arco e flecha contra uma maçã colocada na cabeça de seu próprio filho. Seria uma pena que se averiguassem que a história de Guilherme Tell fosse apenas fábula.

Aqueles que se pronunciam contra o armazenamento das armas em casa, insistem precisamente que essas armas são instrumentos de um quarto de todos os suicídios na Suíça (1300 casos registrados no ano passado). No entanto, as estatísticas não podem assegurar que para esse objetivo foram usadas as armas compradas do Exército Suíço. O governo, por sua vez, em 2008 aprovou uma lei que proíbe os reservistas e os soldados tenham em casa munições para suas armas.

Nos encontramos ante um paradoxo: A Suíça é o país mais democrático do mundo e que sempre optou pela neutralidade internacional, mas ao mesmo tempo, literalmente, é uma nação armada até os dentes.

Na República Alpina, com seu sistema único de democracia direta, existem dois tipos de plebiscito: O obrigatório e o opcional.

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