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sexta-feira, 21 de junho de 2013

EUA perdem condição moral de criticar China

Um medo expresso frequentemente quanto à Huawei, fabricante chinesa de equipamento para telecomunicações, é de que a companhia opere como agente secreto do governo da China.

Se autorizada a vender equipamentos de rede para os EUA, a empresa não poderia incluir em seu equipamento códigos ocultos que permitiriam aos serviços de inteligência chineses monitorar o que passasse por suas redes?

Agora substitua a palavra "Huawei" por "Verizon". Graças a Edward Snowden, o prestador de serviços às organizações de inteligência norte-americanas que decidiu revelar os segredos delas, sabemos que a Verizon fez algo de muito semelhante.

Se a Verizon --e a maioria das demais operadoras de telefonia e provedores de acesso à internet dos EUA-- transmite dados rotineiramente ao governo, isso não fica bem perto das suspeitas das pessoas sobre a Huawei?

Seria possível argumentar que a Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana, que monitora o tráfego de telecomunicações no país, está apenas em busca de ameaças terroristas, e não bisbilhotando os segredos dos governos de outros países. Mas como poderíamos ter certeza disso?

As revelações de Snowden pouco têm de surpreendentes. Mas uma coisa é imaginar que coisas como essas aconteçam e outra vê-las expostas claramente.

O debate entre EUA e China sobre espionagem cibernética jamais será o mesmo.

Primeiro temos de estar claros quanto ao que descobrimos. Até onde sabemos, a Verizon não permitiu que a NSA escutasse diretamente os telefonemas.

Em lugar disso, transferiu à agência os chamados "metadados" das ligações.

Para ter acesso às conversações especificamente, a Justiça teria de conceder um mandado específico.

Essas distinções sutis pouco importam. Será mais difícil a partir de agora para Washington retratar a "China S.A." como uma aliança demoníaca entre o Estado e um falso setor privado.

Um comentário:

  1. Acredito que seja importante ressaltar alguns pontos, na minha humilde opinião.

    1 - É fato que os EUA e outros países parceiros usam o sistema Echelon para espionagem de comunicações no mundo inteiro;

    2 - O sistema de monitoramento relatado no caso específico, da Verizon, é diferente disso e não existe, na prática, uma ligação tão direta. Sabe-se que nesse tipo de monitoramento o governo opera através de sondas (probes) dentro das operadoras, que praticamente não tem conhecimento desses dados. São sistemas diferentes, nos quais a transferência ocorre direto para as agencias, na totalidade ou apenas do que for de interesse. Existem sistemas complexos de análise, que realizam filtragem de dados pré-definidos (palavras -chave, etc.) como "suspeitos ou ameaças", podendo tornar a pessoa envolvida em possível alvo.

    Contudo, jamais ocorre o monitoramento integral das comunicações (áudio das chamadas, textos de e-mails, etc.). Seria impossível o monitoramento integral de todas as comunicações. Portanto, a grande maioria da população jamais terá seus direitos amplos violados. No final, o monitoramento através de sondas seria até mais seguros, em relação aos direcionamentos que as operadoras realizam, como no Brasil (aqui as sondas são proibidas). Além do conhecimento por parte de pessoal das operadoras, ainda existem riscos adversos gerais;

    3 - No caso da Huawei, as suspeitas são de "porta de fundo", algo bem complicado e que realmente pode ocorrer. Essa opção permitiria não só o acesso, mas também o envio de informações. É importante ressaltar que não somente a empresa Chinesa pode realizar esse procedimento. Diversas outras empresas realizam esse tipo de procedimento, especialmente no caso de sistemas complexos, softwares, etc. Os Israelenses são "experts" no assunto.

    Um exemplo é a empresa Verint é uma grande provedora de sondas (opera no Brasil através de sua subsidiária, Suntech), atua globalmente, podendo prover sondas e sistemas diversos. Não pode-se assegurar que seriam isentos de suspeitas.

    Com esses breves relatos, quero apenas demonstrar que existem muitas variáveis e ponderações a serem avaliadas antes de opiniões mais precisas.

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