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sexta-feira, 14 de março de 2014

Segurança de submarinos britânicos é questionada após vazamento radioativo

HMS Vengeance
Um vazamento radioativo em um centro de pesquisas do exército britânico, mantido em segredo durante mais de dois anos, hoje levanta a questão do tempo de vida dos quatro submarinos nucleares Vanguard, que transportam o armamento nuclear britânico.

Revelado no dia 6 de março à Câmara dos Comuns pelo ministro da Defesa, Philip Hammond, esse incidente terá como consequência a substituição antecipada do reator nuclear de pelo menos um desses submarinos, talvez de dois, a um custo que chegará a 270 milhões de libras (mais de R$ 1 bilhão). "É como um recall de carro", zomba um bom conhecedor militar.

O vazamento ocorreu no laboratório militar Vulcan Naval Reactor Test Establishment, em Dounreay, no norte da Escócia. Há um reator nuclear experimental do mesmo modelo que os utilizados nos Vanguard instalado ali. Para o exército britânico, é uma maneira de testar e pressioná-lo ao máximo, para detectar antecipadamente potenciais falhas nos submarinos.

Reator experimental desligado em caráter emergencial
Em janeiro de 2012, "níveis baixos de radioatividade foram detectados no circuito de água de resfriamento que cerca o núcleo do protótipo", explicou Hammond. Segundo ele, o vazamento ocorreu devido a "uma ruptura microscópica" do revestimento metálico do combustível.

O ministro tentou se mostrar tranquilo. O incidente nuclear foi classificado como "nível zero", "sem importância para a segurança". Ninguém esteve em risco. A agência escocesa de proteção ambiental, a Sepa, confirma. Mas ela ressalta que as emissões de gases raros radioativos aumentaram fortemente durante esse período, passando de 4% para 43% do limite permitido. Como os tetos não foram ultrapassados, ela não alertou a população.

No entanto, ainda há vários elementos perturbadores. Após o incidente, o reator experimental teve de ser desligado em caráter emergencial. Em seguida foi necessário esperar 11 meses, ou seja, até novembro de 2012, para que ele voltasse a operar. "O mesmo incidente em um submarino que estivesse patrulhando seria bem mais grave", acredita o analista Hugh Chalmers, do Royal United Services Institute. "Ele teria de ser tirado de serviço e colocaria em risco aqueles que estão do lado de dentro."

Assunto delicado a seis meses do referendo sobre a independência
Além disso, as autoridades militares se muraram de um silêncio completo. Durante reuniões trimestrais com as associações de moradores e as autoridades locais, os diretores da Vulcan afirmaram não ter "grande coisa a relatar."

Esse silêncio provoca a ira dos separatistas, atualmente no poder na Escócia. "O Ministério da Defesa enganou a comunidade local. Como é que as pessoas vão acreditar nele, agora?", ataca Rob Gibson, deputado escocês local. Para os nacionalistas, que prometeram acabar com o programa nuclear na Escócia e não querem mais receber o arsenal nuclear, o assunto é muito delicado, considerando que estão a seis meses do referendo sobre a independência.

Afinal, o governo britânico tirou uma conclusão militar importante desse incidente. Ele vai substituir o núcleo do reator do Vanguard, o mais antigo dos quatro submarinos, durante sua próxima pausa de três anos de manutenção, programada a partir do fim de 2015. No entanto, o reator, instalado em 2002, estava previsto para durar até 2024. "Ele só terá realizado metade de seu serviço previsto", observa Chalmers.

Irritação e desmoralização da Royal Navy
A operação vai custar 120 milhões de libras (cerca de R$ 450 milhões). O exército britânico depois se reserva a possibilidade de fazer o mesmo com o Victorious, o segundo submarino mais antigo da frota, durante sua manutenção prevista para 2018. Isso custará 150 milhões de libras.

Esses custos extras farão parte de um já apertado orçamento da Defesa. Em 20 anos, a frota da Royal Navy foi reduzida pela metade, a ponto de provocar a irritação e a desmoralização da ex-maior potência marítima do mundo.

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