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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Risco de guerra regional: a Síria não é a Líbia


Na Síria, há risco de um conflito por procuração entre Estados sunitas e uma coalizão xiita liderada pelo Irã; crise pode atingir Líbano, Iraque e Israel

Soldado sírio

Com a Síria já mergulhada em uma guerra civil, é necessário ter atenção para impedir um banho de sangue sectário e o transbordamento do conflito para o resto da região.

Conforme a violência aumenta dramaticamente, o passo inicial lógico é uma coalizão de atores internacionais. Apenas através de um esforço coletivo será possível enfrentar a crise de modo mais efetivo.

Tal agrupamento precisa ser cuidadoso. A realidade lamentável é que um impasse sangrento e prolongado na Síria pode se arrastar por tempo indeterminado. Especialmente se o país se converter no campo de batalha central de uma mais ampla guerra regional por procuração, entre os Estados de maioria sunita e uma coalizão de forças xiitas lideradas pelo Irã.

Francamente, a Síria não é a Líbia. Política, diplomática e militarmente, a crise síria é muito mais complexa e menos possível de ser contida que a da Líbia.

É pouco provável que mais negociações no Conselho de Segurança da ONU rendam dividendos concretos. Mesmo assim, a comunidade internacional tem a obrigação de tentar encontrar maneiras de reduzir a violência.

A dança diplomática do regime Assad praticamente já terminou. Agora, cada vez mais, o regime, que ainda conserva poder de fogo avassalador, vai contar com o impacto total de sua máquina de guerra.

A insurgência crescente vai continuar a atrair desertores do exército e cidadãos comuns, com violência crescente.

A Síria corre o risco de converter-se em uma colcha de retalhos de encraves sectários. Para sua própria sobrevivência, o regime de Assad fará uso implacável de todos os meios necessários para explorar as divisões entre seus opositores.

Voluntários e simpatizantes experientes e endurecidos na batalha, vindos de toda a região e de fora dela, vão, cada vez mais, unir-se às fileiras da oposição para proteger os seus irmãos étnicos ou religiosos. Assim como o Iraque atraiu combatentes estrangeiros, a Síria também o fará -mas em escala muito maior e mais violenta.

A Liga Árabe está desempenhando, com legitimidade, iniciativas diplomáticas cruciais durante a crise.

Ela precisa conservar seu ímpeto como voz regional representativa. Logisticamente, porém, é a Turquia que fará a maior diferença em campo na Síria. Suas dimensões, sua influência e a sua extensa fronteira com a Síria tornam isso inevitável. Na coalizão emergente de Estados que se opõem ao regime de Assad, o papel da Turquia é indispensável.

Cada um dos vizinhos da Síria enfrenta desafios semelhantes, mas diferentes. O Líbano, pousado sobre o fio de uma navalha, continua a ser um mosaico sectário frágil. É um constante barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento. O país corre o risco de ser tragado para dentro do conflito sírio.

Dispondo de recursos limitados e desafios internos crescentes, a Jordânia pode estar sujeita a mais uma onda de refugiados. Os exilados sírios podem acabar se unindo a incontáveis palestinos e iraquianos que já se radicaram no país.

A fronteira porosa que a Síria tem com o Iraque oferece um convite aberto a forças indesejáveis de todos os tipos, que podem se juntar ao conflito. Ademais, o transbordamento da crise síria pode aumentar mais ainda as rivalidades internas do Iraque, potencialmente superando a violência de 2006 e 2007.

A estabilidade regional ficará ainda mais exposta se o regime Assad acabar precariamente equilibrado à beira do abismo.

É possível que surja o padrão clássico de atacar inimigos externos para desviar as atenções das dificuldades internas. Provocar Israel continua a ser uma carta perigosa mas potencialmente útil, especialmente se um confronto em torno do programa nuclear iraniano se aproximar.

Uma eventual mudança de regime na Síria vai redesenhar toda a paisagem geopolítica do Oriente Médio. Além disso, ela representará a mudança mais dramática em décadas no equilíbrio de poder da região. Tudo considerado, a crise real ainda não começou para valer.

MARCO VICENZINO, 41, analista político diplomado pela Universidade Oxford e pela Escola de Direito de Georgetown, é diretor do Global Strategy Project, consultoria de risco político global e negócios

3 comentários:

  1. Quero aquí parabenizar o dono do site O INFORMANTE,por um trabalho realmente importante que é informar, sobre os acontecimentos no campo militar mundial. Tenho percebido,pela quantidade de post's sobre a Russia, que voçê parece ser um admirador dos equipamentos dessa nação. Pois quero dizer que eu sou um verdadeiro entusiasta das coisas da Russia,gosto mais da Russia do que mesmo do Brasil em alguns assuntos. Espero que continue com esse trabalho no sentido de informar tudo que acontece com esse país que muitos nem lembram que existe. Mais sem dúvidas contribui muito para a ciência e tecnologia em geral. quero dizer tambem que acompanho outros sites,como o PLANO BRASIL,CAVOK,PODER AEREO,HANGAR DO VINNA etc. Mas o seu site é sem dúvidas o melhor. Um abraço e mais uma vez,parabéns.

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  2. Obrigado pelo elogio! Elogios como servem de combustível para continuarmos sempre evoluindo. Uma pena eu não tenha ninguém para me ajudar com a atualização do blog, certamente poderia ser muito melhor.

    Sim, sou um entusiasta da militaria russa. Mas confesso que também admiro a militaria alemã e francesa. Você vê muitas notícias referentes à Rússia porque a Rússia conduz o mais complexo e extenso programa de modernização de Forças Armadas no mundo. No sangue russo não corre sangue, mas sim pólvora isso que você vê muitas notícias sobre a Rússia.

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  3. Eu ainda acho que a ditadura de Assad continuarar por muito tem "a Síria não é a Libia" pois Kadafi só caiu porque teve ajuda externa já a Siria não terar uma invasão estrangeira e, os opositores não irão conseguir derrubar Assad sozinhos

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