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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O ETA é hoje um problema com dimensão política, diz ministro espanhol


A chegada do Partido Popular (PP) ao governo está modificando muitas coisas. A mensagem de oposição fica muito para trás e tudo muda, do discurso sobre os impostos à política antiterrorista. Tanto que, em um giro impensável há alguns anos, um ministro do Interior do PP, Jorge Fernández, que ocupa o mesmo cargo que um dia foi de Jaime Mayor, chegou a dizer no Congresso uma frase que era considerada tabu:

"O ETA hoje não é um problema fundamentalmente policial, tem uma dimensão política que não podemos esquecer. Por isso temos de saber administrar essa situação, não como corresponde a um ETA quando estava em plena capacidade operacional, assassinando, aterrorizando e extorquindo, mas sim um ETA que está dizimado, que o Estado de direito derrotou. Precisamos saber transformar essa derrota policial em uma vitória política dos democratas, não em uma vitória política do mundo que durante todo esse tempo aplaudiu o terrorismo".

A frase do problema político foi tão chamativa que o porta-voz do Amaiur [coalizão de partidos políticos bascos nacionalistas], Mikel Errekondo, assim que a escutou, saiu a declarar à mídia que aplaudia que o governo "concorde" com a coalizão "abertzale" sobre a necessidade de trabalhar a partir da política.

Fernández respondeu na Câmara a uma interpelação de Rosa Díez, do UPyD, que reclamava a deslegitimação de Bildu [outra coalizão nacionalista basca] e Amaiur, em uma sessão carregada de tensão que os deputados seguiram em um silêncio pouco habitual.

Fontes do Interior explicaram que Fernández se referia ao fato de que o ETA provavelmente não cometerá qualquer atentado antes das eleições autonômicas bascas e que a esquerda abertzale tentará utilizar o vitimismo para tirar um bom resultado, e por isso é preciso utilizar a "inteligência e a prudência" para não dar asas aos independentistas. Enquanto o Tribunal Constitucional não mudar seu critério, explicou o ministro, não tem sentido promover uma ilegalização que seria derrubada, outorgando assim um êxito à esquerda basca.

Mas Díez foi duríssima e chegou a acusar de "covardia" o governo por não promover a ilegalização do Amaiur. Muitos deputados do PP, sobretudo os bascos, se remexiam indignados em seus assentos. "Dizem que esperam a decisão do Constitucional sobre Sortu. E por que não esperam para mudar a lei do aborto?", clamou. Fernández respondeu com igual dureza: acusou Díez de "oportunismo político" por apresentar uma moção que divide os democratas. A tensão também refletiu uma evidente concorrência do PP com UPyD por um eleitorado muito sensível a esse tipo de assunto da luta antiterrorista.

O PP trabalha para deixar Rosa Díez só na próxima semana, com uma emenda conjunta com o PSOE diante da iniciativa da UPyD, à qual gostariam que se somasse o PNV, embora não pareça fácil.

Os quatro principais partidos de Euskadi [País Basco] - PNV, Amaiur, PSE-EE e PP - utilizaram ontem discursos coincidentes no desejo de alcançar um pacto sem exclusões para conduzir o cenário político basco depois que o ETA abandonou a violência. Embora os populares, como diz Antonio Basagoiti, não vejam "por enquanto" a possibilidade de incorporar a esquerda nacionalista basca, do Amaiur se acusou ontem o governo central a "tramar cumplicidades" na busca de acordos políticos.

Em Euskadi, nenhum dos quatro partidos quer ficar à margem de uma possível solução para o chamado "conflito basco", e inclusive evitam que lhes possam imputar qualquer responsabilidade se ocorrer uma fatídica paralisação do processo aberto depois do fim do terrorismo.

O PP basco explica que não fecha a porta para a esquerda basca, mas que condiciona a medida a que mude sua atitude. Em uma linha semelhante, PNV e PSE apelam ao entendimento "a três" por enquanto, mas sempre com a mente posta na incorporação do Amaiur. O líder do PNV, Iñigo Urkullu, propôs "continuar trabalhando entre todas as formações políticas", enquanto o porta-voz do PSE, José Antonio Pastor, afirma que será um processo "com fases", para que assim a esquerda basca possa se incorporar.

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