Precisamente a operação mediante a que o Estado Islâmico tomou Mosul em junho, cidade onde Al-Baghdadi se autoproclamou califa, recebeu o nome de “Vingança de Abu Abdulrahman Al-Bilawi”, nome de guerra (kunya, em árabe) de Adnan Ismail Najm. Quem é Al-Bilawi, que os jihadistas honravam? Foi até sua morte, em 4 de junho, um dos chefes do Conselho Militar do Estado Islâmico. Mas antes, Al-Bilawi havia sido capitão do Exército Iraquiano nos tempos de Saddam. Graças a morte de Al-Bilawi, próximo a Mosul, as forças de segurança iraquiana apreenderam um notebook, o qual permitiu a inteligência iraquiana obter informações precisas da organização do Estado Islâmico.
Próximo do califa Ibrahim Awad Ibrahim Al-Badri (nome de nascimento de Al-Baghdadi), segundo concordam muitos analistas, se levanta uma cúpula formada em sua maioria por iraquianos, muitos deles baathistas vinculados ao regime de Saddam. O estudo desse organograma revela que um ex-membro das forças especiais e da inteligência militar iraquiana, Abu Muslim Al-Turkmani, e um ex-general do Exército Iraquiano, Abu Ali Al-Anbari, são seus dois principais assessores. Al-Turkani controla o Conselho Provincial e as atividades do Estado Islâmico no Iraque, enquanto Al-Anari controla a faixa síria e é responsável pela segurança e inteligência da organização.
Especialistas apontam que talvez Al-Baghdad é um mero figurão por trás de uma série de baathistas ansioso para recuperar Bagdá. "Eu pensei no começo, mas agora eu não tenho tanta certeza", disse Richard Barrett, do centro de análise americano The Soufan Group. De acordo com Barrett, Al-Baghdadi se desfez de possíveis rivais recém chegados do Baath, enquanto ele montou um "aparato de segurança implacável" para dissuadir potenciais dissidentes ."Como o califa é o líder supremo e tem uma personalidade forte o suficiente para exercer a autoridade", diz o analista.
No entanto, é difícil entender em que compartilham os jihadistas e os homens do regime de Saddam, muitos deles nacionalistas e laicos, diga-se de passagem. Mas a sintonia existe. Um dos atores mais importantes do regime de Saddam que os EUA não conseguiu prender e levar a julgamento, foi Izzat Ibrahim al-Douri, “O Ruivo”. Ele foi o homem duro da resistência iraquiana e número 2 do regime de Saddam. Al-Douri, cujo o paradeiro é desconhecido, apareceu em uma gravação difundida em julho elogiando o Estado Islâmico seu líder - mas não mencionou o nome de Al-Baghdadi – por ter perdoado os policiais e soldados iraquianos que desertaram.
Próximo de Al-Douri nos tempos de Saddam era Abu Ayman Al-Iraqi, ex-coronel do Exército. Al-Iraqi é hoje um dos homens fortes do Conselho Militar do Estado Islâmico, junto a Abu Ahmed Al-Aluani, o máximo responsável pelo organismo, também ex-membro das Forças Armadas Iraquianas. Entre os destacados desse conselho e elemento chave do organograma jihaadista, está o checheno Abu Omar Al-Shishani, um dos grandes heróis do Estado Islâmico no front sírio.
Todos os já citados, junto ao sírio Abu Mohamed Al-Adnani, porta-voz do Estado Islâmico, e Amr Al-Absi, responsável da propaganda das redes sociais, foram parte, segundo concordam os especialistas, do todo-poderoso Conselho da Shura, dirigido por Abu Arkan Al-Ameri, de quem se tem pouca informação. Esse órgão é a via de transmissão entre as diretrizes de Al-Baghdadi e o resto da organização.
No entanto, o órgão mais poderoso do Estado Islâmico é o Conselho da Sharia, supervisionado diretamente pelo califa e formado em sua maioria por religiosos sauditas para a aplicação da lei islâmica.
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