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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Na Romênia, a crise econômica provoca saudade de ditador comunista


Fotos expõe altos dirigentes comunistas romenos 


Uma série de presentes de luxo ofertados aos ditadores romenos Nicolae e Elena Ceausescu foram a leilão em 26 de janeiro passado, dia em que o "Gênio dos Cárpatos" teria completado 94 anos. Denominada "Época de Ouro", como se costumam chamar ironicamente os anos do "amado Conducator", os melancólicos puderam adquirir uma caneta Pilot Elite, obséquio do imperador Hiroito em sua visita ao Japão em 1975, a partir de 2 mil euros; um par de pombas de ouro prateado, presenteado em 1977 pelo último xá do Irã, Reza Pahlevi, a partir de 1.200 euros; e peles de tigre e de leopardo ofertadas por outros regimes comunistas da Ásia e da África, a partir de 1.200 euros, entre outros.

Vinte e dois anos depois da execução do ditador, há nostálgicos que reivindicam sua figura. Sessenta por cento da população afirmam que se vivia melhor sob o comunismo do ponto de vista econômico, segundo os resultados de uma pesquisa do Instituto de Investigação dos Crimes do Comunismo. "Se Nicolae Ceausescu continuasse vivo e fosse candidato nas presidenciais da Romênia, até poderia ganhar", acredita Mihai Burcea, pesquisador do centro.

O lote de relíquias incluía uma estátua de bronze de um iaque, presente do líder chinês Mao Tse-tung. "Esses presentes existiam sob um sistema que desapareceu. Tinham proprietários e uma função. O regime foi derrubado e ficaram órfãos. Agora voltam a um sistema que pretende recuperar sua história", indica o crítico Tudor Octavian.

No Natal de 1989, um tribunal militar condenou Ceausescu à morte, em um julgamento que carecia de garantia jurídica. Seu regime comunista, um dos mais cruéis e violentos do Leste Europeu, foi derrubado e a Romênia entrou em um complexo processo de transição para a democracia. O Cizmar ("sapateiro", devido a sua profissão) se transformou em um tirano que martirizou seu povo e o castigou até a miséria, à beira da fome. A imensa maioria dos romenos comemorou sua morte depois que foi executado, e celebrou o novo rumo político e econômico do país, que continua sendo o mais pobre da UE, junto com a Bulgária.

Burcea adverte que esses saudosos não pertencem somente a uma minoria de líderes do regime, mas que existem entre outros espectros sociais. Em Bucareste é fácil encontrar muitos taxistas que lembram o Conducator  e se sentem frustrados com a mudança capitalista que começou depois da queda da ditadura. "Esse setor de nostálgicos pertence a grupos sociais que não se beneficiaram da economia de mercado e sofrem o desemprego, a miséria e a marginalização econômica. Não é que tenham saudade do sistema comunista em si, mas sim de uma época em que a população era pobre mas bastante igualitária e tinha uma certa segurança no emprego", explica Laurent Couderc, redator-chefe da revista "Regard".

Depois da China e da Coreia do Norte, a Romênia criará um circuito vermelho para atrair turistas, no qual apresentará os lugares que marcaram a vida do ditador. A extravagante ministra do Turismo, Elena Udrea, anunciou esse itinerário propagandístico, já que considera que a história da barbárie comunista pode ser interessante para os ocidentais.

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