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terça-feira, 20 de maio de 2014

Por que as sanções da União Europeia contra a Rússia são um blefe

Líderes europeus em uma reunião da UE
Embora a União Europeia mostre atualmente uma frente unida em possíveis penalidades econômicas contra a Rússia, por causa da interferência do país na Ucrânia, isso poderia mudar assim que mais sanções sérias entrassem em jogo. A Alemanha está lutando para manter a fachada.

Os políticos da União Europeia não gostam de ser superados quando se trata de demonstrar determinação. Na semana passada, o ministro de Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, disse que, se os russos continuarem a agir como ultimamente, sanções mais duras precisarão ser impostas. Seu colega britânico, William Hague, afirmou que sanções econômicas estão sendo planejadas. A chanceler alemã, Angela Merkel, ameaçou na última quinta-feira (15) que, se houver problemas em torno das eleições ucranianas, "haverá mais sanções".

Essas palavras fortes são a resposta do Ocidente ao ímpeto expansionista de Moscou. Mais do que qualquer outra medida, existe a possibilidade das chamadas sanções de terceiro nível - sanções econômicas de amplo alcance - com o objetivo de fazer Putin recuar. Como os europeus descartaram o uso de meios militares, elas são a arma mais poderosa que têm: a opção nuclear da diplomacia na batalha pelo futuro da Ucrânia.

Só que há um problema com essa arma: ela só pode ser usada se todos os membros concordarem. Na UE, as sanções precisam ser decididas unanimemente. Isso funcionou para os níveis um e dois, porque foram principalmente atos simbólicos, que afetaram pessoas próximas a Putin e não impuseram nenhum fardo real sobre a UE.

Mas o nível três seria diferente, o que torna pouco provável que a UE concorde sobre sanções que tenham um forte efeito sobre a Rússia. A arma mais forte da Europa é, na verdade, um blefe.

Em sua conversa com Sigmar Gabriel, vice-chanceler e chefe dos social-democratas de centro-esquerda, na última terça-feira, Merkel reportou que, durante consultas sobre sanções, muitos parceiros da UE estão mais interessados em falar sobre como garantir exceções para suas próprias economias. Outros estão tentando evitar o assunto por completo.

Mas há muito a discutir. De um lado, há os Estados que assumem uma posição linha-dura - isso inclui a maioria dos países do Leste Europeu e a Inglaterra. Estes prefeririam implantar sanções duras agora em vez de mais tarde.

Do outro lado, há países mais cautelosos, como os Estados do Benelux, que apostam na diplomacia ou, como todo o sul da Europa, estão com medo dos custos econômicos que um boicote sobre o comércio possa trazer.

Os franceses e os alemães estão assumindo uma posição intermediária: eles não querem sanções, mas irão apoiá-las se Putin continuar a desestabilizar a Ucrânia. A Alemanha, em particular, está apostando em sanções financeiras, o que significaria usar o Banco Europeu de Investimento (EIB) e o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento para exercer pressão sobre Moscou. No EIB há uma lista de projetos que seriam congelados se as sanções fossem expandidas.

Países como a Inglaterra ou o Chipre são estritamente contra, porque isso também teria um efeito sobre seus próprios setores financeiros, e estão argumentando, em vez disso, em favor de um boicote energético. Contudo, isso enfrenta forte resistência dos países do Leste Europeu, como a Bulgária ou a Eslováquia, que dependem quase inteiramente do gás da Rússia.

Sanções econômicas genuínas claramente custariam caro para os europeus. De acordo com um relatório confidencial da Comissão Europeia, a Alemanha teria de encarar um prejuízo de 0,9% no crescimento neste ano e 0,3% no ano que vem. A situação parece ainda mais lúgubre em outros países.

Sanções nem sempre funcionam
Muitos governos também duvidam de que as sanções possam de fato fazer com que Putin recue. Nos círculos da política de segurança da Alemanha, esse resultado é considerado quase impossível. As penalidades que o Ocidente implementou até agora "não instilaram muito medo" em Putin e seus associados, argumentou um funcionário de segurança.

A Rússia tem pouca dívida externa e grandes reservas de moeda, que oferecem ao país um período de transição de pelo menos dois anos - tempo suficiente para encontrar novos compradores e rotas de distribuição para o gás russo. "Nós ficaremos com frio antes de os russos ficarem sem dinheiro", disse um funcionário de segurança.

A determinação de Putin para garantir sua influência sobre o leste da Ucrânia também está relacionada à importância da região para a indústria de armamentos russa. Os motores e sistemas de transmissão de aeronaves e equipamentos para foguetes do Exército russo são em grande parte construídos no leste da Ucrânia, segundo o que o Ocidente sabe.

É por isso que o Kremlin também planejou suas próprias sanções econômicas dolorosas, diz um funcionário de segurança. "Se a liderança russa se considera forte, mesmo que não vejamos dessa forma, então ela também agirá com força - e no momento ela parece muito forte."

Embora os 28 Estados-membros da UE tentem proteger um senso de unidade para o mundo de fora, suas diferenças de opinião fazem-se sentir nas reuniões internas. Merkel tem medo de que, no final, a falta de unidade possa vir à tona, e Putin conquiste um de seus objetivos mais importantes: dividir os europeus.

Evitando o assunto
Este é outro motivo pelo qual o governo alemão quer evitar, a todo custo, uma situação de imposição de novas sanções. O ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, apontou que Moscou recentemente parou de questionar a legitimidade das eleições presidenciais ucranianas, que estão planejadas para 25 de maio. O governo alemão está buscando por esses tipos de sinais, porque eles podem servir como um motivo para não implementar o terceiro nível de sanções.

Antes que passos concretos possam ser definidos, a UE também precisa discutir quando o terceiro nível deveria ser implementado - uma forma de contornar a situação delicada. "Claramente haverá sanções econômicas se Putin sabotar as eleições", disse um alto funcionário do governo. "Mas não está claro o que consistiria sabotagem."

Uma forma de pelo menos protelar o debate sobre sanções seria pressionar os ucranianos a postergar as eleições. Mas o governo alemão não quer isso, porque pareceria uma capitulação diante de Putin. "Postergar não está no nosso roteiro", declarou Markus Ederer, secretário do Ministério de Relações Exteriores de Steinmeier.

13 comentários:

  1. E os 150 bilhões de dólares investidos na Rússia que "voaram" para países menos problemáticos? Vai dizer que tal quantia não vai fazer falta à Rússia?

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    1. Você considera a Russia um país problemático?
      Quem libertou os judeus da chacina feito pela Alemanha na segunda guerra mundial?Foram os Russos.
      Quem libertou das garras dos Alemães a Hungria, Polônia, Checoslováquia, Bulgária, Romênia etc? Foram os Russos.
      Quem entrou primeiramente na Alemanha na segunda guerra mundial?Foram os Russos.
      Quem deu a liberdade para a Alemanha Oriental se unificar com a Alemanha Ocidental? Foram os Russos.
      ERRO DA URSS COMUNISTA:Foi ter ocupado por muito tempo os países do leste Europeu e não se comunicar legalmente com o mundo ocidental.
      Isso sei muito bem.
      Quem começou a crise na Ucrânia?Foram os Europeus e Americanos meu amigo, querendo tomar a Base Naval Russa do Mar Negro, com isso apoderando-se da mesma e liquidando a Russia Democrática como nação, porque não teriam para onde se movimentar, estaria, ou estão totalmente cercados.

      Você acha que a mesma irá ficar quieta?

      Nunca, irá para a guerra mesmo.

      Quem é o complicador no caso?

      Europa, EUA ou a Russia?

      Passo a palavra a você para me responder.

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    2. A Rússia continua sendo um país ideológico, sendo que a ideologia deles agora é o dinheiro. No fundo, trata-se mais de um ajuntamento de corporações mafiosas que assumiram o vazio de poder após o fim da URSS. Agora, respondo tuas perguntas se e quando me responderes se os 150 bilhões de dólares (até agora) retirados da Rússia não lhe farão falta!

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  2. Sanções pesadas afetaria a economia da Europa de mão cheia. Tudo que os europeus produzem precisam vender para gerar lucros e empregos. Essas sanções pesadas afetariam diretamente empregos dos europeus, pois a Rússia é um grande mercado consumidor.

    Assinado : Hugo Araújo

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  3. o texto diz: "Essas palavras fortes são a resposta do Ocidente ao ímpeto expansionista de Moscou"... Dito assim parece que a Rússia invadiu a Criméia deliberadamente e a anexou à força. Meu Deus, será que só temos fontes "ocidentais"?

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    1. Restou claro que o povo da Crimeia (território conquistado pelo império russo e transferido para a administração ucraniana por um líder soviético ucraniano) realizou uma consulta popular com ampla participação dos eleitores, que decidiram pela criação de um estado independente da Ucrânia e pelo retorno à federação russa.

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    2. Engano seu. A Crimeia foi transferida pela URSS à Ucrânia no governo de Nikita Khrushchev, que era natural de Kalinovka, região de Kursk. O único ucraniano que governo a URSS fora Leonid Brezhnev e nem sei se podemos chamá-lo de ucraniano.

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  4. Não foi, não. Houve um golpe de estado insuflado e apoiado pelos EUA (que há muitos anos vêm cercando a Rússia sob a bandeira da OTAN) para derrubar Yanukovich. Então, os nazis que tomaram o poder, começaram a descer a chibata nos pró-russos, sobre tudo na Criméia, onde a Rússia, historicamente, sempre teve interesses estratégicos - preservados por suas bases militares. E a população daquela península, decidiu em referendo, com esmagadora maioria de 95,5% de aprovação, que queria fazer parte da Federação Russa. Isto não é expansionismo russo, é a vontade de um povo, sua autodeterminação e livre escolha de não querer fazer parte de um estado fantoche, mas sim, ligar-se de vez ao seu berço cultural, às suas raízes e origem de sua língua.

    Posta alguma coisa dos teóricos russos aqui também... pode ser?

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    1. Por favor, não subestime a minha inteligência ao falar de eventos que estou careca de saber. O fato de haver tido um golpe de estado não é motivo para ninguém sair anexando territórios. Você pode não acreditar, mas eu considero a Rússia dona legal da Crimeia. Porém, não posso negar que esse país passou por cima de protocolos internacionais. Ao contrário do que você pensa, na Crimeia estava tudo tranquilo e não sei se você sabe, as lideranças dessa península à época afirmaram que não queriam se separar da Ucrânia. Tudo mudou com as tropas russas.

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  5. Mas é claro, e a Rússia deixaria o furacão chegar às portas de suas bases?

    http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_05_21/Europa-estar-repensando-os-acontecimentos-na-Ucr-nia-9872/

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  6. "ão posso negar que esse país passou por cima de protocolos internacionais. Ao contrário do que você pensa, na Crimeia estava tudo tranquilo e não sei se você sabe, as lideranças dessa península à época afirmaram que não queriam se separar da Ucrânia"...

    Pois é, fossem as lideranças pró-russas não estaria calmo, não é? Não estou falando de liderança, falo do povo ucraniano que decidiu seu destino em referendo. Pouco importa a liderança, que a faz é o povo, e lá agora, a liderança é outra, é a favor da população, e não de interesses internacionais.

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    1. Quem começou a proteger o povo foi as próprias lideranças da Crimeia.

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