terça-feira, 18 de junho de 2013

Síria e Rússia alertam contra auxílio aos rebeldes anti-Assad

Os governos da Síria e da Rússia alertaram o Ocidente na segunda-feira a não armar a insurreição síria ou tentar implantar uma zona de exclusão aérea para proteger as áreas controladas pelos rebeldes no país, enquanto os líderes do Grupo dos 8 países industrializados, incluindo a Rússia, se reúnem em uma cúpula na qual o conflito sírio provavelmente dominará as discussões.

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse a um jornal alemão que se armas forem fornecidas aos insurgentes, "o quintal da Europa se tornará terrorista e a Europa pagará o preço". Ele também negou as afirmações cada vez mais enfáticas das potências ocidentais de que seu governo usou o mortal gás sarin neurotóxico no conflito.

Os comentários de Assad foram publicados no site do "Frankfurter Allgemeine Zeitung" na segunda-feira. Eles representaram seus primeiros comentários sobre o fornecimento de armas ocidentais para a insurreição síria desde que o governo Obama anunciou, na última quinta-feira, que pretende fornecer armamentos para um grupo seleto de insurgentes que buscam derrubar Assad.

A União Europeia também sinalizou a possibilidade de fornecimento de armas aos insurgentes, ao permitir a expiração do embargo.

Na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, principal potência estrangeira apoiadora do governo Assad, disse que o país não respeitaria zonas de exclusão aérea na Síria, traçando um paralelo com o bombardeio aéreo da Otan na Líbia, que ajudou os rebeldes de lá a derrubarem Muammar Gaddafi em outubro de 2011. Os países da Otan agiram após a obtenção da autorização de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.

"Eu acho que não permitiríamos esse cenário", o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Lukashevich, foi citado pelas agências de notícias como tendo dito aos repórteres em uma coletiva no Kremlin.

A posição da Rússia destacou as diferenças de opinião em relação à Síria entre as potências do G8, enquanto seus líderes se preparavam para a cúpula de dois dias aqui.

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, um dos principais críticos de Assad no Ocidente, disse na segunda-feira que considera preocupantes alguns elementos da oposição síria, mas que buscaria manter aberta a opção de armar aqueles que queiram um futuro democrático.

Falando na Irlanda do Norte, Cameron, cuja ideia de armar os rebeles sírios enfrenta oposição interna em sua própria coalizão de governo, disse que ainda não se decidiu sobre o assunto.

"Eu estou tão preocupado quanto qualquer um com os elementos da oposição síria que são extremistas, que apoiam o terrorismo, que são um risco ao nosso mundo. A questão é, o que devemos fazer a respeito?" disse Cameron.

"Meu argumento é de que não devemos aceitar que a única alternativa a Assad seja o terrorismo e a violência", disse Cameron. "Nós devemos ficar ao lado dos sírios que queiram um futuro democrático e pacífico para seu país, um sem o homem que está atualmente usando armas químicas contra eles."

No domingo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que se encontrou com Cameron em Londres antes da cúpula do G8 aqui, respondeu em estilo combativo quando perguntado se ele tinha sangue nas mãos ao fornecer apoio militar ao governo Assad.

"Não se deve apoiar aqueles que não apenas matam seus inimigos, mas comem seus órgãos", ele disse, referindo-se ao vídeo altamente divulgado no qual um membro da milícia anti-Assad parece comer parte de um soldado morto do governo.

"Nós realmente queremos apoiar essas pessoas?" perguntou Putin. "Nós queremos fornecer armas para essas pessoas?"

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, disse à "BBC" na segunda-feira que não há "opção palatável" para lidar com a crise na Síria e que "extremistas" estão apoiando tanto o governo Assad quanto as forças rebeldes.

Qualquer ajuda militar fornecida pelo Ocidente irá para os "moderados", ele disse.

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