quinta-feira, 5 de abril de 2012

'Israel, uma ameaça à paz mundial'

Günter Grass
O escritor alemão Günter Grass conseguiu, com as mesmas nove estrofes e 69 linhas, reações extremadas e apaixonadas. Despertou todo um desconforto histórico na Alemanha, críticas ferozes em Israel e elogios na imprensa estatal do Irã. O vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1999 escolheu um poema-manifesto, intitulado "O que tem que ser dito", para acusar o Estado judeu de ser uma ameaça contra a paz mundial - "uma ofensiva de um intelectual jamais vista na Alemanha pós-guerra", como observou a revista "Spiegel".

O escritor se disse cansado da "hipocrisia do Ocidente" ao defender o fim do programa nuclear iraniano quando, ao mesmo tempo, tolera que Israel mantenha seu ultrassecreto programa atômico - amplamente debatido, mas jamais oficialmente confirmado. Denunciou os israelenses pelo "suposto direito de um ataque preventivo" contra o Irã e justificou a ofensiva literária. Para Grass, qualquer condenação a Israel é tachada de antissemitismo. Ele alega ter rompido seu silêncio somente porque não se conteve: a Alemanha está prestes a concluir um alto negócio com o governo israelense - a venda de um submarino nuclear , que, na opinião do escritor, é "capaz de disparar todas as ogivas nucleares onde a existência de uma única bomba sequer foi provada".

O poema-manifesto foi publicado ontem em quatro jornais - o alemão "Süddeutsche Zeitung", o espanhol "El País", o italiano "La Repubblica" e o americano "New York Times". As condenações vieram rapidamente e com dureza, sobretudo, na própria Alemanha.

- É um grande escritor, mas costuma errar em suas análises políticas. O país que nos causa preocupação é o Irã. O poema nos desvia disso. Grass confunde causa com efeito - reagiu o chefe da Comissão de Política Externa do Parlamento alemão, Ruprecht Polenz.

Passado nazista pesa sobre a polêmica
Grass, de 84 anos, causou polêmica redobrada. Muitos de seus críticos acusam-no de ter perdido a autoridade moral depois de revelar, em 2006, que fora na juventude integrante da SS nazista - tocando, mais uma vez, numa questão crucial das relações entre o país autor do Holocausto e o país das vítimas.

- Ele é o protótipo do antissemita culto, com boas intenções para com os judeus, assombrado por culpa, sentimento de vergonha e desejo de reescrever a História - denunciou o jornalista Henryk M. Broder, em editorial no "Die Welt".

O governo da chanceler federal Angela Merkel tentou contornar o mal-estar.

- Existe liberdade de expressão artística na Alemanha e, felizmente, liberdade do governo de não ter que comentar toda produção artística - minimizou o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert.

Organizações judaicas alemãs protestaram contra o que chamaram de "um panfleto de agitação agressivo". E o porta-voz de política externa do governista União Democrata Cristã (CDU) no Parlamento, Philipp Missfelder, condenou o poema como "uma obra sem gosto, que comete erros históricos e mostra desconhecimento da situação no Oriente Médio".

O embaixador de Israel em Berlim, Emmanuel Nahshon, reagiu apelando à ironia.

- Faz parte da tradição europeia acusar os judeus de ritual de morte antes da festa do Pessach (a Páscoa judaica, celebrada no próximo fim de semana). Hoje, é o povo iraniano que o estado judeu supostamente quer dizimar.

A defesa do polêmico escritor ficou por conta da imprensa iraniana, onde o Nobel de Literatura recebeu elogios da estatal Press TV e da agência Irna. Houve, ainda, quem tentasse compreender Grass - como Wolfgang Gehrcke, do partido A Esquerda, pacifista. Ele criticou a política ocidental, que "nada faz para evitar um ataque de Israel contra o Irã".

- É um poema típico de Grass, onde o utópico acompanha o apocalíptico - avaliou Gertrude Cepl-Kaufmann, professora de Literatura da Universidade de Düsseldorf, outra que tentou contextualizar. - Como representante da geração que se arrependeu a vida toda por ter silenciado durante a ditadura nazista, ele se vê hoje na obrigação de levantar a voz, mesmo que isso signifique quebrar tabus.

4 comentários:

  1. Günter Grass está certo ,não q eu seja a favor de um Irã com armas nucleares,mas contra Israel com armas nucleares tambem .Pra min Israel é uma embaixada estadunidence no oriente medio.E todos nos sabemos, quem até hoje foi o unico q fez uso desse tipo de armamento.Não sou contra judeus e sim contra como o estado de Israel foi criado e imposto.Gostaria de ler o poena.talvez não aja nada de mais no poema,mas judeu como sempre se faz de vitima,com o apoio da totalmente controlada midia ocidental.

    cristiano Martins

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    1. Aqui está o poema, meu caro: http://internacional.elpais.com/internacional/2012/04/03/actualidad/1333466515_731955.html

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  2. Concordo!! Religião é uma coisa Estado é outra, eles sempre fazem algo de errado quando alguém fala alguma coisa eles vem logo dizendo que são contra eles é isso é aquilo!!
    Não tem nada á ver, não somos contra judeus, é sim Israel Ditadura-Democrática.

    Felipe Rodrigo da Silva.

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  3. Esse cara falou a mais pura verdade. Mas a verdade dói aquele querem sustentar a mentira...

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