quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Extremistas estrangeiros são uma ameaça para a revolução na Síria


Ayman al-Zawahiri, "O Cérebro", agora é um "número um" da Al-Qaeda 


O líder da Al Qaeda está conclamando os muçulmanos a participar da revolução na Síria e lutar contra o regime de Assad. Mas jihadistas de países vizinhos podem já ter ingressado nos quadros do oposicionista Exército Sírio Livre. A presença deles poderá se constituir em um golpe mortal para a revolução.

A mensagem foi clara: “Todos os muçulmanos precisam dar apoio à rebelião contra o governo sírio, com tudo o que tiverem – a vida, dinheiro, pontos de vista e informações”. Em um vídeo de oito minutos que foi publicado no último fim de semana em websites de extremistas, o atual líder da rede terrorista Al Qaeda, Ayman al-Zawahiri, pediu aos fiéis que pegassem em armas e seguissem para a Síria. Ele afirmou que “rebelar-se contra o regime anti-islâmico de Damasco é uma obrigação religiosa”.

“Para a campanha contra o regime pernicioso e canceroso de Bashar Assad, os irmãos unidos em torno de Deus devem se apoiar na sua disposição a fazer sacrifícios e na sua firmeza”, continuou ele. O líder da Al Qaeda conclamou especificamente os muçulmanos sunitas do Líbano, da Turquia, da Jordânia e do Iraque a ajudarem a oposição no país vizinho.

A enérgica conclamação de Zawahiri, que sucedeu a Osama Bin Laden no comando da Al Qaeda, alimentou a atual especulação a respeito da presença de estrangeiros, ou até mesmo de combatentes da Al Qaeda, na Síria. O regime de Damasco há muito afirma que a rebelião no país, que já dura 11 meses, é dirigida por “estrangeiros”, “terroristas” e “grupos armados”. O Conselho Nacional Sírio, uma coalizão oposicionista, e o Exército Sírio Livre, a organização sobre a qual se abriga a resistência armada, repele essa acusação, e afirma que a rebelião na Síria constitui-se em um levante popular de cidadãos sírios que estão lutando por liberdade e democracia.

No entanto, apesar dos protestos da oposição síria, crescem os rumores sobre o envio de jihadistas estrangeiros ao país. De acordo com uma fonte em Beirute que esteve na região de Homs nas últimas semanas com o Exército Sírio Livre, “centenas de combatentes estrangeiros” estariam ingressado na organização, que é composta em grande parte de desertores das forças armadas sírias. A fonte afirmou que os voluntários sunitas são provenientes principalmente do Iraque e do Líbano, e que alguns vieram da Arábia Saudita.

Alguns observadores consideram os dois atentados a bomba na cidade síria de Aleppo, na última sexta-feira, uma prova de que grupos extremistas terroristas estão operando no país. Os ataques contra o prédio da Inteligência das Forças Armadas e um quartel de polícia matou 28 pessoas. No último fim de semana, em reportagens na mídia norte-americana, autoridades do governo dos Estados Unidos especularam que a Al Qaeda teria sido a responsável pelos ataques.

O website de notícias McClatchy citou várias autoridades do governo dos Estados Unidos que consideram a Al Qaeda do Iraque o grupo responsável pelos atentados a bomba. E outros dois atentados suicidas a bomba, em 23 de dezembro e 6 de janeiro, que mataram 70 pessoas, também estão sendo atribuídos à célula iraquiana da Al Qaeda.

Os especialistas acreditam ser possível que a Al Qaeda tenha interesse em envolver-se no conflito que está em andamento na Síria. “A Al Qaeda tem um problema de relações públicas”, explica Wolfgang Mühlberger, da Academia de Defesa Nacional em Viena. “Poderia ser bom para eles tentar criar uma imagem mais atraente do grupo para certos grupos alvo, por meio de operações de combate na Síria”. Mas ele diz que é preciso cautela antes que se faça qualquer afirmação, já que nem todo jihadista faz parte da Al Qaeda. “No caso de Aleppo, ninguém assumiu responsabilidade pelos ataques, e isso contrasta com o hábito da organização”, diz ele.

O vice-ministro do Interior do Iraque, Adnan al-Assadi, confirmou no último fim de semana que há armamentos sendo contrabandeados do Iraque para a Síria. “As armas estão sendo levadas de Mosul para a Síria através da passagem fronteiriça de Rabia, já que membros das mesmas famílias moram dos dois lados da fronteira”, disse ele à organização de notícias Agence France Presse.

O contrabando de armas fez com que aumentasse o preço de fuzis Kalashnikov no Iraque. Antigamente, um fuzil Kalashnikov AK-47 custava de US$ a US$ 200, mas agora essa arma está sendo vendida por preços que variam de US$ 1.000 a US$ 1.500, disse Assadi à Agence France Presse.

Caso aumentem nas próximas semanas as evidências de que combatentes estrangeiros estão participando da rebelião síria, ou que eles a estejam monopolizando, isso será catastrófico para a verdadeira oposição do país. Os oposicionistas depositaram todas as suas esperanças na ajuda externa, na pressão diplomática da comunidade internacional sobre o regime sírio e na possibilidade de transferência de armamentos para a rebelião, algo com o qual os aliados árabes poderiam ajudá-los.

Mas caso se confirmem as suspeitas de que a rebelião síria foi infiltrada por extremistas desconhecidos e incontroláveis, a disposição do mundo em ajudar sem dúvida diminuirá drasticamente. Os voluntários de outros países poderão portanto acabar desfechando um golpe fatal sobre a revolução síria.

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