Governo dos EUA combate alertas de entrada do Estado Islâmico pelo México

Militantes do EI (Estado Islâmico) foram para o México e estão a poucos quilômetros dos Estados Unidos. Eles pretendem atravessar a fronteira e "logo" farão ataques com carros-bomba. E a ameaça é tão real que agentes policiais federais foram colocados em estado de alerta elevado e uma base militar americana perto da fronteira aumentou seu nível de segurança.

Nas últimas semanas, o governo Obama e o povo americano focaram sua atenção no Estado Islâmico. Enquanto isso, grupos conservadores e líderes republicanos emitiram avisos enérgicos de que o EI e outros extremistas da Síria estão planejando entrar no país ilegalmente, vindos do México. Mas o Departamento de Segurança Interna, o FBI e os congressistas que representam regiões perto da fronteira dizem que não há nenhuma base para tais advertências.

"Não há dados de inteligência que sugiram um plano do EI em curso para tentar atravessar a fronteira sul", disseram as autoridades de segurança interna em uma declaração por escrito.

Os democratas dizem que os opositores do presidente Barack Obama estão simplesmente explorando as preocupações com o terrorismo como parte de sua tentativa de retratar o fracasso do presidente em proteger a fronteira contra a imigração ilegal.

"Há uma longa história neste país de projetar todos os nossos temores para a fronteira", disse o deputado Beto O'Rourke, democrata do Texas, que representa El Paso e outras áreas próximas à fronteira. "Sem compreender a fronteira, eles projetam seus medos. Antes era o Irã e a Al-Qaeda. Agora é o EI. Eles simplesmente chegam à conclusão de que a invasão é iminente, e nunca é."

Em uma audiência no Congresso na semana passada, o deputado republicano da Carolina do Sul Jeff Duncan combateu fortemente o testemunho de funcionários do Departamento de Segurança Interna e O'Rourke, dizendo que eles estavam ignorando uma ameaça crescente.

"Acorde, América", disse Duncan antes de deixar a sala irritado. "Como a fronteira sul é porosa, não temos ideia de quem está em nosso país."

As autoridades responsáveis pelo combate ao terrorismo, porém, dizem que estão muito mais preocupadas com o ingresso dos militantes do Estado Islâmico nos Estados Unidos da mesma forma que milhões de pessoas fazem todos os anos: legalmente, em um voo comercial. Seus esforços se concentraram em mais de 2.000 europeus e 100 americanos que viajaram para a Síria para lutar ao lado de grupos extremistas, quase todos entrando no país por suas fronteiras desprotegidas. Como não há carimbo em seus passaportes mostrando que eles viajaram para a Síria, as autoridades da fronteira norte-americana têm poucas maneiras de determinar onde estiveram e de impedi-los de entrar no país.

Alertas sobre a possibilidade de terroristas entrarem nos Estados Unidos vindos do México já foram feitos no passado. Durante a campanha presidencial de 2012, tanto Rick Perry quanto Mitt Romney, o candidato republicano, disseram que extremistas islâmicos que trabalhavam com países da América Latina, incluindo o México, representavam uma ameaça significativa para os Estados Unidos.

"Sabemos que o Hamas e a Hezbollah estão trabalhando no México, assim como o Irã, com um plano de vir para os Estados Unidos", disse Perry, governador do Texas, em um debate republicano em 2011. "Portanto, a ideia de que precisamos ter segurança na fronteira com o México é fundamental para todo o hemisfério ocidental."

Perry repetiu suas preocupações em um discurso no mês passado na Heritage Foundation, em Washington, quando disse que, como a fronteira não era segura, "indivíduos do EI ou de outros Estados terroristas poderiam" estar atravessando para os Estados Unidos. "Eu acho que há uma possibilidade muito real de que eles já tenham feito isso", disse.

No final de agosto, o grupo conservador Judicial Watch publicou um artigo em seu site sobre como o Estado Islâmico estava operando na cidade fronteiriça mexicana de Ciudad Juárez e planejando atentados com carros-bomba.

"Policiais de alto gabarito, fontes de inteligência e outras confirmaram ao Judicial Watch que foi emitido um boletim de alerta de um iminente ataque terrorista na fronteira", disse o relatório. "Agentes de uma série de departamentos da segurança interna, da Justiça e de órgãos de defesa entraram em estado de alerta e receberam instruções para trabalharem agressivamente em todas as pistas e fontes possíveis relativas a essa ameaça terrorista iminente."

Segundo o Judicial Watch, as autoridades de inteligência haviam "captado conversas de rádio indicando que os grupos terroristas farão 'um ataque na fronteira'". Ele citou uma "fonte de alto nível", dizendo que o ataque seria "muito em breve".

O'Rourke disse que, imediatamente após a publicação do relatório, ele ligou para o FBI e o Departamento de Segurança Interna e foi informado de que não havia dados de inteligência sobre tal ataque. O'Rourke contou ter passado o resto do dia discutindo com membros da imprensa no Texas as razões pelas quais o relatório do Judicial Watch não era motivo para uma matéria. Ele falhou em convencê-los e o relatório foi amplamente divulgado.

Tom Fitton, presidente do Judicial Watch, disse que o governo Obama costuma fazer vista grossa para questões de ameaças à segurança nacional, especialmente as que envolvem a fronteira.

"O presidente Obama ou o seu governo devem reconhecer essa terrível ameaça na fronteira, sejam quais forem as ramificações políticas para o debate sobre a imigração", disse Fitton.

Fitton disse que a ideia do Estado Islâmico cruzar a fronteira "vai contra o discurso de que a fronteira é segura" e que os americanos "não precisam se preocupar com a imigração ilegal".