quarta-feira, 24 de julho de 2013

Moscou, meu lar

Eu estava me sentindo meio para baixo no fim de semana em Budapeste, onde passei mais da metade da minha vida, sem nenhum motivo aparente. Mas, assim que o avião pousou no Aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, fui tomado quase que instantaneamente por sentimentos de alegria, otimismo e empolgação por voltar para casa.

É preciso notar que não sou moscovita de nascença e nunca vivi um dia nesta cidade até dez meses atrás.

É uma cidade onde o clima é severo demais, os preços são caros demais e as pessoas são rudes demais, mas também é uma cidade à qual sou intimamente ligado pela língua, cultura e história comuns.

Repentinamente me ocorreu que vivi no exterior por mais de 20 anos da minha vida --por quase toda a minha vida, na verdade. E agora está aparente que essa vinha sendo a fonte da melancolia o tempo todo --algo presente ali no fundo, mas constante.

Fui deslocado por grande parte da minha vida, assim como um judeu pré-1948 ou um palestino pós-1948 --ou a jovem mulher imigrante em Paris da canção de Oleg Mityaev: "Apesar de ser uma ex-russa, uma russa ela é. Ela é a mesma moscovita que sempre foi".

Eu falo três línguas diferentes e tenho amigos e conhecidos em cerca de 100 países, muitos dos quais eu visitei. Minha educação é exclusivamente americana. E, etnicamente, sou apenas meio russo. Por que então esse senso de identidade, enraizado em nacionalismo cívico, é tão profundo e definidor?

É por poder desfrutar de Bulgakov ou Griboyedov em qualquer um de uma dúzia de teatros, todos globalmente competitivos? Por poder encontrar a prosa e a poesia de Dmitri Bykov, um candidato potencial ao Prêmio Nobel, em qualquer livraria da cidade? Ou porque posso puxar conversa com um motorista de táxi (na verdade raramente russo) em minha própria língua, o que costuma terminar com algum tipo de revelação?

Ou veja meus compatriotas. Eles são inicialmente frios e distantes, mas simpáticos, cativantes e leais 30 minutos depois de conhecê-los. Em resposta ao seu estado padrão de agressão, eu descobri um quebra-gelo eficaz: a cortesia.

Há muita coisa para ser grato aqui. Eu moro em uma área bonita de Moscou, em um triângulo entre o parque Gorki, a catedral de Cristo Salvador e a Universidade Estadual de Moscou. Eu posso escolher acompanhar a rica vida cultural, política e social que abunda ao meu redor. Eu posso comer pão (de centeio) Borodinsky, bacon bielorrusso e queijo Suluguni georgiano.

Eu tenho alguns poucos amigos próximos nesta cidade que não vejo com a frequência que deveria, mas a simples possibilidade de poder me encontrar com eles é reconfortante. E, talvez mais importante, minha adorável namorada está ao meu lado.  Como eu, ela é uma siberiana --de um tipo muito especial.

Todas essas coisas são motivos válidos para gostar da vida em Moscou. Mas, ao mesmo tempo, a Rússia não vem à mente como um país particularmente suportável. Sergey Brin, o cofundador do Google, chamou a Rússia de "Nigéria com neve". Minha mãe a chama de "um país inerentemente de gângsteres", o que significa um país tomado por nepotismo, corrupção e violência.

Em 1.150 anos de história, nossa única experiência com democracia real durou apenas cinco anos (1991-1996).

No momento, o país está profundamente dividido politicamente, com dezenas de milhares de manifestantes ocupando regularmente o centro de Moscou.

As relações com os Estados Unidos, outro país próximo do meu coração, estão em baixa por causa de irritações mútuas sistêmicas, como a lei de adoção, a lei do "agente estrangeiro" e o caso Snowden.

Crime, poluição e inconveniência estão por toda parte. Os preços dos imóveis são duas vezes mais caros que em Berlim. Ninguém está seguro comprando alimentos sem checar as datas de validade.

Mas os pontos positivos de viver em Moscou superam em muito os pontos negativos. Ela é facilmente uma das cidades mais dinâmicas do mundo, talvez comparável apenas a Londres, Nova York e Tóquio. Porém, mais fundamentalmente, ela é a capital do meu país natal. Ela pode ser falha e imperfeita, mas é minha.

*Vladislav Shayman é sócio-diretor de uma consultoria de relações governamentais

Um comentário:

  1. Para com isso os estados unidos nao presta pelo amor de deus se nao fosse por putin a russia nunca teria saido da miseria que voces a populacao achando que o capitalismo seria a maior maravilha do mundo a e mais uma coisa nos estados unidos a liberdade de expresao tembem esta diminuindo muinto eu simplesmente nao consigo intender a populacao querian que a Russia voltase a ser a grande russia do passado agora ven con essa conversa voce pode gostar das pessoas amerucanas apesar de seren arrogantes e tolos fiquei sabendo que na ucrania um grupo funck que se apresentave de horigen americana pegou uma bandeira russa e exfregou nas partes intimas na frent e dos ucranianos e isso nao e um caso issolado e tu ven me diser que tu gosta dos usa isso e uma ofensa a tua patria que tu naceu se eu fose russo jamais sairia dai e seria super patriota e confiaria no meu presidente porque ele tirou o pais da destruisao que grasas au setisismo da propria populacao que apoiou boris e conheceu a tal de liberdade que tu chama tu fala isso porque tu nao tava na Russia am 1998 Dai tu veria a merda que a populacao apoiou mas tinha um lider que iria salvar a Russia da destruisao a russia esta agindo desta forma porque e obrigada senao os estados unidis ja teriao desintegrado a russia esse e o nonho a mericano depois tu mefala que tu gosta dos usa

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