O escândalo de espionagem entrou na agenda das disputas partidárias em Washington e abriu outra frente de atrito entre o governo de Barack Obama e o Congresso. Um representante da oposição republicana levou ontem a votação, na Câmara dos Deputados, uma proposta que impediria a Agência de Segurança Nacional (NSA) de continuar a monitorar indiscriminadamente os dados sobre telefonemas dentro dos Estados Unidos. Esse foi o primeiro programa de vigilância revelado pelo americano Edward Snowden, ex-funcionário da agência retido desde 23 de junho em um aeroporto de Moscou. A situação criou um impasse diplomático, e a Casa Branca pediu explicações a Moscou sobre informações de que Snowden teria recebido asilo temporário e deixaria em breve o terminal.
A iniciativa, do deputado Justin Amash, foi derrubada por 217 votos contra 205. Ela determinava que a NSA pudesse invocar a Lei Patriota — aprovada depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 — apenas para obter informações reservadas sobre pessoas que sejam objeto de investigação. Trata-se do primeiro esforço do Congresso para restringir a atuação da agência desde que Snowden denunciou os programas de espionagem da telefonia e da internet. A Casa Branca contra-atacou antes mesmo de o projeto ir a votação. O diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, afirmou em comunicado que a emenda "desmantelaria uma ferramenta crítica na luta contra o terrorismo".
Na frente diplomática, a Casa Branca trava há semanas uma queda de braço com a Rússia. Ontem, a imprensa russa noticiou que Snowden se preparava para deixar a área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, depois de ter recebido do advogado, Anatoly Kucherena, um documento que lhe permitiria circular por áreas determinadas pelas autoridades de segurança.
Questionado por um batalhão de jornalistas, depois de se encontrar com Edward Snowden, Kucherena afirmou que o documento seria entregue apenas "nos próximos dias". O defensor levou para o americano uma muda de roupas e um exemplar de Crime e castigo, romance clássico de Fiódor Dostoiévski. Ao tomar conhecimento da situação, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, telefonou para o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, para pedir explicações.
o titulo nada tem a ver com a noticia
ResponderExcluir