sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

NRA anuncia "luta do século" contra restrições às armas nos EUA

Manifestantes protestam contra a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), entidade pró-armas, em Washington (EUA), nesta segunda-feira. O protesto é uma reação ao massacre na escola Sandy Hook, em Newtown (Connecticut), onde um atirador matou 26 pessoas, entre elas 20 crianças, na sexta-feira (14), e depois se matou

A poderosa Associação Nacional do Rifle (NRA na sigla em inglês) iniciou nesta semana sua cruzada particular contra a iniciativa anunciada e assinada pelo presidente americano para endurecer a legislação sobre armas de fogo. Com uma carta entregue aos participantes da maior feira de armas do mundo - que se realiza até sexta-feira em Las Vegas -, a NRA anunciou "a luta do século" contra Obama e seus planos de controle.

"Avisei-os de que este dia estava chegando, e assim foi", escreveu para seus mais de 4 milhões de seguidores Wayne LaPierre, vice-presidente do grupo de pressão. "Não se trata de proteger seus filhos. Não tem a ver com frear o crime. Trata-se de proibir suas armas. Ponto!", ele escreveu na carta.

Enquanto Obama apelava na quarta-feira (16) ao senso comum dos cidadãos e confiava em seu desejo de mudar a ordem atual para que não ocorram novos massacres como o de Connecticut, a NRA exercia sua pressão mais extremista e carregava nas tintas contra o atual governo, acusando-o de ter mentido em sua intenção de manter um "debate aberto". "Essa foi uma mentira suja", diz LaPierre.

"Não escutaram as preocupações dos donos de armas. Não consideraram qualquer solução real para manter nossos filhos em segurança", prossegue o vice-presidente.

"Pelo contrário, Barack Obama, Joe Biden e seus amiguinhos contrários às armas no Congresso só querem culpá-lo, denegri-lo, assediá-lo e despojá-lo de seus direitos protegidos pela Segunda Emenda [a que consagra o direito a possuir e portar armas]", conclui LaPierre.

Na terça-feira à noite, antecipando-se à mensagem presidencial que implementaria uma série de ordens executivas para proibir as armas de assalto, limitar os carregadores a dez balas e estabelecer um sistema exaustivo de comprovação de antecedentes dos compradores de armas de fogo, a NRA iniciou sua contraofensiva contra a Casa Branca com um vídeo no qual qualificava o presidente de "hipócrita elitista" por se opor a que haja guardas armados nos colégios enquanto suas duas filhas são protegidas pelo serviço secreto. A reação da Casa Branca não se fez esperar e qualificou o vídeo de "covarde" e "repugnante".

Depois da chacina na escola de Newtown há um mês, a opinião pública dos EUA mostra-se mais favorável sobre a necessidade de endurecer o controle de armas.
Segundo uma pesquisa publicada na segunda-feira (14) pelo Centro Pew, 85% dos consultados concordam em endurecer a venda de armas de fogo, resultado semelhante ao da pesquisa conjunta do jornal "The Washington Post" e da rede ABC, na qual nove em cada dez entrevistados concordaram em aumentar o controle de sua aquisição.

A NRA afirma que desde que a Casa Branca anunciou a adoção de medidas para evitar a repetição de chacinas como a da escola Sandy Hook, o número de seus afiliados aumentou em 250 mil pessoas.

A NRA conta atualmente com mais de 4 milhões de membros. Sua influência no Capitólio - onde deverão ser aprovadas as medidas de Obama - é significativa devido à contribuição econômica para as campanhas eleitorais de muitos de seus sócios.

Segundo um estudo citado pelo jornal "The Washington Post", dos 435 membros da nova Câmara de Deputados 205 (47%) receberam apoio financeiro da NRA na legislatura anterior.

Dos cem senadores que se sentam atualmente na Câmara alta, 42 aceitaram contribuições dessa organização no mesmo período. Ao todo, 88% dos republicanos e 11% dos democratas que fazem parte do 113º Congresso receberam doações da NRA em algum momento de sua carreira política.

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