segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Guerra é único caminho para solucionar crise no Mali

Soldados franceses no Mali

É clássica a diferenciação entre guerras necessárias e guerras opcionais. As primeiras se definem porque não há outra opção: a guerra é o único caminho para evitar um mal maior que está perfeitamente garantido caso não se faça nada. As guerras optativas respondem a uma decisão política que conduz a preferir a guerra à diplomacia, às sanções ou à negociação.

O que a França empreendeu em Mali pertence ao primeiro tipo, das guerras necessárias, embora boa parte dos países europeus e da comunidade internacional pareçam se comportar como se fosse do segundo, uma guerra opcional francesa na qual seus interesses não estão em jogo. Não é assim. O presidente francês mandou seus aviões e seus soldados ao Mali porque não havia outra resposta possível ao avanço das colunas insurgentes. Nada podia ser negociado nem havia com quem negociar. A diplomacia não pode desempenhar nenhum papel, nem pode dissuadir as katibas islamistas de continuarem a cometer crimes de guerra e de lesa-humanidade, atacando e expulsando a população e impondo a sharia islâmica mais rigorosa como método de dominação.

A guerra conta com a cobertura legal interna do governo de Bamako, que pediu a intervenção militar urgente para evitar que os rebeldes islamistas do norte cheguem à capital e se apoderem do país inteiro. Também com cobertura multilateral internacional, através da resolução 2085 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada por unanimidade em dezembro passado, com os votos da Rússia e China.

A guerra necessária é uma guerra justa. É a causa, bem delimitada pela própria resolução da ONU, de restaurar a integridade territorial do Mali e evitar assim que o país saheliano se consolide como um Estado terrorista. Cabe qualificá-la de defensiva, tanto para os malineses que sofrem o regime de terror islâmico no norte e a ameaça de sua extensão ao sul, como para os países vizinhos e, inclusive, os europeus, tal como demonstrou sua extensão para a Argélia pela ação sangrenta do bando de Mojtar Belmojtar na indústria de gás de In Amenas. Não é uma guerra pela energia, tal como diz uma crítica antibelicista típica, mas sim uma guerra na qual está em jogo a segurança energética dos europeus.

O maior paradoxo desta guerra é que só a França está empenhada, como se esta crise fosse um tema regional, de calibre menor para os Estados Unidos e para a Aliança Atlântica, comprometida por sua vez no distante Afeganistão. Não é assim, de forma alguma, para a União Europeia, que a enfrenta quanto ainda não acabou de sair da crise do euro e tem dificuldades evidentes de se reconhecer e atuar como agente de estabilidade e segurança, não mais no mundo, mas simplesmente no entorno regional onde se encontram as fontes de petróleo e gás que chegam aos lares europeus.

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