sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Comissão da Verdade de SP quer rever brasão da PMESP
Uma das 18 estrelas do símbolo da corporação celebra golpe de 1964
Referência ao episódio que instaurou a ditadura militar no país foi criada durante o governo de Paulo Maluf, em 1981
A Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo vai propor a revisão do brasão de armas da Polícia Militar paulista. Desde 1981, o símbolo presta homenagem ao golpe de Estado de 1964, que implantou a ditadura militar no país.
O brasão contém 18 estrelas que, segundo o site da PM, representam "marcos históricos da corporação". De acordo com a página, a 18ª estrela é uma referência à "Revolução de Março". O termo "revolução" é usado por militares que negam que houve uma ditadura no país de 1964 a 1985.
Em janeiro de 2012, a Folha noticiou que os sites da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e da PM tratavam o golpe como "Revolução de Março". A pasta retirou a expressão no mesmo dia; a PM a manteve.
"A Comissão da Verdade pretende sugerir a revisão e análise do significado dessas estrelas", disse o deputado Adriano Diogo (PT), presidente do colegiado paulista.
Segundo ele, os caminhos formais para sugerir uma revisão no símbolo ainda serão discutidos com os integrantes da comissão.
Criado em 1958 pelo então governador Jânio Quadros, o brasão de armas da PM foi alterado em 1981, na gestão de Paulo Maluf, que acrescentou a 17ª e a 18ª estrelas.
Além do golpe de 1964, estão representadas no brasão outras ações repressivas realizadas pelas Forças Armadas em episódios controversos, como a Guerra do Paraguai (1864 a 1870), que devastou o país vizinho, e a revolta de Canudos (1897) no sertão baiano, que dizimou todos os participantes do movimento.
Há ainda estrelas em homenagem às repressões à Revolta da Chibata (1910) e ao levante dos 18 do Forte de Copacabana (1922).
Procurada, a assessoria de comunicação da Polícia Militar informou que não comentaria o assunto por se tratar de um tema "de natureza política".
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