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Seu silêncio começava a pesar. Os opositores se mobilizavam, os ministros permaneciam discretos e ele não dizia quase nada. Eis que agora ele passa à ofensiva: ao decidir lançar uma petição nacional sobre o "casamento para todos" e dirigir uma carta aos parlamentares a favor do direito de voto dos estrangeiros, o Partido Socialista quer mostrar que está plenamente engajado na linha de frente das reformas da sociedade. A concomitância das duas iniciativas não é fortuita. A mensagem é clara: o PS se mobilizou e faz questão de mostrar.
Várias razões explicam essa decisão. A primeira decorre da conscientização de um evidente desequilíbrio entre aqueles que há semanas se manifestavam contra tais reformas e aqueles que, embora supostamente devessem defendê-las, até então se mantinham bem discretos. Isso vale particularmente para o caso do "casamento para todos": os opositores faziam várias manifestações, as principais autoridades religiosas do país assinavam artigos na imprensa, e a UMP apoiava o movimento.
A discrição do PS, se tivesse perdurado, teria parecido uma deserção. Não se colocar na linha de frente para defender um projeto de lei apresentado pelo governo teria sido incompreensível. Deixar os outros partidos de esquerda subirem sozinhos ao front teria sido arriscado. Pouco audível desde a eleição presidencial, sobretudo por ter dedicado muita de sua energia a resolver seus problemas de governança, o PS precisava reencontrar um papel para si.
Só que se contentar em emitir diversos comunicados de apoio ao governo era insuficiente: não se mobilizam seus membros pedindo-lhes simplesmente que façam o serviço de pós-vendas da política governamental, sobretudo quando esta é considerada tímida demais por muitos militantes. Mostrar uma outra face era necessário, portanto.
Prudência
No entanto, para o PS a aposta tem seus riscos. Ao tomar a iniciativa à frente das reformas da sociedade, ele entra em um território que, entre suas próprias tropas, não é unanimidade. Mais exatamente, ele rompe com uma estratégia que assumiu como sua desde a campanha presidencial e que consiste em manter discrição sobre esses temas. Quando candidato, François Hollande sempre evitou em colocá-los em primeiro plano. Embora eles tenham feito parte de seu programa, não foram alvo de discursos veementes de sua parte.
E, desde que se tornou presidente, era com grande prudência que ele os abordava até então: as palavras muito cuidadosas que ele pronunciou sobre o direito de voto dos estrangeiros durante sua coletiva de imprensa de 13 de novembro são prova disso; suas declarações contorcidas sobre "a liberdade de pensamento" deixada aos prefeitos em se tratando do casamento de homossexuais são outra.
A dimensão pessoal não deve ser ignorada: todos sabem que as questões de sociedade não são as que mais empolgam François Hollande. Mas a explicação é antes de tudo política: preocupado com as divergências que fragmentam a sociedade, o presidente é muito reticente à ideia de iniciar debates que, segundo ele, só podem aprofundá-las; atento ao estado da opinião pública, ele teme que os franceses o acusem de tentar desviar a atenção ao decidir voltar os holofotes para questões consideradas secundárias em relação a problemas econômicos e sociais.
Portanto, o PS está ocupando uma posição delicada: de simples porta-voz do Executivo, agora ele passa a ser o batedor, se não o aguilhão, ao apostar em ser novamente audível por seu eleitorado. Mas com o risco de evidenciar as reticências do governo.
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