Judeus constroem uma casa no assentamento de Havat Gilad, na Cisjordânia |
No conflito entre Israel e Palestina, a Europa foi precursora, mas uma única vez. Com sua Declaração de Veneza de 1980, ela foi a primeira a propor o princípio de uma solução baseada em dois Estados: a criação de um Estado palestino – na Cisjordânia, em Gaza e na parte oriental de Jerusalém – ao lado do Estado de Israel.
Trinta e dois anos mais tarde, a UE (União Europeia) está traindo essa política, renegando suas promessas, reduzindo-as a uma pura hipocrisia retórica. É uma situação tão patética quanto lamentável, sobre a qual ninguém fala em Bruxelas – e contra a qual a França deveria ter se indignado durante a visita do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu a Paris, esta semana.
Corajosa e visionária, a Declaração de Veneza se pronunciava a favor da autodeterminação dos palestinos e da abertura de negociações com seu movimento nacional, a OLP. Um duplo tabu foi quebrado, bem antes que os Estados Unidos se alinhassem a essa posição, em 1993, com os chamados Acordos de Oslo.
Logicamente, a política europeia pressupõe uma condenação indiscutível às colônias israelenses nos territórios palestinos. E é essa a linha oficial que se mostra em Bruxelas: esses assentamentos são “ilegais em relação ao direito internacional; eles constituem um obstáculo à instauração da paz; eles podem tornar impossível uma solução baseada na coexistência de dois Estados”.
Palavras vãs. A Europa na verdade tem participado dos assentamentos israelenses na Cisjordânia. Ela facilita o controle de aproximadamente 40% desse território por Israel. É cúmplice de um reforço contínuo da presença israelense que impede a retomada de uma negociação séria entre as duas partes.
Tais são as conclusões de um relatório elaborado por 22 organizações intergovernamentais europeias. Elas pertencem a países que são todos amigos de Israel e pretendem continuar sendo, com razão. Avassalador para a União Europeia, esse documento tem o prefácio escrito pelo ex-comissário europeu para as Relações Exteriores, Hans van der Broek – um homem insuspeito de manobras extremistas.
O relatório estabelece que a UE importe mercadorias de forma maciça – produtos agrícolas e industriais – provenientes dos assentamentos israelenses. Dessa forma, a Europa sustenta a “viabilidade” dos assentamentos, diz o relatório, e facilita sua expansão.
Essas importações vêm carimbadas “Made in Israel”. Bastaria que a Europa exigisse uma rotulação mais específica, mas ela não o faz. Ela está errada, pois não ajuda nem os israelenses nem os palestinos. Ela contribui assim para uma mudança que está atacando a própria ideia de um Estado palestino em um território viável e contínuo.
A Europa apoia esse perigoso fenômeno que é a banalização total do movimento de colonização que está em andamento. Este não suscita mais condenações formais da Europa e dos Estados Unidos. Como se tivessem enterrado a esperança de um Estado palestino.
Tanto iankSS,qto ao Eropeus+UE, são hípocritas, cínicos...ñ são confiáveis.Trágico.Sds.
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