quarta-feira, 14 de março de 2012
França anuncia que vai reduzir seu efetivo militar no sul do Líbano
A França quer reduzir de maneira significativa seus efetivos militares na Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul): no início de abril, graças às tropas de auxílio, o contingente terá uma redução de 400 soldados, passando dos 1.300 de hoje para 900.
Motivada pela situação local e por considerações orçamentárias, essa decisão nacional fará parte da nova “revisão estratégica” do emprego dos capacetes azuis no sul do Líbano, decidida pela ONU em 2011. O relatório do secretário-geral Ban Ki-moon seria comunicado aos 15 membros do Conselho de Segurança na terça-feira (13). “A ideia era pensar em meios de tornar essa missão ainda mais eficaz”, resume um diplomata em Nova York.
Os efetivos da Finul haviam sido reforçados após a guerra do verão de 2006 entre o movimento xiita Hezbollah e Israel. O sul do Líbano conta hoje com 12 mil soldados internacionais e 4.000 libaneses. A França, segunda maior contribuidora depois da Indonésia, há muito tempo pressionava para que a força de manutenção da paz, criada em 1978, mudasse. Com seus 36 participantes, a operação sofre de forte inércia. Os italianos já retiraram um batalhão no verão de 2011. Os europeus garantem, no entanto, que eles continuarão a fornecer um terço dos efetivos.
A situação no local não necessita mais do controle instaurado em 2006. Os tiros de foguetes na direção de Israel praticamente cessaram. A Finul tem sido cada vez menos atacada. Enquanto a região se agita, as forças presentes mantêm a paz no pequeno território situado ao sul do Rio Litani. “Minha vontade é de dissociar o Líbano daquilo que se passa na Síria”, declarou ao “Le Monde” o primeiro-ministro libanês Najib Mikati, em visita oficial a Paris em fevereiro.
A Finul não poderia ser mobilizada em caso de contágio da crise síria. Em seu relatório, Ban Ki-moon ressalta que a ação não tem por objetivo “rever o mandato da Finul, o número autorizado de seus efetivos ou suas regras de intervenção”. Ele observa que “as duas partes (Israel e Líbano) concordam ao pensar que a Finul deve permanecer e que a missão deve, na medida do possível, manter seus efetivos, sua composição e seu desdobramento na zona de operações”.
O relatório traz diversas recomendações, entre elas a aceleração do diálogo entre a Finul e as Forças Armadas Libanesas (FAL), que a ONU está ajudando a ganhar poder. As FAL dispõem, há dois anos, de uma brigada no sul do país. E se a crise síria recentemente mobilizou uma parte de seus efetivos no norte (mil homens), agora elas são capazes de agir em todo o território, afirma Paris.
No plano operacional, “a possibilidade de um ajuste no número de tropas” é levantada no relatório do secretário-geral, dentro do limite autorizado de 15 mil militares, e em função da situação no local. “Com esse fim, e de um ponto de vista estritamente militar, foram feitas observações visando uma diminuição das forças, e não uma redução de suas capacidades”, diz o relatório.
O contingente francês, somente a partir da base de Dayr Kifa, continuará a garantir o papel de Força de Reação Rápida para a Finul. Paris conservará também o posto de chefe do estado-maior. Depois de retirar seus últimos tanques Leclerc em 2011, o exército vai repatriar uma companhia de combate e seus quatro canhões ultramodernos Caesar. Apresentados como “a força de dissuasão da Finul”, eles não deram nenhum tiro em um ano e meio. Os equipamentos de radar capazes de detectar a origem de eventuais tiros de foguetes serão mantidos.
Treinamentos comuns
A cooperação bilateral foi fortemente estimulada em 2011. A França entregou material ao Líbano por 4,5 milhões de euros, contra 25 mil euros em 2010: duas lanchas de desembarque, munições leves, coletes à prova de balas. Chegou a se falar na entrega de granadas e de mísseis antitanque HOT para os helicópteros libaneses. Essas entregas não ocorreram, em razão das preocupações que elas suscitavam em Israel e da situação regional.
Formações e treinamentos comuns foram multiplicados. A cooperação de defesa do ministério das Relações Externas e a assistência às forças de segurança internas libanesas receberam um orçamento de 2,5 milhões de euros. “Não vamos nos retirar, a cooperação bilateral continua”, é a mensagem que Paris quer passar a Beirute. Prova disso é o grande exercício militar anfíbio franco-libanês “Cedro azul”, que oportunamente começa a partir de terça-feira.
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