sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Cameron argumenta contra a independência escocesa


Alex Salmond (esq), primeiro-ministro da escócia e David Cameron, premiê britânico


Argumentando que os laços centenários que unem o Reino Unido estão ameaçados pelo separatismo escocês, o primeiro-ministro David Cameron viajou para Edimburgo na quinta-feira para realizar um discurso e se encontrar com o primeiro-ministro Alex Salmond, no que é visto em Londres como o primeiro round de uma batalha mais longa a respeito do referendo sobre a independência da Escócia.

“Eu venho aqui hoje com uma mensagem simples”, disse Cameron. “Eu espero e desejo que a Escócia vote por permanecer parte do Reino Unido. Eu acredito que Inglaterra, Escócia, País de Gales e a Irlanda do Norte são mais fortes juntos do que jamais seriam separados.

“É hora de dizer algo, sejam quais forem as consequências, porque algo muito especial está em risco –os laços que nos unem no país que chamamos de lar.”

A reunião marcada com Salmond foi a primeira desde que o líder escocês, cujo Partido Nacional Escocês triunfou nas eleições do ano passado, deu o passo formal inicial no mês passado para um referendo que, espera seu governo, lhe dê um mandato pelos 5 milhões de habitantes da Escócia para que o país se retire do Reino Unido em até cinco anos.

Mas Cameron e outros líderes britânicos contestam muitos dos termos que Salmond está buscando para a votação, como a redução da idade para votar, a data da votação e a natureza da questão que será feita aos eleitores escoceses. A Escócia e a Inglaterra estão unidas de a Lei da União de 1707 e Cameron declarou: “Eu sou unionista de cabeça, coração e alma”.

“Eu tenho 100% de convicção que lutarei com todas minhas forças para manter a unidade de nosso Reino Unido”, disse Cameron. “Para mim, não se trata de alguma questão de política, estratégia ou cálculo –importa à cabeça, coração e alma. Nosso lar compartilhado está sob ameaça e todo mundo que se importa a respeito precisa se manifestar.”

Alguns de seus comentários foram divulgados com antecedência por seu gabinete.

Salmond sugeriu o final de 2014 como momento para o referendo –o 700º aniversário de uma famosa vitória escocesa sobre a Inglaterra na Batalha de Bannockburn– e deseja que jovens de 16 anos tenham o direito de votar, dois anos mais jovens do que no momento. Ele também está pressionando para que o referendo faça duas perguntas diferentes, para estabelecer se os eleitores querem independência, maior autonomia ou nenhuma das duas.

Mas Cameron está pedindo por uma única pergunta sobre a independência e uma data mais cedo para a votação.

Cameron argumentou na quinta-feira que fazer parte do Reino Unido torna o país “mais forte, mais seguro, mais rico e mais justo”.

“Nós somos mais fortes, porque juntos temos mais peso no mundo, uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, influência real na Otan e na Europa e uma influência única junto aos aliados em todo o mundo”, disse Cameron. “Nós ficamos mais seguros, porque em um mundo cada vez mais perigoso, nós temos o quarto maior orçamento de defesa do planeta, forças armadas soberbas e capacidades de segurança e antiterrorismo que se estendem por todo o globo, são temidas por nossos inimigos e admiradas por nossos amigos.”

“Somos mais ricos, porque dentro do Reino Unido, os 5 milhões de habitantes da Escócia fazem parte de uma economia de 60 milhões, a sétima economia mais rica do planeta e uma das maiores potências de comércio do mundo”, ele disse.

Por sua vez, Salmond diz que a Escócia ficará melhor com acesso livre aos seus próprios recursos. Na noite de quarta-feira, ele disse para uma plateia em Londres que, com acesso exclusivo ao petróleo do Mar do Norte, que também é reivindicado pelo Reino Unido, a Escócia poderia formar um fundo soberano de energia no valor de mais de US$ 45 bilhões em 20 anos.

“O debate sobre a independência se trata de olhar à frente e criar um futuro melhor para a Escócia”, ele disse.

Salmond também disse que o referendo é uma questão que apenas a Escócia deve orquestrar, rejeitando as afirmações dos ministros britânicos de que seu governo não tem autoridade para fazê-lo.

Um porta-voz dele disse que o “ponto chave” é que “os termos do referendo devem ser decididos na Escócia”.

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