sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Governador Henrique Capriles se perfila como líder de oposição a Hugo Chávez


Opositores fazem pacto de união diante das presidenciais de outubro na Venezuela

Henrique Capriles Radonski

O governador do estado de Miranda, Henrique Capriles Radonski, continua somando votos para se transformar no candidato único da oposição que enfrentará Hugo Chávez nas presidenciais do próximo 7 de outubro. Na terça-feira (24), o ex-prefeito Leopoldo López, que até o momento aparecia em terceiro lugar nas pesquisas, renunciou em favor de Capriles, que ocupa o primeiro lugar nas intenções de voto. O candidato opositor será decidido nas eleições primárias de 12 de fevereiro, nas quais competirão cinco líderes da oposição.

Na segunda-feira à noite, no final de um debate televisivo entre os aspirantes à candidatura da oposição, López disse que faria grandes anúncios "a favor da união". E na terça-feira oficializou a aliança: "[Capriles] se transforma no líder que vai nos levar à vitória em 12 de fevereiro e 7 de outubro. Henrique, irmão, estamos juntos (...) Você será o próximo presidente de todos os venezuelanos", disse o ex-prefeito durante uma entrevista coletiva com Henrique Capriles.

Leopoldo López - ex-prefeito do município de Chacao, 40 anos - oficializou suas ambições presidenciais em setembro de 2011, quando a Corte Interamericana dos Direitos Humanos ditou uma sentença a favor do restabelecimento de seus direitos políticos. Em 2008 López foi objeto de uma sanção administrativa que o impedia de se candidatar a cargos públicos até 2014 e que o desabilitou para eleições regionais em 2008, nas quais se havia candidatado a prefeito de Caracas. Desde então o Estado venezuelano insistiu em não acatar a decisão do tribunal.

"Pediam-nos que nos uníssemos? Aqui estamos, unidos", respondeu Capriles ao gesto de López. Os dois dirigentes iniciaram suas carreiras no partido de centro-direita Primeiro Justiça, e pertencem à geração política que hoje está na faixa de 40 anos. "Em 13 de fevereiro começa uma etapa da renovação política na Venezuela. Não se trata simplesmente de mudar uma pessoa [o presidente], trata-se de construir um país melhor", disse Capriles. Tanto a campanha de Capriles como a de López se concentraram em transcender o voto duro da oposição, que se situa em cerca de 4 milhões de eleitores, e conquistar a simpatia dos que tradicionalmente seguiram Chávez, mas não querem que ele se perpetue no poder.

Com López fora da roda, restam cinco candidatos que se medirão nas eleições primárias convocadas pelas mesas da União Democrática - integrada por cerca de 20 partidos de oposição - em 12 de fevereiro próximo. Na cabeça das pesquisas está Henrique Capriles Radonski, governador do estado de Miranda, ex-prefeito, ex-deputado, 39 anos. Seguem-no em ordem de preferência: Pablo Pérez, governador do estado petroleiro de Zulia, pré-candidato dos partidos tradicionais Ação Democrática e Copei e delfim de Manuel Rosales, candidato à presidência contra Chávez em 2006 e exilado desde 2009. O terceiro lugar é ocupado por María Corina Machado, a candidata mais votada nas eleições parlamentares de 2010. Também disputam o ex-embaixador Diego Arria e o ex-deputado e dissidente do chavismo Paulo Medina.

Seja qual for o resultado das primárias, todos os candidatos se comprometeram a apoiar o que receber mais votos. Com exceção de Diego Arria, todos subscreveram na segunda-feira um Programa de Governo de União Nacional, que foi elaborado por mais de 30 organizações civis. Esse documento resume as linhas fundamentais que seriam desenvolvidas por um eventual governo de oposição: as reformas políticas e institucionais que efetuariam entre 2013 e 2019; a herança da organização social promovida pelo chavismo, que resgatariam; a política petrolífera e energética de um hipotético novo regime, entre outros assuntos. Algumas das promessas da oposição são: resgatar o equilíbrio dos poderes públicos e a independência do exército; reforçar os conselhos comunitários utilizados hoje como organização de base do chavismo; incrementar a participação privada na exploração de petróleo; e retomar o processo de descentralização, truncado durante os 13 anos de governo Chávez.

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