quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

"O país sofre há 62 anos uma violência irracional", diz vice-presidente da Colômbia


Angelino Garzón

Um dos primeiros gestos de mudança de Juan Manuel Santos ao se candidatar à presidência da Colômbia foi escolher um ex-sindicalista como candidato a vice-presidente. Angelino Garzón (nascido em Buga em 1946) considera fundamental na luta contra a guerrilha o respeito aos direitos humanos. Garzón, que se candidata à presidência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), destaca a mudança ocorrida nas relações com a Venezuela para acabar com as Farc.


El País: O que aconteceu para que Hugo Chávez tenha passado a exigir o reconhecimento das Farc como "força beligerante" e a afirmar que lutará para impedir que a guerrilha desestabilize a Colômbia?
Angelino Garzón: Desde que o presidente Santos chegou ao poder, tentou reforçar as relações com Venezuela e Equador, o que nos permitiu o restabelecimento de relações diplomáticas com os dois países e encontrar mecanismos de trabalho conjunto na luta contra o crime organizado, seja guerrilha, bandos criminosos, paramilitares ou o narcotráfico. Mas além da posição política de cada um a ilegalidade põe em perigo a estabilidade do Estado. Temos com a Venezuela 2 mil quilômetros de fronteira comum. É uma realidade que nos obriga a buscar o entendimento.


El País: Nos últimos meses seu governo aplicou duros golpes contra as Farc, mas estas responderam com especial crueldade, ao assassinar quatro de seus reféns mais antigos. Santos conseguirá acabar com a guerrilha durante seu mandato?
Garzón: Isto é uma política de Estado. É preciso garantir à população o direito a viver em paz e bem-estar, e toda organização ilegal atenta contra esse direito. Embora tenhamos avançado muito, estamos conscientes de que têm capacidade de causar danos, e, portanto, temos de continuar desse processo. O assassinato dos policiais e soldados sequestrados foi covarde porque a guerra tem limites, e as Farc os ultrapassaram.


El País: E como seu governo encara a luta contra a guerrilha?
Garzón: A guerrilha não tem qualquer perspectiva em nosso país. Nem as organizações armadas, sejam paramilitares, bandos criminosos ou o narcotráfico. Temos como política de Estado a luta de todos os dias contra essas organizações. Obviamente, essa luta será feita respeitando os direitos humanos e também prestando atenção a outros pontos não menos importantes, como a pobreza, a miséria, o desemprego, a corrupção e a impunidade.


El País: Continua havendo algum substrato de apoio à guerrilha?
Garzón: Eu diria que 99,8% dos colombianos querem viver em paz. Há 62 anos sofremos uma violência irracional. Na manifestação se verá a sociedade civil condenando o terrorismo, os sequestros e exigindo seu direito a viver em paz. É um não rotundo contra a violência.

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