segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Italianos registram tomada de Bab al-Aziziya
Oito dias depois da tomada da capital da Líbia, Trípoli, os rebeldes recusaram, neste domingo, uma oferta do ditador Muammar Kadhafi para negociar a transição no país. A notícia foi divulgada pela agência de notícias Associated Press - que atribuiu a oferta a um dos filhos de Kadhafi, Saadi. Os enviados especiais da Rede Globo, Marcos Uchôa e Edu Bernardes visitaram, neste domingo, um hospital, onde foram encontrados quase 200 corpos.
Ele é o maior hospital para emergência de Trípoli e fica no bairro onde foram travados os combates mais violentos. Nos cinco dias de combates, os feridos eram levados para lá. Só que os médicos e enfermeiros tinham fugido. As pessoas ficaram abandonadas, sangrando até morrer.
Os enviados especiais da Rede Globo entraram para ver como ficou o hospital. Mesmo com a falta d’água, eles conseguiram fazer uma boa limpeza. Eles lavaram tudo, pois existiam quase 200 corpos ali. São muitas marcas de sangue por todos os lados.
Um homem que trabalhava no hospital explicou por que eles tiveram que fugir. Segundo o relato dele, os francos atiradores de Kadhafi chegaram no hospital e iam matando todos que estavam lá. Houve execuções, além da morte dos que chegaram feridos.
“Quando se for lembrar na história tudo que aconteceu na revolução da Líbia, existe um momento simbólico, que é a tomada da fortaleza de Bab al-Aziziya que é onde Muammar Kadhafi controlava todo país. Todas as pessoas que viram esse ataque, como o Cristiano, que é italiano, o Elio Colavolpe, que também é italiano, estavam com os rebeldes quando os rebeldes chegaram, quer dizer, foram os primeiros dos primeiros e eles que vão contar pra gente como foi realmente essa histórica conquista do poder pelos rebeldes”, apresenta o repórter Marcos Uchôa.
O repórter pergunta como foi essa chegada. Elio diz que esperaram o fim do bombardeio dos aviões da Otan, que foi muito difícil passar pelo primeiro portão e que era um grupo de cerca de 300 homens no ataque. A maioria deles era de ex-soldados de Kadhafi que tinham se revoltado contra o regime.
Imagens feitas pelos dois mostram os rebeldes momentos antes da tomada da fortaleza do ditador. Ainda havia um segundo e um terceiro portões a serem ultrapassados. Elio diz que viu a morte de quatro homens na hora do ataque.
Foi um avanço totalmente desordenado. Mas impulsionado com o ânimo para conseguir entrar. Eles não param de atirar.
Cristiano lembra que, na verdade, nessa hora, não se vê muita coisa, porque o instinto é se proteger e também porque tinha muita fumaça e cheiro de explosivos.
Os feridos vão ficando pelo caminho. Elio diz que todos se espalharam pela área e recebiam muitos tiros de franco atiradores escondidos atrás das árvores. Enquanto falávamos, os rebeldes passam e, a todo momento, comemorando. Mas os tiros hoje são de alegria.
Eles caminham tranquilamente por um local onde tiveram muita coragem para ver e sobreviver a tudo.
Buzinas, grito e tiros de festa. É o que se vê hoje. Mas naquele dia muitos morreram. Muitos foram presos. Os que lutaram pelo ditador.
E a cena realmente histórica que esses dois italianos gravaram. Foi de 300 homens ocupando o prédio inteiro. Era o fim de 42 anos de sofrimento.
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