segunda-feira, 15 de novembro de 2010

EUA ajustam a mensagem: tropas estarão no Afeganistão em 2014

Soldados dos em uma base perto da aldeia de Sablaghay na província de Kandahar,
no Afeganistão, no dia 24 de outubro de 2010
O governo Obama está cada vez mais enfatizando a ideia de que os Estados Unidos manterão forças no Afeganistão até pelo menos o final de 2014, uma mudança de tom visando persuadir os afegãos e o Taleban de que não haverá retirada significativa de tropas americanas no ano que vem.

 Em um recuo do prazo apresentado pelo presidente Barack Obama de julho de 2011 para início da retirada americana do Afeganistão, o secretário de Defesa, Robert M. Gates, a secretária de Estado, Hillary Rodham Clinton, e o almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, todos citaram 2014 nesta semana como data chave para transferência da defesa do Afeganistão aos próprios afegãos. Implícito na mensagem deles, dada em uma conferência de segurança e diplomacia na Austrália, estava de que os Estados Unidos continuariam a combater o Taleban no Afeganistão por pelo menos mais quatro anos.

 Funcionários do governo disseram que os três fizeram comentários vagamente coordenados na conferência, realizada em Melbourne, para tentar convencer os afegãos de que os Estados Unidos não se retirarão no próximo ano e alertar o Taleban de que as atuais operações agressivas contra ele continuarão. Apesar de Obama e de funcionários do governo terem dito repetidamente que julho de 2011 seria apenas o início da retirada das tropas americanas, o Taleban promoveu com sucesso o prazo entre o povo afegão como sendo uma saída em grande escala dos 100 mil soldados americanos atualmente no país.

“Realmente não há nenhuma mudança, mas o que estamos tentando fazer é superar essa obsessão por julho de 2011, para que as pessoas possam ver o que realmente implica a estratégia do presidente”, disse um alto funcionário do governo na quarta-feira.

 Na Austrália, Gates disse aos repórteres que o Taleban ficará “muito surpreso em agosto, setembro, outubro e novembro, quando a maioria das forças americanas ainda estiver lá e ainda os estiver perseguindo”.

 A mudança da mensagem representa uma vitória para as forças armadas, que há muito dizem que o prazo de julho de 2011 mina sua missão, ao deixar os afegãos relutantes em trabalhar com tropas que consideram que partirão em breve.

“Eles dizem que partiremos em 2011 e o Taleban cortará suas cabeças”, disse a cabo Lisa Gardner, uma marine baseada na província de Helmand, a um repórter no segundo trimestre.

 Em meados deste ano, o general James T. Conway, na época comandante do Corpo de Marines, chegou até mesmo a dizer que a manchete “provavelmente está dando sustento aos nossos inimigos”.

No ano passado, a Casa Branca insistiu no prazo de julho para injetar um senso de urgência nos afegãos para que colocassem sua segurança em ordem –oficiais militares reconheceram que isso funcionou em parte– mas também para calar os críticos no Partido Democrata, incomodados com a escalada da guerra por Obama e sua decisão de enviar 30 mil soldados adicionais ao país.

 Na quarta-feira, a Casa Branca insistiu que não houve mudança de tom.

“A velha mensagem era, nós esperamos iniciar a transição em julho de 2011”, disse um funcionário da Casa Branca. “Agora estamos dizendo às pessoas o que acontecerá além de 2011, e não acho que isso signifique uma mudança. Nós estamos dando mais clareza às políticas de nosso futuro no Afeganistão.”

Como a maioria das pessoas envolvidas no assunto, o funcionário pediu anonimato, porque uma revisão da estratégia de Obama no Afeganistão está em andamento e as pessoas envolvidas estão relutando em falar abertamente aos repórteres.

A data de 2014 será um foco no encontro de cúpula da Otan que contará com a presença de Obama, na semana que vem em Lisboa, Portugal, onde será apresentado à aliança um plano de transição, elaborado pelo general David H. Petraeus, o mais alto comandante da Otan no Afeganistão, que pede pela transferência gradual da responsabilidade pela segurança aos afegãos, em quatro anos. Funcionários do governo disseram que o documento não apresenta prazo para a retirada de um número específico de tropas, em vez disso apresentando as condições que teriam que ser atendidas nas províncias cruciais para que as forças da Otan possam transferir a segurança aos afegãos.

 Funcionários do governo enfatizaram que a data de 2014 foi estabelecida pelo presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, que a mencionou em seu discurso de posse no final do ano passado e, novamente, em uma conferência em Cabul há poucos meses.

 Os funcionários também reconheceram que a data de 2014 foi baseada na suposição de que as forças armadas americanas seriam bem-sucedidas o suficiente no combate ao Taleban a ponto de retiradas significativas já estarem em andamento àquela altura. Nas últimas semanas, comandantes em algumas partes do Afeganistão informaram que o Taleban perdeu parte de seu impulso, mas as autoridades em Washington, apesar de encorajadas, se mostraram céticas ou relutantes em dizer que isso se traduzirá em um sucesso estratégico.

Michael O’Hanlon, um membro sênior da Instituição Brookings que esteve pela última vez no Afeganistão em setembro, disse que a data de 2014 faz sentido, porque o exército afegão e a polícia deverão crescer em número para 350 mil, a meta deles, até 2013. Atualmente o número deles é de aproximadamente 255 mil.

“É justo permitir que muita coisa aconteça, mesmo assim ainda está muito próximo para acabar com o mito da ocupação estrangeira do país por tempo indeterminado”, disse O’Hanlon.

Mas Gates disse que os Estados Unidos ainda assim estarão no Afeganistão por muitos anos.

Um comentário:

  1. Puro teatro. O que quase ninguém sabe, pois a maior parte da imprensa esconde, é que é o próprio EUA que financia o Taleban:

    Tradução do artigo da Reuters (link para o original no post)

    http://blog.antinovaordemmundial.com/2009/08/reuters-quem-esta-financiando-o-taleban-voce-nao-iria-querer-saber/

    Esta guerra não foi planejada para acabar, precisam manter o inimigo fortalecido, e grande parte do dinheiro do Taleban vem diretamente dos EUA. E você pode ter certeza que a Al-Qaeda é a mesma coisa. A diferença é que foi a própria CIA que criou a Al-Qaueda, pesquisem, existem fortíssimas evidências disto.

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