quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Israel deve paralisar construção de assentamentos por mais dois meses

Benjamin Netanyahu e Mahmud Abbas negociam a paz entre israelenses e palestinos
A pressão dos EUA teve efeitos sobre Benjamin Netanyahu. O primeiro-ministro israelense parece disposto a estabelecer uma nova moratória de dois meses sobre a ampliação de colônias nos territórios ocupados, para evitar que as conversações de paz com os palestinos se rompam poucas semanas depois de seu reinício. Mas uma parte substancial do governo se opõe. A questão ameaça a estabilidade da coalizão de Netanyahu.

A moratória marca a linha de divisão na política israelense. Os que se opõem a ela esperam herdar de alguma forma a posição que costumava ocupar o próprio Netanyahu como defensor do ultranacionalismo e da colonização da Cisjordânia.

A reunião que manteve na terça-feira o chamado "grupo dos 7", o núcleo do governo, revelou as tensões internas e as dificuldades do primeiro-ministro. Na segunda-feira, Netanyahu tinha anunciado o cancelamento de vários atos previstos para a terça com o fim de dedicar a jornada a convencer o "grupo dos 7" de que valia a pena tentar uma breve moratória. Mas ao fim da reunião um porta-voz oficial declarou que Netanyahu e os ministros só haviam discutido uma suposta "campanha de deslegitimação internacional" contra Israel. Na realidade, Netanyahu encontrou resistência dos ministros de seu próprio partido, o Likud. E antes de provocar uma crise preferiu dar-se um respiro e voltar a tentar hoje.

Já resta muito pouco tempo para salvar as negociações. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e a Organização para a Libertação da Palestina deixaram muito claro no sábado que não haveria novos contatos com Netanyahu enquanto Israel construísse nos territórios ocupados, mas abriram um compasso de espera até que a Liga Árabe tomasse uma decisão definitiva. A Liga deveria reunir-se na segunda-feira, depois quarta e agora está convocada para sexta-feira. Não parece provável que haja mais adiamentos.

A chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, telefonou para Netanyahu no domingo e lhe informou que a Casa Branca tem o máximo interesse em manter vivas as negociações. Em troca de alguns meses de moratória, lhe ofereceu armamento e garantiu que Washington exigirá que Abbas aceite o estabelecimento de bases militares israelenses na margem do Jordão, isto é, dentro de um hipotético Estado palestino.

A pressão de Clinton se combinou com as pressões do presidente egípcio, Hosni Mubarak, que advertiu que um fracasso das negociações levaria a um grave surto de terrorismo islâmico em todo o mundo, e do rei Abdulah da Jordânia, que declarou que "as futuras gerações" seriam muito críticas aos atuais dirigentes se não aproveitarem a "oportunidade histórica" de alcançar um acordo. Mubarak, em permanente contato com Clinton, também falou com Abbas para recomendar que os negociadores palestinos mantivessem uma postura flexível.

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