quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Jobim: decisão sobre caças, só após eleições

Ministro disse, porém, que Lula escolherá modelo este ano; aeronave francesa é a preferida do governo

 O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou ontem que a decisão sobre a compra de novos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB) ficará para depois das eleições. Segundo ele, o presidente Lula deverá escolher até o fim do seu mandato qual o modelo dos caças que serão adquiridos: o Rafale, da francesa Dassault; o Gripen, da sueca Saab; ou o F-18, da americana Boeing.

Caça Rafale M, versão embarcada do Rafale F3 oferecido ao Brasil; O caça francês é o preferido do governo brasileiro

— Depois das eleições, o presidente vai analisar o assunto.

Durante as eleições não acontecerá nada. O presidente deseja tomar a decisão este ano — disse Jobim, após o fim do desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

No ano passado, o desfile contou com a presença do presidente francês Nicolas Sarkozy. Na ocasião, nota conjunta foi divulgada pelos dois governos, informando que o Brasil compraria 36 aviões da Dassault, em negócio estimado em R$ 7 bilhões.

Em janeiro deste ano, porém, relatório da FAB aconselhou aquisição do caça sueco Gripen, que, além do custo menor, prometia participação da indústria nacional no desenvolvimento tecnológico da aeronave. Por pressões políticas, a FAB recuou. Em abril, na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Jobim defendeu a compra de modelo mais caro, mas que permitisse maior transferência de tecnologia.

O caça francês é o preferido do governo brasileiro, que já disse que a escolha do modelo será uma decisão política.

O adiamento na decisão sobre a compra de caças segue o mesmo roteiro de 2002. Na época, o governo Fernando Henrique também pretendia comprar novos caças. A Força Aérea tinha analisado propostas de Rússia, Estados Unidos, Suécia e França.

A decisão foi sendo postergada até que começou a disputa eleitoral.

Fernando Henrique preferiu deixar o tema para o sucessor diante do valor elevado da compra. Logo que assumiu, Lula anunciou que desistira do negócio.

 Nova concorrência foi aberta.

A disputa passou a ser então entre os caças de França, EUA e Suécia. Os russos foram desclassificados na fase inicial. Entre viagens de Jobim aos países concorrentes e pressões diplomáticas, a definição mais uma vez foi sendo postergada. Lula impôs como condição para a escolha da vencedora a transferência de tecnologia. O governo tem a previsão de destinar mais de US$ 5 bilhões na aquisição.

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