segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Arquivos da Aeronáutica resgatam óvnis "brasileiros"

Aparições de objetos não esclarecidas nos anos 90 agora vêm a público

Especialistas, porém, criticam a Força Aérea e afirmam acreditar que ela ainda esconde papéis ultrassecretos

No dia 20 de março de 1996, cinco cidades gaúchas registraram a presença de estranhos objetos no céu.

Havia variações em cada caso, mas o denominador comum foi a dúvida levantada pelos episódios: relevantes o suficiente para serem registrados no longo compêndio da Aeronáutica sobre incidentes com óvnis.

A mais recente leva de documentos do "Arquivo X" brasileiro foi obtida pela Folha. Nela, sobressai o caso gaúcho, mas há vários outros relatos de aparições.

O episódio no Rio Grande do Sul foi documentado por sete pessoas de cidades diferentes no Estado. Em Pelotas, um médico disse ter visto um objeto maior que uma estrela e cor variada.

Em Novo Hamburgo, outro relato de uma dona de casa. Naquele dia, em Santa Cruz, uma bancária registrou ter avistado, em companhia "da vizinhança inteira", um objeto voando lentamente. Seja o que for, entrou para os arquivos "confidenciais".

Esses depoimentos estão contidos nas 793 páginas de documentos sobre óvnis recém-encaminhados pela Aeronáutica ao Arquivo Nacional. Antes sigilosos, agora os relatos vêm a público.

Eles se referem aos anos 90 e compõem o penúltimo lote de material a ser liberado pela instituição --ainda resta o dos anos 2000. Em sua maioria, são informações dadas por civis, leigos com relação ao tema.

Em comparação com materiais mais antigos (de 1952 a 1989), há menos documentos de órgãos oficiais. Nos anos 70 e 80, o SNI (órgão de espionagem da ditadura) e a Aeronáutica produziram relatórios próprios sobre óvnis.

Também não há material sobre o famoso episódio do "ET de Varginha", em 1996, pois a Aeronáutica não teria se envolvido no caso.

Os óvnis não eram (e não são) sistematicamente estudados por falta de estrutura, diz a Aeronáutica, e os relatos eram arquivados.

Existiram, porém, investimentos oficiais em casos específicos, como na "noite oficial dos óvnis", em 1986. Nesta noite, radares registraram pontos no céu na região de São José dos Campos (SP) avistados por pelo menos uma aeronave. Caças decolaram para checar. A Aeronáutica não explicou o caso, mas concluiu em relatório que os fenômenos refletiam "inteligência".

A reticência atual da Aeronáutica é alvo de críticas. "Desconfio que estejam faltando relatos ultrassecretos", diz Fernando Ramalho, presidente da Comissão Brasileira de Ufólogos.
"É apenas a ponta do iceberg", diz Ademar Gevaerd, editor da "Revista UFO".

Não há mais documentos secretos, diz a Aeronáutica, que promete repassar regularmente ao arquivo os novos relatos de óvnis.

Há controvérsias. "Se um fenômeno extraordinário acontecer, evidente que isso será mantido sob sigilo", diz o brigadeiro José Carlos Pereira, ex-comandante-geral de operações aéreas, que já coordenou o setor responsável por esses arquivos.

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