A proeza desse soldado, que cobriu com seu corpo a abertura de um forte nazista, por onde um soldado inimigo atirava com uma metralhadora, se fez conhecida em toda URSS. Na hora de conceder-lhe o título póstumo de Herói da União Soviética, Stalin qualificou-o como “exemplo de valor militar e heroísmo para todos os combatentes do Exército Vermelho”.
Alexander Matrosov nasceu em 5 de janeiro de 1924, na atual cidade de Yekaterinoslav (atualmente Dnipropetrovsk), na Ucrânia. Seus pais morreram muito cedo e desde os 6 anos de idade, Matrosov foi educado em um orfanato. Mais tarde, foi condenado a 2 anos de prisão por violar o regime de transporte e foi feito prisioneiro em uma colônia infantil de trabalho na cidade de Ufa, República de Bashkiria (Distrito atual do Volga).
Ao começar Segunda Guerra Mundial, Matrosov tentou algumas vezes ir ao front, mas suas solicitações foram rechaçadas várias vezes. Segundo uma das fontes, Matrosov escreveu ele mesmo uma petição para Stalin e que dizia assim:
“Estimado Comissário do povo!
Esse que lhe escreve é um simples trabalhador de Ufa. Aos seis anos de idade fiquei sem meus pais. Se houvesse ficado (órfão) em um país capitalista, a fome teria me matado. Más, no Estado Soviético, estão cuidando de mim, me dando uma formação e uma especialização. Por tudo isso, eu estaria muito agraciado se o Partido Comunista e o Regime Soviético, nesse momento em que a Pátria está em perigo, me permite-se protegê-la com armas nas mãos.
Aqui em Ufa, eu solicitei três vezes autorização para ir ao front, mas as três vezes me negaram. Agora tenho 17 anos, já sou quase um adulto, e creio que serei mais útil no front do que aqui. Rogo-lhe que apóie minha petição e que me envie ao front como voluntário, e se possível, que seja na Frente Ocidental, para participar da defesa de Moscou.”
Em setembro de 1942, Matrosov finalmente é chamado para integrar o Exército Vermelho. Foi enviado à escola militar juvenil para realizar um curso de formação de seis meses. No entanto, já em janeiro de 1943, junto com muitos cadetes fora enviado diretamente ao front como soldado de infantaria.
Entregou 91ª Brigada Independente de Voluntários de Kalinin. Sua unidade permaneceu certo tempo na reserva e em fevereiro foi transferida para as cercanias de Pskov (parte noroeste da Rússia) para tomar parte das operações bélicas. Em 27 de fevereiro de 1943, o batalhão de Matrosov recebeu ordens de tomar o baluarte alemão no Vilarejo de Chernushki.
O ataque soviético foi detido pelo fogo das metralhadoras que estavam escondidas em pequenas fortificações de terra. No entanto, os soldados soviéticos conseguiram destruir duas fortificações com artilharia perfurante, mas o terceiro forte resultou em ser um obstáculo duro de vencer.
O jornal Veterano (O Veterano) oferece a seguinte visão dos atos:
“Três operadores de metralhadora que tentaram rastejar até o forte de terra inimigo morreram como heróis. Então, o soldado Alexander Matrosov se levantou em direção ao comandante.
-Irei eu, disse determinado.
Debaixo de cruel fogo, Matrosov, armado com um fuzil de assalto, arrastou-se pelo solo coberto de neve, por um dos flancos do forte de terra. Sabia que cada segundo valia para o combate. Quando estava poucos metros, se levantou e atirou duas granas, uma atrás da outra no forte, que se calou por um instante. Não era mais preciso granadas e tiros de do seu fuzil no forte.
Algo pareceu explodir no forte e a metralhadora do inimigo não se ouviu mais. Em seguida, Alexander se levantou do solo e ergueu seu fuzil e gritou com toda sua força para seus companheiros: “Avante!”
Todos se levantaram ao mesmo tempo do solo nevado e se projetaram à frente. Más, ao reiniciar o ataque soviético, a metralhadora alemã começou novamente a disparar.
De repente, Matrosov se lançou e cobriu com seu corpo a fenda por onde o soldado alemão disparava a metralhadora. Foi crivado em segundos pelas rajadas da metralhadora, mas entregou valioso tempo para a avalanche de homens de seu batalhão, que conseguira transpor a posição inimiga. Desta feita, o Vilarejo de Chernushki foi tomado em poucos minutos e a bandeira da URSS foi içada.
Este feito de Matrosov se converteu em um símbolo de coragem e valor militar, de entrega e amor à Pátria. Foi postumamente nomeado Herói da União Soviética, segundo o decreto da presidência do Soviet Supremo da União Soviética de 19 de junho de 1943. Nas escolas da URSS, o sacrifício de Alexander Matrosov foi bem estudado e tradicionalmente se colocava como exemplo de sacrifício pela Pátria.
Entretanto, durante a Guerra Patriótica ocorreram cerca de 300 sacrifícios semelhantes ao sacrifício de Matrosov por parte dos soldados soviéticos. Mas de todos não se conhece quase nada. Provavelmente a história de Matrosov foi eleita pela máquina propagandística soviética em razão de se tratar de um garoto abandonado, sem família e ser procedente de um orfanato, que deu sua vida pela Pátria. Inclusive a data façanha foi mudada de 27 para 23 de fevereiro para coincidir com a festa do Dia do Exército Vermelho.
Pode ser também que esta publicidade fora somente resultado da coincidência das circunstâncias. Más, o mais importante, é que esse caso é exemplo típico de que a propaganda soviética respeitou o valor e o heroísmo, focalizando-se principalmente no valor individual e no sacrifício do indivíduo, enquanto a propaganda aliada, igual a propaganda alemã, se centrava em glorificar os soldados mais eficientes.
Em uma carta a sua noiva, um dia antes de sua morte, Matrosov escreveu: “Certamente, Lida, eu vi morrer meus companheiros. E hoje o chefe do batalhão nos contou como tombou um general: Morreu em combate com sua face para o oeste. Amo a vida e quero viver, mas o front é assim: Estais vivo e de repente uma bala de fuzil acaba com sua vida. Mas se meu destino é morrer, queria morrer como aquele general: Em combate e como meu rosto voltado para o oeste...”
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