segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ahmadinejad chama Obama para debate na TV

Ahmadinejad quer diálogo "cara a cara", de "homem para homem" com Obama

O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, propôs esta segunda-feira um diálogo cara a cara e de homem para homem com seu colega americano, Barack Obama, para falar de questões mundiais.

"Tenho que viajar em setembro a Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas. Estou disposto a me sentar com Obama, cara a cara, de homem para homem, para falar livremente sobre questões mundiais, ante os meios de comunicação, para encontrar uma melhor solução", afirmou Ahmadinejad em um discurso transmitido pela televisão estatal.

Ahmadinejad é aguardado na Assembleia Geral das Nações Unidas, no próximo mês, em Nova York.

O presidente iraniano tinha desafiado Obama a manter um debate público com ele sobre questões caras à comunidade internacional.

Em várias ocasiões, ele culpou os Estados Unidos de "desordens globais", particularmente pela crise financeira mundial.

Seu clamor, esta segunda-feira, ocorre depois de uma série de sanções punitivas impostas ao Irã pelo Conselho de Segurança da ONU e pela União Europeia sobre o controverso programa nuclear de Teerã.

Ahmadinejad criticou Obama por ter perdido o que chamou de "oportunidades históricas" para reparar as relações com o Irã, país com o qual os Estados Unidos não têm laços diplomáticos diretos há mais de 30 anos.

"Ele (Obama) disse querer fazer mudanças e nós saudamos (esta atitude). Infelizmente, ele não explorou corretamente as oportunidades históricas", disse o líder radical, acrescentando que Obama "supervaloriza os sionistas".

Em março de 2009, Obama estendeu a mão da diplomacia ao Irã, na tentativa de por um fim ao beco sem saída em que se encontravam as negociações entre os dois países, mas desde então, a animosidade entre ambos só fez piorar.

Ahmadinejad disse ter sido informado de que Obama "está sob forte pressão".

"Alguém deveria perguntar se o governo americano é dominado pelos sionistas ou se o regime sionista é controlado pelo governo americano", declarou.

Assim como os Estados Unidos, Israel não descarta um ataque militar ao Irã para deter seu programa nuclear.

Ahmadinejad, sob cuja presidência o Irã recebeu quatro pacotes de sanções por parte das Nações Unidas, permanece firme em sua decisão de desenvolver um programa de enriquecimento de urânio, o que Washington e outras potências mundiais querem que Teerã abandone.

O Irã alega que não enriquece urânio com objetivos militares, mas civis.

Sob o governo de Ahmadinejad, a animosidade entre Irã e Israel também aumentou dramaticamente, e as potências mundiais o censuraram for suas frequentes falas contra a Israel.

Diante de uma plateia animada, Ahmadinejad criticou Obama e as potências ocidentais por apoiarem Israel, a única potência nuclear não-declarada do Oriente Médio.

"Vocês apoiam um país que tem centenas de bombas atômicas e dizem 'temos que deter o Irã', que vocês dizem poder ter a bomba algum dia. Vocês estão se depreciando diante do mundo", afirmou.

Ahmadinejad reiterou que o Irã está pronto para manter conversas baseadas na "lógica" com as potências mundiais.

"O governo americano disse recentemente que está pronto para o diálogo. Ótimo, estamos prontos para conversar... Mas se vocês pensam que podem agitar o bastão para que aceitemos tudo o que dizem, isto não vai acontecer", afirmou, apoiado pela multidão.

Ahmadinejad ordenou o congelamento, até o fim de agosto, das conversas com as seis potências mundiais - Grã-Bretanha, China, França, Rússia, Estados Unidos e Alemanha - envolvidas na solução da polêmica em torno do programa nuclear iraniano. Espera-se para setembro o início das conversações.

Mas o Irã disse estar pronto para conversar em separado com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, órgão de vigilância atômica da ONU), Estados Unidos, Rússia e França sobre um acordo de intercâmbio de combustível nuclear.

No domingo, o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, disse à emissoria iraniana em língua árabe Al-Alam que o chefe da AIEA queria "organizar uma reunião" para discutir o acordo com as outras partes.

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