Estaleiro de Lürssen |
Frequentemente, o governo alemão tem atraído críticas sérias por firmar contratos referentes ao setor de defesa com os países conhecidos por terem graves deficiências democráticas. Na última jogada controversa dos alemães, a Spiegel descobriu que o novo governo de Berlim pretende garantir um importante contrato de defesa com a Arábia Saudita ao oferecer garantias de crédito para a exportação.
A informação constava de uma carta sigilosa escrita por um alto funcionário do Ministério da Fazenda endereçada ao comitê de orçamento do parlamento alemão. A carta afirma que o governo alemão pretende fornecer garantias para a pretendida exportação de mais de 100 barcos de patrulha e controle de fronteiras para o país do Golfo Pérsico, negócio cujo valor total é de aproximadamente 1,4 bilhão de euros (US$ 1,9 bilhão). Na carta, o oficial Steffen Kampeter comenta sobre a "grande importância em termos econômicos e de geração de empregos" do negócio, que inclui contratos firmados com a o estaleiro Lürssen, sediado em Bremen. Kampeter, um político do conservador da União Democrata Cristã, partido da chanceler Angela Merkel, pediu "tratamento confidencial para os termos do negócio", pois as negociações ainda estão em andamento e espera-se que haja concorrência de outros países.
Os planos são os primeiros elaborados pelo novo governo alemão, formado pelos conservadores de Merkel e pelo Partido Social Democrata (SPD), de centro-esquerda, para exportar armas para a região do Golfo. Em 2011, o governo alemão foi criticado por seus planos de vender tanques de guerra para a Arábia Saudita depois de ter ajudado os governantes do vizinho Barein a reprimir violentamente os protestos ocorridos no país durante a Primavera Árabe. Apesar de suas posições geralmente pacifistas sobre questões de segurança globais, a Alemanha também assumiu uma posição aparentemente contraditória por ser uma das maiores exportadoras de armas do mundo.
Será que o Partido Social Democrata concordou com o negócio?
O Conselho de Segurança Federal da Alemanha, um órgão formado por nove membros e composto pela chanceler e por vários ministros, cujas decisões são secretas, decidiu abrir uma investigação preliminar durante o último mandato do governo alemão, que foi liderado pelos conservadores de Merkel e pelos Democratas Livres, favoráveis às livre iniciativa e que, desde a última eleição, perderem sua posição no parlamento.
Mas o provável negócio também tem sido alvo de críticas. Thomas Oppermann, que atualmente lidera o grupo parlamentar do Partido Social Democrata, de centro-esquerda, criticou o governo anterior quando foi divulgada a notícia, no ano passado, sobre a intenção da Alemanha de vender armas para a Arábia Saudita. Para Oppermann, os conservadores queriam "atualizar totalmente" as capacidades militares do país. E, em entrevista recente, o chefe do SPD e ministro da Economia, Sigmar Gabriel, disse que pretende lidar "de maneira restrita" com as exportações de armas no futuro e que não deseja enviar instrumentos de repressão a regimes autoritários.
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