Para que serve o "Triângulo de Weimar" na Europa, que reúne a França, a Alemanha e a Polônia? Os três países muitas vezes tinham dificuldades para dar uma resposta coerente, desde que a aliança foi criada em 1991. Isso até o dia 21 de fevereiro, quando Laurent Fabius, o ministro francês das Relações Exteriores, e seus homólogos Frank-Walter Steinmeier (Alemanha) e Radoslaw Sikorski (Polônia) foram até Kiev e conseguiram de Viktor Yanukovitch e da oposição ucraniana que eles assinassem um acordo para a resolução da crise.
É verdade que este não será respeitado: não estava previsto que o presidente ucraniano deixaria o país nas horas seguintes e que a oposição tomaria o poder. Mas, pouco importa: "Nenhum de nós três teria conseguido sozinho esse acordo", resume Sikorski, que foi a Berlim no dia 31 de março para a inauguração do Instituto Jacques-Delors. Os três ministros em seguida estiveram em Weimar, onde seus predecessores haviam selado a aliança, e estava previsto que fossem juntos para Bruxelas na tarde de terça-feira, para a cúpula da Otan.
Além de uma declaração sobre a Ucrânia, eles aprovaram um texto sobre a política de vizinhança. Embora esta devesse englobar tanto o sul quanto o leste da Europa, está claro que Berlim e Varsóvia estão interessadas sobretudo no leste. Para os alemães, a política de vizinhança deve ser flexível e não mais considerada como uma imitação barata oferecida a países que não seriam bem-vindos na UE (União Europeia).
Eles sugerem que se pensem em propostas mais originais: não somente oferecer um acordo de livre-comércio com os países envolvidos, mas considerar um espaço econômico comum. Acima de tudo, a Alemanha quer evitar que o acordo de parceria leve os países em questão a escolher entre Bruxelas e Moscou.
Uma aliança sob medida
Os três países também deveriam pensar na questão da energia. Radoslaw Sikorski acredita que, "hoje, a matéria-prima estratégica é o gás". A crise com a Rússia e a vontade da UE de ser menos dependente do gás russo poderiam retomar projetos de desenvolvimento de energias renováveis ao sul do Mediterrâneo, que têm avançado com dificuldades, segundo um diplomata francês: o Desertec, conduzido por indústrias alemãs, e o Medgrid, conduzido pela França.
No entanto, os três países não pretendem mais formalizar o Triângulo de Weimar. Eles querem usá-lo quando este lhes permitir serem mais eficazes, mas nenhum deles abre mão de tomar suas próprias decisões. Antes de estourar a crise na Ucrânia, Fabius e Steinmeier haviam considerado ir juntos para quatro países sem o ministro polonês.
Na segunda-feira, Steinmeier comemorou o anúncio feito por Moscou de um início de retirada de suas tropas da fronteira com a Ucrânia. Seus homólogos da França e da Polônia estão aguardando para ver se essa retirada será efetiva ou não. Da mesma forma, o reforço da presença da Otan na Polônia e nos países bálticos --que querem isso-- foi alvo de um debate exaltado na Alemanha entre a ministra da Defesa, Ursula von der Leyen, que é a favor, e Sigmar Gabriel, vice-chanceler e presidente do Partido Socialdemocrata, contrário a tudo que possa parecer um agravamento das tensões.
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